Corrida pela WBD: como Paramount, Comcast e Netflix planejam usar os ativos

A Paramount Skydance, a Comcast e a Netflix estão disputando a aquisição total ou parcial da Warner Bros Discovery (WBD). O acervo da empresa inclui franquias como DC, Harry Potter, Senhor dos Anéis, Game of Thrones, Looney Tunes e Scooby-Doo, além de títulos como Duna, Godzilla e King Kong. Seus canais a cabo abrangem CNN, TNT, TBS e TruTV.

Em setembro, a Paramount apresentou uma oferta inicial para comprar a WBD, que meses antes havia anunciado planos de divisão em duas companhias. Esse movimento levou a empresa a iniciar formalmente um processo de venda. A proposta da WBD se assemelha ao modelo da Comcast — separar os canais a cabo dos estúdios e do serviço de streaming HBO Max.

Nesta semana, potenciais compradores enviaram propostas de segunda rodada, segundo pessoas familiarizadas com o processo. Na manhã de quinta-feira (4), a Netflix liderava a disputa, conforme avaliação interna da WBD. A companhia espera definir o vencedor já na próxima semana, segundo fontes da CNBC.

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Shawn Robbins, diretor de análise da Fandango e fundador da Box Office Theory, avalia que qualquer uma das três empresas poderia extrair valor dos ativos, mas ressalta que “potencial não basta” e que recursos, experiência e capacidade de execução serão determinantes.

Comcast: reforço imediato para o Peacock e parques temáticos

A Comcast está no processo de desinvestir em canais a cabo — que incluem a CNBC — mantendo NBC, Peacock, Universal e os parques temáticos. Por isso, sua proposta permite que a WBD se desfaça de seus canais antes da conclusão de um eventual acordo.

O catálogo da WBD seria um impulso direto ao Peacock, que hoje conta com 41 milhões de assinantes. Séries como “The Last of Us”, produções da DC e o universo de Game of Thrones ampliariam a oferta da plataforma. Para a Universal, os direitos de Harry Potter, já parcialmente licenciados para parques temáticos, permitiriam maior integração entre conteúdo e atrações.

Robbins afirma que a WBD fortaleceria o equilíbrio entre franquias e produções autorais do estúdio. A DC Studios, sob comando de James Gunn e Peter Safran, tem novos filmes e séries previstos, incluindo Supergirl, Lanternas Verdes e projetos derivados de Game of Thrones.

Netflix: foco em streaming e expansão do catálogo

A Netflix mira essencialmente os estúdios e o streaming da WBD, mantendo sua estratégia de não operar redes tradicionais. Analistas inicialmente especularam que o interesse seria apenas para elevar o preço dos concorrentes, mas a gigante do streaming apresentou uma oferta majoritariamente em dinheiro.

O catálogo da WBD permitiria acelerar a construção de franquias consolidadas — área em que a Netflix ainda caminha, apesar de sucessos como “Stranger Things”, “Bridgerton” e “Wednesday”.

Especialistas, porém, questionam como a empresa trataria os ativos voltados ao cinema, dado seu histórico de priorizar estreias diretamente na plataforma e campanhas de marketing reduzidas. A Netflix informou à direção da WBD que honrará acordos para lançamentos cinematográficos existentes, disseram fontes à CNBC.

Paramount Skydance: compra integral e reforço de portfólio

A Paramount, agora integrada à Skydance, iniciou investimentos agressivos sob a liderança de David Ellison, que já anunciou novas franquias e ampliou a estratégia para transmissões ao vivo, incluindo um acordo de US$ 7,7 bilhões pelo UFC.

Ellison busca adquirir toda a WBD, incluindo canais a cabo. Analistas afirmam que absorver o portfólio da Warner Bros. teria impacto direto no posicionamento da Paramount para produzir franquias em escala semelhante à de rivais.

Atualmente, a Paramount conta com propriedades como Star Trek, Transformers, Sonic e Patrulha Canina, mas grande parte de seu desempenho recente depende da presença de Tom Cruise. A fusão permitiria à empresa expandir o número de filmes lançados anualmente — meta estabelecida em 15 longas por ano a partir de 2026.

Além do cinema e do streaming, os canais da WBD, como CNN, TNT, TBS e TruTV, fortaleceriam a oferta jornalística e esportiva da Paramount, que já inclui a CBS. A empresa também ganharia acesso imediato a direitos valiosos como MLB, NHL, NCAA March Madness, Aberto da França e NASCAR.

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Vanessa Loiola

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