Pfizer tem lucro com vendas de produtos contra a Covid.

CNBC Pfizer supera expectativas de lucro com vendas de produtos contra Covid e cortes de custos

Mundo

Os produtos e empresas mais vulneráveis aos planos de Donald Trump

Publicado 20/01/2025 • 10:49

CNBC

Redação CNBC

KEY POINTS

  • Muitos dos produtos que os consumidores dos Estados Unidos veem e compram nas prateleiras das lojas vêm de fábricas ou fazendas — uma realidade que, em breve, pode forçar muitos a mudar os hábitos de compra.
  • Tênis, camisetas, cervejas e outros itens domésticos geralmente são fabricados em países como China, México e Canadá antes de chegarem a grandes redes varejistas do país.
  • Essa complexa cadeia global de suprimentos está no centro das atenções nesta segunda-feira (20), à medida que Donald Trump, presidente eleito, se prepara para a posse.
Donald Trump.

Donald Trump.

Foto: Shealah Craighead.

Muitos dos produtos que os consumidores dos Estados Unidos veem e compram nas prateleiras das lojas vêm de fábricas ou fazendas — uma realidade que, em breve, pode forçar muitos a mudar os hábitos de compra.

Tênis, camisetas, cervejas e outros itens domésticos geralmente são fabricados em países como China, México e Canadá antes de chegarem a grandes redes varejistas, supermercados ou shoppings do país.

Essa complexa cadeia global de suprimentos está no centro das atenções nesta segunda-feira (20), à medida que Donald Trump, presidente eleito, se prepara para a posse, sendo amplamente esperado que ele anuncie novas tarifas sobre importações.

Embora tarifas já sejam um conceito mais familiar para muitos norte-americanos desde que Trump as implementou sobre metais e outros materiais-chave durante seu primeiro mandato, os encargos que ele ameaça impor em um possível retorno à Casa Branca podem ter um impacto muito maior nos orçamentos domésticos.

Especialistas explicaram à CNBC que a maioria das pessoas não tem ideia de quantos itens podem sofrer aumento de preços devido a essas tarifas: de abacates a brinquedos infantis, passando por chocolates e automóveis. As tarifas propostas para produtos provenientes de China, México e Canadá — os três maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos — provavelmente afetarão mais os consumidores americanos.

Os detalhes exatos dessas tarifas, incluindo quais países seriam impactados e qual seria a alíquota, ainda não estão claros e podem sofrer alterações. Durante a campanha, Trump mencionou tarifas de 10% a 20% para todos os países e até 60% para bens chineses.

Embora reportagens recentes sugiram que Trump poderia reduzir suas propostas tarifárias, possivelmente usando-as como tática de negociação para pressionar governos estrangeiros, ele negou esses relatos.

Desde sua primeira campanha presidencial, Trump argumenta que tarifas incentivariam a manufatura nos Estados Unidos, além de promover a criação de empregos e reforçar a segurança nacional. Ele não está sozinho: o presidente Joe Biden e outros democratas também apoiaram tarifas mais restritas, por motivos semelhantes.

Independentemente disso, o risco para os varejistas é evidente: quaisquer tarifas trariam custos adicionais que eles teriam de absorver, dividir com os produtores ou repassar aos consumidores por meio de preços mais altos — sendo esta última a alternativa mais provável, já que o setor evita reduzir margens de lucro, segundo executivos e especialistas do setor que conversaram com a CNBC nas últimas semanas.

Grandes associações comerciais, como a National Retail Federation e a Consumer Technology Association, alertaram que as tarifas, na prática, se tornariam um imposto para empresas e consumidores americanos.

Os consumidores já esperam que as tarifas impactem seus bolsos. Cerca de 67% dos adultos nos EUA acreditam que é muito provável ou algo provável que as empresas repassem o custo das tarifas para os consumidores, segundo uma pesquisa da Morning Consult com mais de 4.400 pessoas no início de dezembro.

Ainda assim, a mesma pesquisa revelou que cerca de 45% dos entrevistados apoiam uma tarifa de 10% sobre todas as importações, e mais de um terço dos participantes é favorável a uma taxa de 20% sobre todos os bens e a uma tarifa de 60% sobre produtos chineses.

