Saúde mental lidera preocupações no Brasil; país está entre os que mais confiam em vacinas e sabem sobre canetas emagrecedoras

A saúde mental se tornou a principal preocupação de saúde dos brasileiros em 2025, enquanto o país também se destaca globalmente pela alta confiança nas vacinas e pelo amplo conhecimento sobre medicamentos à base de GLP-1, usados no controle do diabetes e da obesidade.

Os dados são do Ipsos Health Service Report 2025, divulgado nesta terça-feira (7), que ouviu mais de 23 mil pessoas em 30 países.

Segundo o levantamento, 52% dos brasileiros apontam a saúde mental como o maior problema de saúde do país, um salto expressivo em relação aos 18% registrados em 2018.

O câncer aparece em segundo lugar (37%) e o estresse em terceiro (33%). A preocupação é maior entre as mulheres (60%) e entre os jovens da Geração Z (60%), que superam os baby boomers (40%).

“O avanço da discussão sobre saúde mental é notável e mostra uma mudança estrutural na percepção de saúde pública no Brasil”, destaca a Ipsos no relatório.

Confiança em vacinas continua alta

O estudo mostra que o Brasil está entre os cinco países mais favoráveis à vacinação obrigatória contra doenças graves: 70% dos entrevistados concordam que a medida deveria ser obrigatória, enquanto apenas 13% discordam.

A confiança é maior do que a média global e reflete o histórico de campanhas nacionais de imunização. Ainda assim, o relatório alerta para altos níveis de automedicação, com 73% dos brasileiros reconhecendo que é comum tomar remédios sem prescrição — o terceiro maior índice entre os 30 países analisados.

Conhecimento sobre GLP-1 é o mais alto do mundo

Outro dado que coloca o Brasil em destaque é o nível de conhecimento sobre medicamentos GLP-1, como Ozempic, Wegovy, Mounjaro, Rybelsus e Zepbound.

Enquanto a média global é de 36%, no Brasil 58% afirmam conhecer essas drogas. Elas são usadas para o controle da glicemia em diabéticos tipo 2 e, mais recentemente, para redução de peso em pacientes com obesidade ou sobrepeso.

O estudo revela também que 54% dos brasileiros ouviram falar desses medicamentos por meio das redes sociais, ante 45% da média global, e apenas 19% por indicação de médicos — um indício do papel crescente das plataformas digitais na formação de opinião sobre saúde.

Mais da metade dos entrevistados (55%) acreditam que a obesidade aumentará no país nos próximos dez anos, em linha com a média mundial (54%).

Avaliação do sistema de saúde melhora, mas otimismo cai

A percepção sobre a qualidade do sistema de saúde brasileiro também evoluiu.
Em 2018, apenas 18% dos entrevistados avaliavam o serviço como bom ou muito bom; hoje são 34%, um aumento de 15 pontos percentuais.

Por outro lado, o otimismo em relação ao futuro recuou: 57% acreditam que o atendimento vai melhorar, ante 61% em 2018. E 80% afirmam que a maioria da população não pode arcar com uma boa assistência.

Entre os principais desafios apontados estão os longos tempos de espera (43%) e a falta de investimentos (39%).

Saúde mental em destaque global

Em escala mundial, a saúde mental aparece em primeiro lugar entre as preocupações, citada por 45% dos entrevistados, seguida de câncer (41%), estresse (31%), obesidade (25%) e abuso de drogas (23%).

O relatório aponta que 59% das pessoas relataram ter vivido episódios de estresse intenso no último ano. No Brasil, o país ocupa a quinta posição global em nível de estresse: 31% afirmaram ter se sentido sobrecarregados e 39% passaram por isso várias vezes ao longo do ano.

Metodologia

A pesquisa foi realizada entre 25 de julho e 8 de agosto de 2025, com 23.172 adultos. No Brasil, foram 1.000 entrevistados, com margem de erro de 3,5 pontos percentuais.
O relatório avalia percepções sobre qualidade dos serviços de saúde, maiores problemas de saúde pública, confiança nas vacinas e nível de conhecimento sobre medicamentos emergentes.