O cargo de diretor financeiro (CFO) geralmente é o segundo mais importante de uma companhia –atrás do diretor-executivo (CEO). Nas grandes empresas no Brasil, os CFOs são majoritariamente homens (89%), com idades entre 41 e 50 anos e a maioria (60,7%) fez um Master of Business Administration (MBA).
Os dados estão em uma pesquisa feita pelo professor Andson Braga de Aguiar, da FEA-USP. Ele analisou o perfil dos CFOs das empresas listadas na B3.
O estudo, que avaliou 355 executivos de 362 empresas, revelou um retrato detalhado desses profissionais, suas formações, experiências e a evolução do seu papel dentro das corporações.
Formação acadêmica e qualificação profissional
A pesquisa mostra que a maioria dos diretores financeiros brasileiros tem uma formação acadêmica voltada para áreas ligadas à gestão e finanças. Cerca de 93,6% são graduados em Administração, Engenharia, Economia ou Contabilidade, com forte concentração em instituições como USP, FGV e UFRJ.
A grande maioria (86,2%) continuou a estudar depois da graduação.
O estado de São Paulo lidera como o principal polo formador desses profissionais, com 52,4% dos CFOs tendo concluído a graduação no estado.
Trajetória profissional e tempo no cargo
O tempo médio de permanência dos CFOs nas empresas analisadas é de 7,6 anos, mas no cargo atual, essa média cai para 4 anos. Esse dado reforça uma tendência de rotatividade relativamente alta, comum em posições de alto nível estratégico.
A experiência profissional desses executivos se divide entre funções tradicionais e estratégicas. Cerca de 72,9% tiveram passagens por áreas estratégicas como Consultoria e Investment Banking, enquanto 68,5% trabalharam em setores tradicionais de finanças, como Contabilidade e Auditoria.
Outro ponto relevante é o acúmulo de funções: 56% dos CFOs também exercem o cargo de Diretor de Relações com Investidores, uma posição crucial para a comunicação com acionistas e o mercado financeiro.
As empresas analisadas e seus CFOs
O estudo incluiu 362 empresas de diversos setores da economia, das quais 48,1% pertencem ao Novo Mercado da B3, um segmento que exige alto nível de governança corporativa.
Cerca de 21,8% das empresas fazem parte do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3), reforçando o comprometimento com boas práticas de governança e ESG.
Entre as companhias analisadas:
- 35,1% possuem mais de 5.000 funcionários;
- 41,8% têm ativos financeiros entre R$ 1 bilhão e R$ 10 bilhões.
Os CFOs que atuam em empresas do ISE B3 se destacam por um perfil diferenciado: têm idade média de 47,8 anos e 62% acumulam funções de Relações com Investidores. Além disso, 68,9% possuem experiência em áreas estratégicas como Investment Banking e Consultoria.
Já entre os CFOs de empresas em recuperação judicial, a idade média cai para 46,4 anos. A maioria (54,5%) tem formação em Engenharia e 63,6% possuem MBA.
O CFO como parceiro estratégico do CEO
O estudo também destaca a evolução do papel do CFO dentro das organizações. Antes responsável apenas pela contabilidade e controle financeiro, esse profissional passou a desempenhar um papel fundamental na estratégia corporativa e na tomada de decisões.
Hoje, o CFO brasileiro está envolvido em temas como fusões e aquisições, planejamento financeiro de longo prazo e gestão de riscos. Os dados confirmam essa mudança: 53,2% dos CFOs tiveram experiência anterior em áreas como M&A, Business Development e Structured Finance.
Além disso, a posição de CFO tem se tornado cada vez mais próxima à de CEO. Em algumas empresas, especialmente de menor porte ou em recuperação judicial, o CFO também acumula o cargo de Diretor-Presidente.
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