Ali Furman, líder do setor de consumo da PwC, afirmou que tarifas se tornaram o principal tema de discussão entre as empresas que trabalham com a consultoria, e que o debate chegou aos altos escalões executivos.

Ela apontou que o impacto das tarifas pode ser diferente agora em relação ao primeiro mandato de Trump, uma vez que sua nova proposta é mais abrangente e ocorre em um momento em que os varejistas enfrentam dificuldades para convencer consumidores, já cautelosos devido à inflação, a gastar.

“Não estamos em 2017”, disse Furman. “Com o consumidor mais consciente sobre custos, é preciso ser muito mais estratégico ao repassar esses custos.”

“Por outro lado, você não quer parecer contrário às tarifas ou antiamericano”, acrescentou.

Planejar-se para as tarifas agora é desafiador porque as empresas ainda não sabem como Trump irá proceder. Executivos do setor automotivo, que falaram com a CNBC recentemente, disseram que estão se preparando para vários cenários, mas aguardam mais clareza antes de tomar decisões.

“Estamos obviamente trabalhando em cenários”, afirmou Antonio Filosa, chefe das operações norte-americanas da Stellantis. “Mas, sim, precisamos aguardar as decisões de Trump e, após essas definições, trabalharemos de acordo.”

O professor Brett House, economista da Columbia Business School, disse que praticamente todos os produtos de consumo podem sofrer aumento de preços com as propostas tarifárias, embora algumas empresas estejam mais expostas do que outras.

“Algo em torno de 50% das importações de petróleo dos EUA vêm do Canadá. Se a administração Trump impor tarifas sobre isso, é inegável que tudo nos Estados Unidos se tornará substancialmente mais caro”, afirmou House em entrevista à CNBC. “A amplitude do impacto que devemos esperar dessas tarifas pode ser enorme, afetando tudo o que produzimos nos EUA, todas as famílias e empresas. Ninguém ficará imune.”

Aqui estão alguns dos itens do dia a dia que seriam afetados caso as tarifas sobre produtos da China, Canadá e México entrem em vigor.

China: Tênis, móveis e brinquedos

Dentro de armários, salas de estar e brinquedotecas, diversos produtos domésticos norte-americanos têm origem na China.

O país é o maior exportador de móveis do mundo, segundo dados da Home Furnishings Association (HFA), uma associação comercial que representa varejistas de produtos para casa. Em 2023, os Estados Unidos importaram US$ 32,4 bilhões em móveis, sendo 29% provenientes da China, seguidos de perto pelo Vietnã, que respondeu por 26,5% das importações, de acordo com a HFA, citando a firma de investimentos Mann, Armistead & Epperson, uma das principais fontes de dados do setor de móveis.

Entre 30% e 40% dos móveis são produzidos nos Estados Unidos, mas cerca de 50% das matérias-primas — como madeira, tecidos, dobradiças e parafusos — são importadas. Isso torna difícil evitar aumentos de preços em produtos domésticos, mesmo que sejam tecnicamente “feitos na América”.

A CEO da HFA, Shannon Williams, afirmou que os varejistas de produtos para casa não conseguiriam suportar uma tarifa de 60% sobre importações da China e provavelmente teriam que transferir suas cadeias de suprimentos caso as tarifas propostas por Trump entrem em vigor. Embora mesas e sofás provavelmente não aumentem 60% no preço, seus custos ainda subiriam, disse Williams.

Se as empresas redirecionassem suas cadeias de suprimentos para o Vietnã, para onde muitos fabricantes migraram durante o primeiro mandato de Trump, os varejistas ainda enfrentariam tarifas de 10% a 20% — além dos custos de transferir e escalar operações. Somente as tarifas poderiam fazer um sofá de US$ 2.000 custar entre US$ 2.200 e US$ 2.400.

Caso as operações fossem movidas para o México, que representou cerca de 10% das importações de móveis dos EUA em 2023, um sofá de US$ 2.000 poderia custar até 25% mais caro, chegando a US$ 2.500.

Quando Trump anunciou aumentos tarifários pela primeira vez, alguns especialistas do setor sugeriram que os varejistas poderiam absorver parte desse custo e tentar repassá-lo aos fabricantes para evitar grandes aumentos de preços para os consumidores.

