A Toyota Motor anunciou nesta quarta-feira (5) um aumento em sua projeção de lucro operacional para o ano fiscal que termina em março, mesmo após apontar um impacto de 1,45 trilhão de ienes (cerca de US$ 9 bilhões) decorrente das tarifas impostas pelos Estados Unidos.
A montadora revisou sua projeção de lucro operacional para 3,4 trilhões de ienes, acima da estimativa anterior de 3,2 trilhões de ienes, mas ficou abaixo das expectativas de lucro para o trimestre encerrado em setembro.
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“Apesar do impacto das tarifas dos EUA, a forte demanda, sustentada pela competitividade dos nossos produtos, levou ao aumento do volume de vendas principalmente no Japão e na América do Norte, além de ampliar os lucros da cadeia de valor”, afirmou a Toyota em seu relatório de resultados.
Resultados da Toyota no trimestre de setembro (comparados às estimativas médias da LSEG):
- Receita: 12,38 trilhões de ienes (aprox. US$ 81 bilhões) vs. 12,18 trilhões de ienes estimados
- Lucro operacional: 834 bilhões de ienes vs. 863,1 bilhões de ienes estimados
A maior montadora do mundo em volume de vendas registrou queda de quase 28% no lucro trimestral em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto a receita cresceu mais de 8%. O lucro líquido atingiu 972,9 bilhões de ienes, em alta.
Os resultados semestrais — de abril a setembro — foram divulgados pela Toyota, e os números trimestrais foram calculados pela CNBC com base em dados da empresa e da LSEG.
A queda no lucro operacional do trimestre de setembro marca o segundo recuo consecutivo desde que os Estados Unidos implementaram tarifas “recíprocas” em abril. Em julho, Tóquio firmou um acordo comercial com Washington, reduzindo as tarifas sobre suas exportações para os EUA de 25% para 15%, conforme proposto inicialmente pelo presidente Donald Trump. As novas tarifas de 15% entraram em vigor em 7 de agosto.
A empresa destacou que as tarifas continuam sendo o principal fator de pressão sobre seus lucros nos EUA, enquanto flutuações cambiais e maiores despesas também afetaram o desempenho no Japão.
Durante a teleconferência de resultados, um executivo da Toyota afirmou que a companhia está “avaliando desafios” e “se preparando” para um plano de exportar veículos produzidos nos Estados Unidos para o Japão, em alinhamento com o novo acordo de investimento entre Tóquio e Washington.
O executivo acrescentou que, embora o plano “não seja economicamente racional”, ele poderia ampliar a disponibilidade de certos modelos para os consumidores japoneses.
Efeitos das tarifas
O impacto das tarifas norte-americanas tem sido fortemente sentido em toda a indústria automotiva japonesa. As exportações de automóveis do Japão para os EUA caíram 24,2% em setembro, um recuo ligeiramente menor que a queda de 28,4% registrada em agosto.
Embora a Toyota possua ampla produção na América do Norte, cerca de 20% das vendas nos EUA ainda dependem de importações do Japão. Segundo Liz Lee, diretora associada da Counterpoint Research, os custos tarifários dessas importações estão sendo absorvidos pela montadora, em vez de repassados aos consumidores.
“Esperamos que a rentabilidade permaneça sob pressão neste trimestre, à medida que persistem os ventos contrários das tarifas e do câmbio, com melhora gradual a partir do trimestre de março”, disse Lee à CNBC.
“A rentabilidade deve se recuperar modestamente no próximo ano fiscal, caso os custos comerciais se estabilizem e o iene enfraqueça, embora o aumento da concorrência no setor de veículos elétricos continue limitando o potencial de alta”, acrescentou.
A Toyota tem intensificado o foco em veículos eletrificados, que representaram 46,9% das vendas combinadas de Toyota e Lexus na primeira metade do ano fiscal, impulsionadas principalmente pelos modelos híbridos em regiões como América do Norte e China.
No entanto, segundo Lee, a linha limitada de veículos 100% elétricos da Toyota pode deixá-la mais exposta à concorrência de montadoras chinesas de veículos elétricos na Europa e no Sudeste Asiático.
Apesar da queda no lucro, a Toyota mantém forte demanda global. A empresa informou recentemente que as vendas de veículos, incluindo a marca de luxo Lexus, atingiram 5,3 milhões entre janeiro e setembro, um aumento de 4,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. No relatório de resultados, a montadora afirmou que continuará focada em aumentar o volume de vendas e reduzir custos.
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