A Índia tem se esforçado para se tornar um centro global de manufatura, tendo convidado com sucesso grandes empresas, como a Apple, para se estabelecerem e expandirem a produção no país.
Para reforçar ainda mais sua capacidade de fabricação, a nação sul-asiática tem olhado para a Tesla, com a intenção de que a montadora se instale no país. A fabricante de automóveis, que por muito tempo se mostrou relutante, agora está sinalizando interesse no mercado, enquanto o governo indiano tenta acolhê-la com a implementação de uma nova política tarifária para veículos elétricos (EV).
De acordo com fontes, a Tesla está recrutando e procurando locais para showrooms no país, após uma reunião entre o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e o CEO da Tesla, Elon Musk, no início deste mês.
“Uma coisa é certa, a Tesla está vindo para a Índia com base nas notícias recentes, e o governo também está muito sério sobre isso”, disse Puneet Gupta, Diretor de Mercado Automotivo da Índia na S&P Global Mobility, à CNBC.
A Índia introduziu uma política de EV no ano passado, que propõe reduzir os impostos de importação de veículos elétricos para 15%, em comparação com cerca de 70% anteriormente. O governo começará a aceitar inscrições sob essa política antes do final de março, segundo a agência de notícias doméstica IANS.
Essa redução de impostos aplica-se apenas aos EVs premium, com preços superiores a US$ 35 mil, e exige investimentos totais de cerca de 500 milhões de dólares e planos de longo prazo para estabelecer a produção local.
A política de EV representa um movimento direcionado para atrair os interesses comerciais da Tesla, sinalizando a disposição da Índia em apoiar a fabricação de veículos elétricos, afirmou Ammar Master, diretor de Automóveis da GlobalData para o Sul da Ásia, à CNBC.
“O governo indiano tem sido proativo em suas tentativas de atrair a Tesla para estabelecer sua base de fabricação na Índia”, disse ele.
No entanto, a montadora enfrenta vários obstáculos para entrar no terceiro maior mercado de automóveis do mundo.
Ainda não está claro se a entrada da Tesla faz sentido no esquema de investimentos da Índia, com qualquer plano da montadora sendo provavelmente implementado de forma gradual e cautelosa devido a diversas barreiras de entrada, disseram Gupta e outros analistas.
Problemas de preço e compromisso
De acordo com uma nota de pesquisa recente do Bank of America, se a Tesla entrasse nesse esquema, isso significaria preços mínimos dos carros de US$ 40 mil.
Com esse preço, os veículos elétricos da Tesla entrariam no mercado indiano com um preço muito alto, acima do que os OEMs indianos existentes oferecem, o que implica um mercado endereçável pequeno, disse o BofA.
Sob o esquema de EV planejado, a Tesla também precisaria seguir um cronograma de 3 anos para estabelecer instalações de fabricação na Índia, alcançando uma adição de valor doméstico de 50% em 5 anos.
Os analistas afirmam que entrar nesse compromisso seria prematuro para a Tesla, com base nos preços atuais.
Uma nota de pesquisa do BNP Paribas, divulgada na segunda-feira (24), afirmou que a produção local na Índia não faria sentido, a menos que a Tesla reduza o preço de seus veículos para abaixo de 30 mil dólares, permitindo volumes massivos de vendas no país.
Enquanto isso, a Tesla ainda não sinalizou um interesse significativo em estabelecer uma base de fabricação no país, com suas recentes vagas de emprego consistindo principalmente em posições voltadas para o consumidor.
Além disso, barreiras geopolíticas podem influenciar a decisão da Tesla de produzir carros na Índia sob a nova administração de Donald Trump. Em uma entrevista ao lado de Elon Musk, CEO da Tesla, na semana passada, o presidente Trump afirmou que a fabricação da Tesla na Índia seria “muito injusta”.
A empresa também tem trabalhado para concluir a construção de plantas de fabricação na Alemanha e no Texas.
‘Lento e cauteloso‘
Dado os desafios de preço e investimento, especialistas disseram à CNBC que a entrada da Tesla na Índia começará com a exportação de carros para o mercado, para testar o terreno primeiro.
“Esperamos que a entrada da Tesla na Índia seja lenta e cautelosa, dado o baixo preço médio no mercado”, disse o BNP Paribas, observando que a empresa tem planos de lançar modelos mais acessíveis ainda este ano.
Enquanto isso, Gupta, da S&P Global Mobility, afirmou que a Tesla provavelmente pressionará a Índia para ajustar ainda mais sua política tarifária de EV, permitindo-lhe começar a enviar carros para o país mais facilmente antes de fazer quaisquer promessas de investimento.
Algumas fontes da mídia local na Índia informaram que o governo pode ajustar ainda mais a política de EV para atrair a Tesla a considerar o mercado.
“Mesmo que se comprometam com a proposta atual, isso ocorrerá após cerca de seis meses”, acrescentou Gupta.
No entanto, embora o mercado de EVs indiano continue pequeno, conquistar uma posição lá pode ser um empreendimento valioso para a Tesla, enquanto a empresa busca novos mercados em meio à intensa competição com fabricantes chineses de veículos elétricos, como a BYD.
“Com o momento atual, projetamos que as vendas de BEVs (veículos elétricos de passageiros) na Índia alcancem 1 milhão de unidades até 2030, representando 20% das vendas totais”, afirmou Ammar Master, da GlobalData.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC
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