Entre 2018 e 2019, quando Trump introduziu tarifas de 10% sobre determinados produtos durante seu primeiro mandato, os preços dos móveis aumentaram cerca de 2,3%, segundo a HFA, com base em dados do Índice de Preços ao Consumidor.

Desta vez, as tarifas não são apenas mais altas, mas o setor de bens domésticos está enfrentando dificuldades, deixando-o menos preparado para absorver os custos. Compras em massa durante a pandemia, altas taxas de juros e um mercado imobiliário lento tornaram os últimos anos particularmente difíceis para a indústria, afirmou Williams.

Além de móveis, outro item cotidiano que pode ficar mais caro caso tarifas mais altas entrem em vigor são os brinquedos.

Cerca de 80% dos brinquedos importados para os EUA vêm da China, e os custos dos brinquedos fabricados fora do país podem aumentar em até 56% com as propostas de Trump, segundo a Toy Association, um grupo comercial que representa o setor.

Isso faria com que uma boneca Barbie, historicamente fabricada na China, passasse de US$ 20 para até US$ 31,20.

“Se isso acontecer, os pais podem ser empurrados a comprar brinquedos mais baratos e não regulamentados de vendedores online não autorizados. Esses brinquedos muitas vezes não atendem aos padrões de segurança e qualidade dos EUA, podendo ser tóxicos e perigosos para as crianças, colocando-as em risco”, disse a Toy Association em um e-mail à CNBC. “Os brinquedos produzidos pela indústria norte-americana seguem rigorosos padrões de segurança e qualidade, e esperamos que permaneçam acessíveis às famílias americanas e não sujeitos a tarifas.”

No final de 2023, cerca de 50% dos brinquedos da Mattel, empresa-mãe da Barbie, eram fabricados na China, segundo o CEO Ynon Kreiz. Este ano, a Mattel espera que menos de 40% de sua produção seja proveniente da China, reduzindo sua exposição para cerca de 20%, considerando sua distribuição geográfica de vendas, explicou o diretor financeiro Anthony DiSilvestro.

“Fizemos um bom trabalho ao mitigar o impacto potencial”, disse DiSilvestro durante uma conferência da Morgan Stanley em dezembro. “Mas, na medida em que formos afetados, esperamos aumentar os preços para compensar.”

Outro setor altamente dependente da China é o de calçados. Cerca de 37% das importações de calçados dos EUA vieram da China em 2023, seguidas de 30% do Vietnã, quase 9% da Itália e 8% da Indonésia, segundo dados da Comissão de Comércio Internacional dos EUA.

Praticamente 100% dos calçados vendidos nos Estados Unidos são importados, de acordo com o setor.

Mesmo antes do primeiro mandato de Trump, fabricantes de calçados já estavam transferindo parte da produção para fora da China, à medida que sua força de trabalho diminuía, disse o CEO da organização Matt Priest. Ainda assim, ele afirmou que seria irrealista trazer a produção de volta para os EUA, e transferi-la para outra parte da Ásia pode ser difícil.

Algumas empresas já aceleraram seus planos. Em novembro, a Steve Madden anunciou que reduzirá em até 45% os bens que importa da China no próximo ano.

Durante uma coletiva de imprensa na última quinta-feira, Priest disse que as empresas de calçados dos EUA aguardam políticas mais claras.

“Todas essas ações são inflacionárias”, afirmou. “Você acaba pagando a conta em algum momento.”

Embora a China não seja um grande fabricante de cosméticos, a E.l.f. Beauty, marca popular entre jovens, fabrica cerca de 80% de sua maquiagem na região.

Em entrevista à CNBC no final do ano passado, o CEO Tarang Amin disse que a empresa poderia ser forçada a aumentar os preços caso os aumentos tarifários entrem em vigor — um movimento arriscado, já que os preços baixos são um dos principais atrativos da marca.

México: Carros, cervejas e abacates

Ao longo da última década, os consumidores dos Estados Unidos desenvolveram um apetite crescente por abacates e cervejas mexicanas. Eles também se acostumaram a comprar carros de grandes montadoras norte-americanas que possuem grande parte de sua fabricação no México.

Tarifas sobre importações mexicanas podem ameaçar esses hábitos, especialmente para consumidores mais sensíveis aos preços.

