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Publicado 23/12/2024 • 17:21
KEY POINTS
O dólar encerrou esta segunda-feira (23) cotado a R$ 6,18, após uma alta de 2,03% ao longo do dia. O Ibovespa B3 fechou o dia em baixa de 1,09% (leia mais abaixo).
A moeda norte-americana voltou a subir depois de duas sessões consecutivas de queda, refletindo a pressão dos investidores sobre o cenário fiscal brasileiro e os desdobramentos das medidas econômicas recentes.
A alta do dólar foi influenciada pelas incertezas relacionadas à aprovação do pacote de contenção de gastos no Congresso Nacional.
O plano, que prometia economizar R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, foi desidratado durante a tramitação, reduzindo o impacto fiscal para R$ 69,8 bilhões, segundo cálculos do Ministério da Fazenda.
Já projeções de analistas apontam para uma economia ainda menor, de R$ 44 bilhões no mesmo período.
Apesar da aprovação do pacote, os ajustes no texto geraram dúvidas quanto à viabilidade de atingir as metas fiscais.
Outro elemento que pesou no câmbio foi a divulgação do Boletim Focus pelo Banco Central, que indicou uma piora nas projeções para inflação e juros.
A expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025 subiu para 4,84%, enquanto a previsão para a taxa Selic ao final do mesmo ano passou para 14,75%.
Ambas as estimativas estão significativamente acima da meta de inflação do Banco Central, que é de 3% com margem de 1,5 ponto percentual.
Os números ressaltam o ambiente de incerteza no mercado financeiro, pressionando ainda mais o real frente ao dólar.
Na semana passada, intervenções do Banco Central, incluindo leilões extraordinários de dólares, ajudaram a reduzir a volatilidade cambial, mas não foram suficientes para estabilizar a moeda em patamares inferiores a R$ 6,00.
O cenário global também contribuiu para a alta do dólar. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve surpreendeu os mercados ao projetar um ritmo mais moderado de cortes na taxa de juros, o que elevou os rendimentos dos títulos do Tesouro e fortaleceu a moeda norte-americana.
Além disso, o índice de confiança do consumidor norte-americano caiu em dezembro, refletindo a cautela dos investidores diante de um ambiente econômico desafiador.
Na Europa, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, destacou avanços na inflação, mas alertou para a necessidade de cautela diante da persistência de altas nos preços de serviços.
Sem sucesso, o Ibovespa B3 iniciou a semana em busca de mitigação de danos, à medida que 2024 se aproxima do fim e a pressão no câmbio, bem como na curva de juros doméstica, não dá trégua nesta transição de ano, de pouco alívio na incerteza fiscal. Com giro a R$ 20,6 bilhões na sessão, o índice da B3 oscilou entre mínima de 120.617,32 e máxima de 122.104,68 correspondente ao nível de abertura.
Ao fim, mostrava baixa de 1,09%, aos 120.766,57 pontos, acumulando perda de 3,90% no mês e de 10,00% no ano. Assim, segue a caminho de confirmar a sua pior performance desde 2021 – um ano ainda de pandemia em que cedeu quase 12%, e que havia sido, também, o pior para Bolsa brasileira desde 2015. O nível de fechamento desta segunda-feira foi o menor desde 20 de junho, então aos 120,4 mil pontos.
Na máxima de hoje, o dólar à vista foi negociado a R$ 6,2010 e, no fechamento, ainda mostrava alta de 1,86%, a R$ 6,1851. Entre os papéis de maior peso e liquidez na B3, apenas Vale ON (+0,42%) e Petrobras (ON +0,76%, na máxima do dia no fechamento; PN +0,03%) mereceram destaque ainda que moderado, em sessão na qual o recuo nas ações de grandes bancos chegou a 3,09% (Santander Unit) no fechamento e atingiu 1,94% (Itaú PN) na principal do segmento.
Na ponta ganhadora do Ibovespa nesta véspera de pausa para o Natal, Hypera (+3,32%), Suzano (+2,72%) e IRB (+2,42%). No lado oposto, destaque para a realização de lucros em Automob (-19,05%), que estreou muito bem na semana passada e hoje puxou a corrente de perdas, à frente de Azul (-9,34%) e de Brava (-7,67%). Dos 87 papéis da carteira Ibovespa, apenas 13 conseguiram fechar o dia com ganhos.
“Nessas últimas sessões do ano, o volume tende a cair com a série de feriados, de Natal e Ano Novo, o que vale para o exterior também. Espera-se então menos volatilidade, considerando que ainda há muita incerteza no cenário, o que torna os investidores mais defensivos”, diz Felipe Moura, analista da Finacap.
Ele acrescenta que o mercado tende a se manter nessa “toada” em direção do fechamento de 2024. “Todo mundo ainda com as barbas de molho”, e com o noticiário também se esvaziando perto do fim do ano, o que dificulta a orientação dos negócios. “Entrando janeiro sem definição clara sobre como as classes de ativos se comportarão: é um mês no qual os gestores de carteira montam os planejamentos estratégicos para o ano. Vai ser agitado e interessante. Houve uma deterioração muito rápida, e janeiro tende a ser de grande movimentação, seja para tomar risco ou para evitá-lo ainda mais”, observa o analista.
“O ano chega ao fim com muita aversão a risco. Em questão de um mês muita coisa mudou com relação a cenário para Selic e perspectiva para inflação. Janeiro vai ser bem chacoalhado com relação aos movimentos de alocação de capital”, diz.
Para Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital, de certa forma “o avanço do pacote fiscal no Congresso foi bem recebido, mas a desidratação das medidas gera incerteza sobre a capacidade do governo de cumprir metas fiscais, o que mantém o mercado cauteloso”. Ele acrescenta que tende a prevalecer um viés mais “conservador” entre os investidores neste fechamento de ano, refletindo as incertezas fiscais e o esvaziamento dos negócios, sem muitos catalisadores à disposição nesta reta de chegada.