Privatização tira entraves de uma empresa de economia mista ou estatal, diz executiva da Cemig

A Cemig divulgou seu balanço do 4º trimestre de 2024, registrando um lucro líquido de R$ 998 milhões, o que representa uma queda de 47,1% em relação ao mesmo período de 2023. Em entrevista ao jornal Real Time, do Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC, a vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da companhia, Andréia Almeida, explicou os principais fatores que impactaram o resultado.

Segundo Almeida, a empresa já previa uma redução de margens na comercializadora. Além disso, a venda dos ativos Baguari e Retiro Baixo no 4º trimestre de 2024 gerou R$ 289 milhões, um efeito não recorrente que não se repetiu em 2023. Além disso, a redução de margens da comercializadora impactou o resultado em torno de R$ 200 milhões.

A empresa também teve aumento de despesas. “Tivemos despesas financeiras de R$ 300 milhões que impactaram também o resultado do quarto trimestre”, lembra a executiva.

Perspectivas para 2025

Sobre as projeções para 2025, Almeida afirmou que a expectativa para a distribuidora é um ano de “investimentos firmes”. A Cemig investiu R$ 4,4 bilhões em 2024 e estima investir R$ 5 bilhões em 2025.

Na comercializadora, a empresa identificou impactos devido à variação dos preços de energia entre regiões. “Houve uma mudança no modelo de preços muito grande que aumentou muito a volatilidade, resultando em um descolamento maior dos preços”, destaca.

A executiva afirmou que esse fator pode continuar impactando as margens da comercializadora. No entanto, destacou que a empresa tem um portfólio diversificado de ativos e que, combinando receitas de mercado regulado e comercialização, mantém uma entrega bem estável ao longo do tempo.

Privatização da Cemig

Questionada sobre a possibilidade de privatização da Cemig, Almeida explicou que a mudança eliminaria algumas restrições administrativas. “A privatização tira alguns entraves que uma empresa de economia mista ou estatal tem”.

Entre os entraves, citou “o tempo das licitações que a gente precisa fazer para uma compra, que leva muito tempo, e as limitações para contratações, que exigem concurso público”. “A privatização destrava alguns desses processos e transforma, obviamente, traz mais valor”, completa.

Investimentos e crescimento da base de clientes

A Cemig registrou um crescimento de 2,1% na base de clientes no último balanço. Sobre esse resultado, Almeida explicou que a empresa está focada na melhoria dos serviços. “A gente vem trabalhando primeiro para atender nossos clientes de uma forma cada vez melhor com os nossos investimentos”.

Na comercialização de energia, a Cemig tem 14% do market share no mercado livre e busca atrair clientes varejistas. “Temos um trabalho grande também de trazer os clientes varejistas para dentro da nossa comercializadora”.

A executiva afirmou que a empresa está se preparando para um possível avanço do mercado livre de energia. “Se o mercado de fato de distribuição se transformar num mercado livre, que a gente seja capaz de entregar energia de qualidade e um serviço de qualidade para os nossos clientes”.

Sobre os investimentos da Cemig, Almeida afirmou que a empresa tem um planejamento de longo prazo. “Em 2025, a gente vai investir mais de R$ 6 bilhões.” No período de 2025 a 2029, o investimento total previsto é de R$ 39 bilhões.

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