Embora a maioria das grandes montadoras tenha fábricas nos Estados Unidos, elas ainda dependem bastante de importações de outros países, incluindo o México, para atender à demanda dos consumidores norte-americanos.

Sob o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA, em inglês) e o Acordo EUA-México-Canadá (USMCA, que o substituiu), as montadoras passaram a enxergar o México como um lugar mais barato para produzir veículos em comparação com os EUA ou o Canadá.

Quase todas as grandes montadoras que operam nos EUA têm pelo menos uma fábrica no México, incluindo as seis marcas mais vendidas que, juntas, representaram mais de 70% das vendas nos EUA em 2024.

A indústria automotiva dos dois países está profundamente integrada: o México importa 49,4% de todas as peças automotivas dos EUA e exporta 86,9% de sua produção de peças automotivas de volta para os EUA, segundo a Administração de Comércio Internacional.

O Wells Fargo estima que tarifas de 25% sobre importações do México e Canadá colocariam em risco a maior parte dos lucros ajustados da General Motors, Ford Motor e Stellantis. O impacto estimado das tarifas de 5%, 10% e 25% seria de US$ 13 bilhões, US$ 25 bilhões e US$ 56 bilhões, respectivamente, para as três empresas.

O mais notável é que GM e Stellantis possuem grandes fábricas no México que produzem caminhonetes de grande porte altamente lucrativas. Juntamente com a Ford e outras montadoras, elas também produzem veículos elétricos no México para reduzir custos.

O México também é lar da cerveja mais vendida nos EUA. Em 2023, a Modelo, da Constellation Brands, superou a Bud Light como líder de vendas. A Constellation também é dona da Corona, que está entre as 10 marcas de cerveja mais populares nos EUA, e da Pacifico, que vem crescendo rapidamente.

Todas as marcas de cerveja da Constellation são importadas do México, e as cervejas representaram 85% das vendas da empresa nos três primeiros trimestres do ano fiscal.

Se Trump implementar as tarifas, o custo das mercadorias vendidas pela Constellation subiria cerca de 16%, de acordo com estimativas do Wells Fargo Securities.

A empresa provavelmente optaria por repassar os custos aos consumidores, já que mudar a produção não parece ser uma opção, devido a um acordo antitruste firmado em 2013. Nos últimos anos, a Constellation investiu bilhões de dólares para expandir sua capacidade de produção no México.

Na última teleconferência de resultados da empresa, o CEO da Constellation, Bill Newlands, afirmou que “ainda é muito cedo para especular” sobre como as tarifas irão se desenrolar.

“Como seria de se esperar, consideramos várias possibilidades e, certamente, ajustaremos nossa abordagem dependendo do que acontecer”, disse ele aos analistas em 10 de janeiro.

A incerteza em torno das tarifas levou vários analistas de Wall Street a rebaixar as ações da Constellation desde que Trump anunciou sua intenção de reacender uma guerra comercial com o México.

Os abacates, no entanto, se mostram menos substituíveis do que as cervejas.

A fruta, que antes era rara nos mercados norte-americanos, tornou-se um item indispensável nas seções de hortifruti, graças à crescente popularidade da comida mexicana e de dietas que promovem o consumo de “gorduras saudáveis”.

De junho de 2023 a junho de 2024, os EUA importaram mais de 2,4 bilhões de libras (cerca de 1,1 bilhão de quilos) de abacates Hass mexicanos.

Nos EUA, os abacates são cultivados na Califórnia, Flórida e Havaí. Porém, cerca de 90% dos abacates consumidos no país vêm do México, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos EUA.

O México é um dos poucos lugares capazes de produzir abacates durante todo o ano, garantindo que os consumidores possam comer torradas de abacate no verão e guacamole no Super Bowl.

Ao longo dos anos, os consumidores de abacate demonstraram estar dispostos a pagar mais pela fruta. Enquanto a demanda por abacates praticamente dobrou na última década, os preços também aumentaram.

“Não há nada como um abacate… Há épocas do ano em que, sim, nossos preços ficam um pouco mais altos, mas sinto que isso já faz parte da normalidade para nossos consumidores. Não percebemos uma grande queda no consumo quando os preços sobem um pouco”, disse Alvaro Luque, CEO da organização sem fins lucrativos Avocados from Mexico, à CNBC.

