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Com críticas de empresários e rivais, primeiro-ministro do Reino Unido se prepara para discurso decisivo
Publicado 30/09/2025 • 08:19 | Atualizado há 4 horas
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KEY POINTS
Image de arquivo. Keir Starmer defende diálogo entre Índia e Paquistão em meio à pior escalada entre Índia e Paquistão em 20 anos.
Kirsty O'Connor/ No 10 Downing Street
Raramente, ou talvez nunca, um primeiro-ministro britânico, com pouco mais de um ano no cargo e uma maioria parlamentar esmagadora, chega à conferência anual do partido com tanto em jogo.
Essa é, no entanto, a situação peculiar que Keir Starmer enfrenta nesta semana, durante a conferência do Partido Trabalhista em Liverpool. Seu partido, em grande parte posicionado mais à esquerda do que ele, exige medidas de “carne vermelha”, como acabar com o teto que limita o pagamento do benefício infantil aos dois primeiros filhos de uma família e adotar uma postura mais agressiva em relação a Israel no conflito em Gaza.
Dois partidos rivais — os Verdes e o Your Party, novo projeto de seu antecessor da ala radical, Jeremy Corbyn — ameaçam disputar esse eleitorado.
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Ao mesmo tempo, as pesquisas são lideradas pelo populista Reform Party, de Nigel Farage, cuja combinação de nacionalismo e, no campo econômico, aspirações de um Estado mais interventor, vem atraindo votos tanto de trabalhistas quanto de conservadores de centro-direita.
O empresariado, que Starmer cortejou assiduamente antes da eleição geral em julho do ano passado, está em um clima especialmente rebelde. Sua chanceler do Tesouro, Rachel Reeves, surpreendeu o setor com um aumento de £25 bilhões nos impostos sobre a folha de pagamento em seu primeiro Orçamento de Outono. Como resultado, o desemprego está em alta, as vagas de trabalho em queda e as intenções de contratação enfraquecidas.
A CBI, entidade que representa empregadores, calculou recentemente que a carga tributária sobre empresas no último ano fiscal atingiu 30,5% — a maior deste século — e deve subir ainda mais neste ano.
Um pacote de medidas para fortalecer os direitos dos trabalhadores, incluindo o fim dos contratos de “horas zero” e a concessão de direitos trabalhistas desde o primeiro dia de emprego — o que dificultará demissões — também causou preocupação no setor empresarial.
Alguns segmentos foram particularmente alienados. Diversas farmacêuticas, incluindo Merck e AstraZeneca, suspenderam ou reduziram investimentos no Reino Unido devido à insatisfação com o regime de precificação de medicamentos. Produtoras de petróleo e gás, por sua vez, estão cortando empregos após Reeves aumentar a taxação extraordinária sobre o setor.
Outras políticas também irritaram o mundo corporativo. O fim do status de “não domiciliado” deixou milhares de empresários e investidores ricos potencialmente sujeitos ao imposto sobre herança britânico — e muitos já deixaram o país, com reflexos visíveis nas finanças públicas. Agricultores enfrentam impostos sucessórios mais altos e pequenos empresários pagam mais imposto sobre ganhos de capital.
O descontentamento começou antes mesmo do Orçamento. O chamado “dia dos negócios” na conferência trabalhista do ano passado recebeu críticas depois de cobrar £3.000 de delegados corporativos para participar — sem que estes tivessem acesso a ministros do gabinete.
Este ano, portanto, a conferência — e o discurso de Starmer hoje para a militância — é uma oportunidade de virar a página.
O empresariado precisará ouvir, de forma categórica, que não haverá novas investidas inesperadas de tributação. O setor bancário, em especial, quer garantias de que não sofrerá imposições adicionais, seja por meio de outra taxação extraordinária ou pela redução da taxa de juros recebida sobre depósitos no Banco da Inglaterra — proposta já defendida por figuras importantes do Partido Trabalhista, incluindo o ex-primeiro-ministro Gordon Brown.
Também há a possibilidade de algumas surpresas positivas. O setor de petróleo e gás se animou com relatos de que o partido pode suavizar sua política atual — a proibição de novas licenças de exploração no Mar do Norte — permitindo novos poços em áreas já licenciadas, o que poderia reativar a atividade. O setor de pensões e investimentos, por sua vez, gostaria de ouvir a promessa de que não haverá mudanças nesta legislatura no regime tributário que incentiva a poupança para aposentadoria e permite saques isentos de impostos.
A longo prazo, também há apetite por reformas que tornem a economia britânica mais competitiva.
Isso foi resumido em uma carta publicada na segunda-feira no Financial Times por Rick Haythornthwaite, presidente do NatWest Group, que escreveu:
“O diálogo deve agora se voltar para os mecanismos de simplificação que podem restaurar a progressividade tributária, apoiar as metas de longo prazo de emissão zero, tornar o investimento irresistível e o trabalho mais recompensador, liberar capital doméstico, gerar liquidez habitacional e modernizar a Receita britânica.”
Mas há outro público-chave que também estará ouvindo: o mercado de títulos.
Andy Burnham, prefeito da Grande Manchester, fez na semana passada uma tentativa aberta de se projetar como liderança, mas acabou se prejudicando ao dizer ao Daily Telegraph que o país precisava abandonar a ideia de “ficar refém dos mercados de títulos”.
A fala fez com que Burnham fosse comparado a Liz Truss, ex-primeira-ministra conservadora, cujo breve governo foi derrubado pela reação negativa dos mercados a um mini-orçamento que propunha cortar impostos e aumentar o endividamento público. (A própria Truss respondeu no X a quem sugeriu que Burnham poderia ser o “Liz Truss trabalhista”: “ele deveria ter essa sorte”).
Em seu discurso na segunda-feira, Reeves pareceu responder diretamente à investida de Burnham, que já tentou, sem sucesso, disputar a liderança do partido duas vezes, ao afirmar que era “perigoso” sugerir que o governo poderia relaxar a disciplina fiscal. Ela lembrou que, se os mercados perderem a confiança no governo, os eleitores comuns pagariam o preço em forma de inflação mais alta e maiores custos de financiamento.
Esse trecho do discurso recebeu, notavelmente, menos aplausos dos delegados do que as partes voltadas para novos gastos.
Ainda assim, não seria surpresa se Starmer repetir hoje esse alerta. O Reino Unido atualmente paga um prêmio para tomar empréstimos nos mercados de títulos, e qualquer sinal de que o país representa menos risco poderia gerar uma economia real para as finanças públicas.
Como escreveu Haythornthwaite:
“Um plano ousado de longo prazo pode destravar o crescimento. Isso tranquilizaria os mercados de dívida e também geraria benefícios sociais urgentes. Uma nação com crescimento robusto é mais saudável, mais feliz e mais capaz de enfrentar as desigualdades de riqueza e saúde.”
Ele soou quase como um primeiro-ministro ao escrever.
Os mercados adorariam ouvir algo semelhante do verdadeiro ocupante da residência oficial em Downing Street hoje.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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