CEO da Nvidia, Jensen Huang, rejeita tese de bolha de IA: “Vemos algo muito diferente”

Nas semanas que antecederam o relatório do terceiro trimestre da Nvidia, investidores debateram se os mercados estavam em uma bolha de IA, preocupados com as somas massivas sendo comprometidas na construção de data centers e se eles poderiam fornecer um retorno sobre o investimento a longo prazo. Durante a teleconferência com analistas na quarta-feira, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, iniciou seus comentários rejeitando essa premissa. “Tem havido muita conversa sobre uma bolha de IA”, disse Huang. “Do nosso ponto de vista, vemos algo muito diferente.”

Em muitos aspectos, as observações de Huang são esperadas. Ele lidera a empresa no centro do boom da inteligência artificial e elevou seu valor de mercado para US$ 4,5 trilhões (R$ 23,985 trilhões) devido à crescente demanda pelas unidades de processamento gráfico da Nvidia. A refutação de Huang sobre a conversa de bolha é importante porque a Nvidia conta com todos os principais provedores de nuvem — Amazon, Microsoft, Google e Oracle — como clientes. A maioria dos principais desenvolvedores de modelos de IA, incluindo OpenAI, Anthropic, xAI e Meta, também são grandes compradores de GPUs da Nvidia.

Huang tem profunda visibilidade do mercado e, na teleconferência, ofereceu um argumento em três frentes sobre o porquê de não estarmos em uma bolha. Primeiro, ele disse que áreas como processamento de dados, recomendações de anúncios, sistemas de busca e engenharia estão recorrendo às GPUs porque precisam da IA. Isso significa que a infraestrutura de computação mais antiga baseada no processador central fará a transição para novos sistemas rodando nos chips da Nvidia. Segundo, disse Huang, a IA não está apenas sendo integrada aos aplicativos atuais, mas possibilitará outros inteiramente novos. Finalmente, de acordo com Huang, a “IA agêntica”, ou aplicativos que podem rodar sem entrada significativa do usuário, será capaz de raciocinar e planejar, e exigirá ainda mais poder computacional.

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Ao defender o caso da Nvidia, Huang disse que é a única empresa que pode atender aos três casos de uso. “Ao considerar investimentos em infraestrutura, considerem estas três dinâmicas fundamentais”, disse Huang. “Cada uma contribuirá para o crescimento da infraestrutura nos próximos anos.”

Revertendo a queda

Em seu relatório de resultados, a Nvidia reportou receita e lucro que superaram largamente as estimativas e emitiu projeções melhores do que o esperado. No mês passado, Huang forneceu uma previsão de US$ 500 bilhões para vendas dos chips de IA da empresa ao longo dos anos civis de 2025 e 2026. A empresa disse na quarta-feira que sua carteira de pedidos nem incluía alguns acordos recentes, como um contrato com a Anthropic anunciado esta semana ou a expansão de um acordo com a Arábia Saudita.

“O número vai crescer”, disse a CFO Colette Kress na teleconferência, afirmando que a empresa estava no caminho certo para atingir a previsão. Antes dos resultados de quarta-feira, as ações da Nvidia haviam caído cerca de 8% este mês. Outras ações ligadas à IA foram atingidas ainda mais duramente, com a CoreWeave despencando 44% em novembro, a Oracle caindo 14% e a Palantir caindo 17%.

Parte da preocupação em Wall Street está ligada à dívida que certas empresas usaram para financiar suas construções de infraestrutura. “O financiamento dos nossos clientes depende deles”, disse Huang.

Especificamente sobre a Nvidia, investidores levantaram preocupações nas últimas semanas sobre quanto das vendas da empresa estava indo para um pequeno número de hyperscalers. No mês passado, Microsoft, Meta, Amazon e Alphabet aumentaram suas previsões de despesas de capital devido às suas construções de IA, e agora esperam gastar coletivamente mais de US$ 380 bilhões este ano. Huang disse que, mesmo sem um novo modelo de negócios, os chips da Nvidia impulsionam a receita dos hyperscalers, pois alimentam sistemas de recomendação para vídeos curtos, livros e anúncios.

As pessoas logo começarão a apreciar o que está acontecendo sob a superfície do boom da IA, disse Huang, em oposição à “visão simplista do que está acontecendo com o capex e o investimento”.

Cauê Rigamonti

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