Efeito T: Luzes amarelas no Planalto tornam-se vermelhas
Publicado sex, 14 fev 2025 • 7:24 PM GMT-0300 | Atualizado há 7 dias
Publicado sex, 14 fev 2025 • 7:24 PM GMT-0300 | Atualizado há 7 dias
Agência Brasil
É inegável: a possibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) perder as eleições de 2026 para o atual governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos) – ou qualquer outro candidato da Direita – deixou de ser uma mera hipótese e se tornou uma ameaça real para o presidente. E essa perspectiva tem provocado um frenesi nos mercados financeiros, que se mostram visivelmente otimistas com os rumos da economia.
Mas o que está, de fato, acontecendo?
Dois anos após seu retorno ao cargo, com promessas de “cerveja e churrasco para todos”, o aumento dos custos de alimentos e o crescente pessimismo em relação à economia têm ofuscado até mesmo um PIB superior a 3% e taxas de desemprego historicamente baixas. O cenário, longe de ser positivo, começa a ameaçar a continuidade do mandato de Lula.
Os dados não deixam margem para dúvidas e a situação se tornou ainda mais preocupante com a divulgação de duas pesquisas que são referência entre os agentes econômicos nesta semana: a LatAm Pulse, conduzida pela AtlasIntel para a Bloomberg News, e a tradicional DataFolha. Ambas mostraram um quadro devastador para o PT, com a aprovação de Lula despencando para o nível mais baixo de toda a sua trajetória política.
Na pesquisa LatAm Pulse, mais da metade da população brasileira – cerca de 51% – afirmou desaprovar o governo Lula, um aumento de mais de um ponto percentual em relação a dezembro e oito pontos percentuais em comparação a abril. Sua aprovação caiu para 46%, uma perda de dois pontos em relação ao mês anterior e de cinco pontos em relação ao ano passado.
O impacto é ainda mais forte quando analisamos a erosão da confiança. A parcela de entrevistados que considera o governo ruim subiu para 46,5%, enquanto os que o consideram bom recuaram para cerca de 38%, uma queda de três pontos.
A pesquisa DataFolha também traz números alarmantes. A aprovação de Lula caiu de 35% para 24% em apenas dois meses, atingindo o nível mais baixo de suas três passagens pelo Planalto. Sua reprovação também atingiu recordes, saltando de 34% para 41%. Por outro lado, 32% consideram o governo regular – um aumento de 3 pontos em relação a dezembro.
O impacto é claro, não só nas bases tradicionais de apoio ao petismo, mas em estratos importantes da sociedade brasileira. E é aí que o alerta vermelho começa a se acender no Planalto.
Essa queda vertiginosa reflete os efeitos de uma série de crises sucessivas pelas quais o governo tem passado, sendo a mais visível a do Pix. Em janeiro, o governo anunciou que começaria a fiscalizar transações superiores a R$5.000 por meio da modalidade de transferência instantânea.
A reação da oposição foi imediata, sugerindo que o governo estava extrapolando seus limites no controle das transações. O Ministério da Fazenda, sob Fernando Haddad (PT), viu-se obrigado a recuar e revogar a medida. A resposta do governo? Trocar a chefia da comunicação, promovendo Sidônio Palmeira no lugar de Paulo Pimenta. Mas os problemas persistiram.
A inflação dos alimentos segue como um foco constante de preocupação, e o presidente não contribuiu com declarações infelizes, como a que sugeriu que as pessoas “parassem de comprar comida cara”. Se a ideia até poderia soar racional em um contexto teórico, na prática soou como um discurso de total desconexão com a realidade das pessoas, e a oposição se aproveitou disso com a agilidade que já se espera de um adversário bem treinado.
E o que mais assusta o governo nesse cenário são as perspectivas para as eleições presidenciais de 2026. Na LatAm Pulse, Lula ainda lidera Jair Bolsonaro (41% a 44%) em uma possível revanche, mas esse cenário é, no mínimo, improvável, já que o ex-presidente está impedido de disputar. No entanto, o que realmente tem deixado os estrategistas petistas de cabelo em pé é o empate técnico entre Lula e Tarcísio de Freitas, com Lula liderando por apenas 46% a 45%. Tarcísio, visto como o herdeiro natural de Bolsonaro, ainda mantém um silêncio estratégico sobre suas intenções, mas sua candidatura já começa a ser considerada uma ameaça real.
É aí que entra o famoso “Efeito T”, que tem se espalhado rapidamente pela Faria Lima e pelos centros financeiros de todo o país. A combinação desses números com a recente alta da bolsa, a queda do dólar e da curva de juros fez com que os mercados começassem a precificar algo até pouco tempo impensável: a eleição de um candidato pragmático, capaz de implementar as reformas estruturais necessárias para o Brasil resolver seu problema fiscal, controlar a inflação e crescer de forma sustentável.
Se os números forem corretos, o “Efeito T” não é apenas uma ficção. É a antecipação de um novo cenário político-econômico que, ao que tudo indica, está prestes a ganhar corpo e profundidade. O que, sem dúvida, pode alterar os rumos do país de maneira irreversível.
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