Chipotle Mexican Grill

A famosa rede Chipotle Mexican Grill cobra um valor adicional pelo guacamole, mas os clientes da marca aparentemente não se importaram com os aumentos de preços no cardápio nos últimos anos. A cadeia de burritos foi uma das poucas empresas do setor de restaurantes a registrar crescimento de tráfego trimestre após trimestre no ano passado.

Fora o mercado de abacates e automóveis, algumas empresas também produzem roupas no México. A Kontoor Brands, por exemplo, utiliza a região para fabricar alguns de seus jeans Wrangler. Embora atualmente algumas peças de jeans sejam vendidas por cerca de US$ 60 na Macy’s, esse valor pode subir para até US$ 75 caso as tarifas sejam aplicadas.

Canadá: Carros, casacos e batatas fritas

As tarifas sobre produtos canadenses seriam mais um golpe para as montadoras e consumidores de automóveis. Além disso, itens como batatas fritas e casacos de inverno podem se tornar mais caros para os consumidores.

Em 2022, o Canadá exportou US$ 27 bilhões em automóveis, ficando atrás apenas do petróleo bruto como principal produto de exportação, de acordo com o Observatory of Economic Complexity.

Tarifas sobre veículos canadenses impactariam principalmente as montadoras de Detroit, mas poderiam trazer consequências para toda a indústria, dependendo das mudanças relacionadas a peças de fornecedores como a canadense Magna. O primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, e outros políticos e representantes da indústria descreveram a proposta tarifária de Trump como uma ameaça existencial à recuperação da indústria automotiva do país.

Cinco montadoras — Ford, GM, Stellantis, Toyota Motor e Honda Motor — produziram 1,54 milhão de veículos leves no ano passado na província, principalmente para consumidores norte-americanos.

A governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, alertou na última quarta-feira que tarifas de 25% sobre importações do México e Canadá prejudicariam o setor automotivo dos EUA, aumentariam os preços dos veículos e beneficiariam a China.

“Pense nisso: 70% de todas as peças automotivas que fabricamos em Michigan vão diretamente para nossos vizinhos. … O único vencedor nessa equação é a China. Eles adorariam nos ver enfraquecer o ecossistema automotivo dos EUA por conta própria. Isso é uma questão de segurança nacional. Não podemos permitir que isso aconteça”, disse ela durante um discurso no Detroit Auto Show.

Mas não seria apenas a indústria automotiva a sentir a pressão das tarifas canadenses.

Considere a humilde batata frita: o Canadá exporta cerca de US$ 40,5 bilhões em produtos agrícolas para os EUA anualmente, incluindo US$ 1,7 bilhão em batatas fritas congeladas e outros produtos de batata congelados, segundo o Agriculture and Agri-Food Canada, órgão equivalente ao Departamento de Agricultura dos EUA.

Grande parte das batatas fritas congeladas do Canadá vem da McCain Foods. A empresa familiar canadense afirma que uma em cada quatro batatas fritas consumidas globalmente é produzida em suas instalações. A McCain possui sete fábricas no Canadá e 11 nos EUA, segundo informações de suas subsidiárias.

Nos últimos anos, os consumidores têm mostrado maior sensibilidade aos preços, tanto em supermercados quanto em lanchonetes fast-food, o que torna improvável que aceitem um aumento de preços para compensar as tarifas.

Caso Trump implemente tarifas mais altas sobre produtos canadenses, a McCain poderia transferir ainda mais sua produção para os EUA. Fornecedores poderiam migrar para concorrentes americanos, como a Lamb Weston, sediada em Idaho. Felizmente, muitos fornecedores de batatas fritas, incluindo a Lamb Weston, expandiram sua capacidade desde a pandemia de Covid-19.

As tarifas sobre bens canadenses também podem afetar o setor de vestuário.

A Canada Goose construiu sua reputação com roupas de alta qualidade para temperaturas frias, fabricadas no Canadá. Cerca de 70% dos produtos da marca são feitos no país, enquanto os outros 30% são produzidos na Europa, em uma fábrica própria da empresa na Romênia e por contratados em outras partes do continente.

Um porta-voz da empresa se recusou a comentar como a Canada Goose está se preparando para as tarifas e se aumentará os preços.

MAIS EM Mundo