Quem é Fábio Faria, o ex-ministro de Bolsonaro que comanda o novo canal de notícias do SBT

Nesta segunda-feira (15), o Grupo Silvio Santos estreou o SBT News, novo canal de notícias 24 horas. A nova empresa, que foi acusada de ser parcial na escolha do palanque para os políticos em sua cerimônia de lançamento, realizada na última sexta-feira (12) em São Paulo, tem no comando um personagem curioso.

Genro de Silvio Santos, Fábio Salustino Mesquita de Faria, o Fábio Faria, 48, é ex-ministro das Comunicações de Jair Bolsonaro. Ele também foi deputado federal por quatro mandatos consecutivos pelo Rio Grande do Norte e hoje atua como gerente sênior de relacionamento do banco BTG Pactual. É a ponte entre Brasília, o mercado financeiro e o novo braço jornalístico do grupo fundado por Silvio Santos.

Da elite potiguar ao projeto de canal de notícias

Fábio Faria pertence a uma das famílias políticas mais tradicionais do Rio Grande do Norte. Nascido em Natal, em 1º de setembro de 1977, é filho de Robinson Faria, ex-governador do Estado, e de Maria Nina Salustino, servidora pública. É neto de Tomaz Salustino, empresário e ex-vice-governador potiguar.

Criado pelo avô paterno, o industrial Osmundo Faria, foi incentivado desde cedo a seguir carreira no tênis. Chegou a ser vice-campeão juvenil brasileiro antes de abandonar o esporte profissional e migrar para o mundo dos negócios. Formou-se em Administração de Empresas pela Universidade Potiguar (UnP).

A combinação de sobrenome forte na política local, relação com o empresariado e trânsito no mundo das celebridades pavimentou o caminho para o salto seguinte de Faria: Brasília.

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Vida pessoal, entrada no clã Abravanel e conflito de interesses

Antes de se casar, Fábio Faria já era figura conhecida nas colunas sociais, especialmente por relacionamentos com a atriz Priscila Fantin, a apresentadora Adriane Galisteu e a ex-BBB Sabrina Sato.

Em 2017, oficializou o casamento com Patrícia Abravanel, filha de Silvio Santos. O casal tem três filhos: Pedro, Jane e Senor, batizado em homenagem ao nome de batismo do avô, Senor Abravanel.

O casamento consolidou o vínculo de Faria com o Grupo Silvio Santos. Anos depois, ao assumir o Ministério das Comunicações, ele passou a comandar uma pasta responsável por regular concessões de rádio e TV e distribuir verbas de publicidade federal, ao mesmo tempo em que era genro de um dos maiores radiodifusores do país.

Quatro mandatos em Brasília com polêmicas e escândalos

Fábio Faria chegou ao Congresso em 2007, eleito deputado federal pelo PMN do Rio Grande do Norte. Foi reeleito em 2010, 2014 e 2018, totalizando quatro mandatos consecutivos.

Um dos episódios mais polêmicos de sua trajetória ocorreu em 2009, durante o escândalo conhecido como “farra das passagens”. Na ocasião, uma reportagem revelou que Faria utilizou a cota parlamentar para custear viagens da então namorada Adriane Galisteu, da mãe dela, e de artistas como Kayky Brito, Sthefany Brito e Samara Felippo, para eventos como o Carnatal, em Natal. Após a repercussão, devolveu cerca de R$ 21 mil aos cofres da Câmara. A representação acabou arquivada com base em pareceres jurídicos internos.

Levantamentos mostraram que, embora eleito pelo Rio Grande do Norte, Faria realizou dezenas de viagens a São Paulo com recursos da cota parlamentar, número superior ao de deslocamentos ao seu Estado de origem, o que gerou críticas sobre o uso de dinheiro público, ainda que dentro das regras vigentes à época.

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Lava Jato, Odebrecht Ambiental e o inquérito arquivado

O nome de Fábio Faria também apareceu nas delações da Odebrecht em um caso sobre contratos de saneamento da Odebrecht Ambiental no Rio Grande do Norte. Delatores afirmaram que ele e o pai teriam recebido recursos via caixa dois na campanha de 2010, com R$ 100 mil destinados ao deputado e R$ 350 mil à chapa liderada por Rosalba Ciarlini, então candidata ao governo estadual.

O caso resultou no Inquérito 4452 no Supremo Tribunal Federal, que investigou suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro. Em 2019, porém, a ministra Rosa Weber determinou o arquivamento da apuração, a pedido da Procuradoria-Geral da República, sob o argumento de falta de elementos suficientes para oferecer denúncia. Faria sempre negou irregularidades.

Governo Bolsonaro com o genro de Silvio Santos

Em junho de 2020, o então presidente Jair Bolsonaro recriou o Ministério das Comunicações e nomeou Fábio Faria para comandar a pasta. A posse ocorreu em 17 de junho, e ele permaneceu no cargo até 21 de dezembro de 2022.

À frente do ministério, Faria teve protagonismo nas negociações e no desenho do leilão do 5G e encabeçou o diálogo com emissoras de TV, rádios e grandes grupos de telecomunicações.

Um dia antes de sua posse, o PSOL apresentou representação à Comissão de Ética Pública da Presidência questionando sua nomeação, em razão de ligações com empresas de comunicação, incluindo uma rádio no Rio Grande do Norte e negócios ligados ao Grupo SBT.

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Em audiência na Câmara, em 2021, Faria afirmou não ver conflito de interesses, alegando regime de separação de bens e dizendo não ser sócio do grupo de comunicação.

Agora, Fábio Faria é o “homem forte” do SBT News e o responsável por decidir a linha editorial do canal de notícias.

Amanda Souza

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