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KEY POINTS
Bandeira da Índia
Pixabay
Este relatório faz parte do “Inside India” da CNBC, um boletim informativo semanal que traz notícias e comentários de mercado sobre a ascensão meteórica da Índia e as grandes empresas por trás desse crescimento.
A China abalou os mercados no início deste ano quando sua startup DeepSeek revelou um modelo de inteligência artificial mais barato e eficiente.
Com a ascensão da Índia e sua população cada vez mais conectada à tecnologia, o país está perto de criar seu próprio OpenAI ou Anthropic a um custo mais baixo?
Conversamos com Kunal Bahl, empreendedor e investidor renomado. Ele é cofundador da Titan Capital e da Snapdeal, um dos unicórnios indianos mais populares no comércio eletrônico. Bahl também é jurado no Shark Tank India.
“Dado o sucesso da Índia na construção, implementação e expansão de infraestrutura digital pública… a emergência de um DeepSeek indiano provavelmente ocorrerá por meio de uma parceria público-privada nos próximos 4-5 anos”, disse Bahl.
Ele destacou algumas iniciativas que podem ajudar o país a desenvolver seus próprios modelos de linguagem de grande porte (LLMs) com apelo global.
Um dos principais focos da Índia é a fabricação de chips, e os esforços estão ganhando força.
O Secretário de Comércio da Índia, Piyush Goyal, afirmou em outubro passado que o país está no caminho para fabricar seu primeiro chip em dois anos.
Além disso, noticiamos que a Reliance Industries está construindo o que o CEO Mukesh Ambani espera ser o maior data center do mundo, em Gujarat.
No entanto, fabricar e projetar chips de ponta não é tarefa fácil. Basta olhar os desafios que a Intel enfrenta para produzir chips de IA nos EUA.
Apesar disso, empresas de semicondutores dos EUA estão investindo na Índia. A Micron e a AMD são algumas das que apostam no país.
O CEO da Nvidia, Jensen Huang, visitou Mumbai em 2024 e anunciou uma parceria com a Reliance Industries para pesquisa e desenvolvimento em IA, prometendo ainda acesso ao chip Blackwell mais recente da Nvidia.
“Essas parcerias reconhecem o papel fundamental da Índia no ecossistema global e buscam garantir uma vantagem competitiva ao se alinharem com conglomerados domésticos fortes”, disse Bahl.
Produzir mais chips internamente também pode reduzir o impacto das restrições dos EUA à exportação desses componentes.
Pouco antes do ex-presidente Joe Biden deixar o cargo, ele implementou a “regra de difusão”, que pode restringir não apenas a China, mas também outros países, incluindo a Índia, de comprar GPUs de alto desempenho dos EUA.
A regra entra em vigor nesta primavera. O presidente Donald Trump pode revertê-la, mas não indicou se o fará.
No setor de inteligência artificial, Bahl acredita que a inovação pode vir de grandes conglomerados indianos, como Reliance e Tata, que estão desenvolvendo seus próprios LLMs para setores específicos. Empresas como Reliance Jio, Tata Electronics, Adani Group, TCS e Infosys estão se tornando os “hyperscalers” da Índia.
Com o mercado chinês fechado, empresas americanas estão de olho na Índia. O CEO da OpenAI, Sam Altman, esteve no país em fevereiro e se reuniu com o Ministro de TI, Ashwini Vaishnaw.
Segundo Vaishnaw, a OpenAI quer colaborar com o plano da Índia de desenvolver toda a pilha de IA — desde GPUs até modelos e aplicativos. Altman também destacou que a Índia já é o segundo maior mercado da OpenAI em número de usuários.
Bahl acredita que programas governamentais como a “Missão Índia AI”, que destinará 103 bilhões de rúpias (US$ 1,2 bilhão) nos próximos cinco anos para fortalecer a capacidade do país em IA, serão fundamentais.
Apesar do crescimento do financiamento para IA na Índia, Bahl reconhece que “ainda é muito menor do que nos EUA e na China”.
Venugopal Garre, chefe de pesquisa da Índia na Bernstein, é mais cético. Ele argumenta que a falta de investimentos em tecnologia nacional dificulta a competitividade do país no setor de IA.
“A construção de tecnologia avançada nunca foi prioridade na Índia. Em vez disso, empresas de tecnologia dos EUA — muitas lideradas por CEOs indianos — sempre forneceram soluções prontas. Isso contrasta com a China, que criou suas próprias alternativas em todas as áreas, de redes sociais a veículos elétricos e IA.
A Índia não adotou a estratégia de ‘banir estrangeiros e desenvolver seus próprios produtos’ na era da internet, e agora é tarde demais”, disse Garre.
Entretanto, ser pioneiro nem sempre garante liderança.
“Os modelos de IA ainda estão na infância e há muito espaço para crescimento. É como a guerra dos buscadores nos anos 90, quando o Google, um entrante tardio, acabou dominando o mercado”, afirmou Neil Shah, da Counterpoint Research.
Outro risco, segundo especialistas, é o impacto da IA no mercado de trabalho indiano. O desemprego continua alto e a adoção de ferramentas de produtividade como IA pode agravar o problema, alertou Akhil Gupta, ex-chefe da Blackstone Índia.
A posição econômica da Índia e sua força de trabalho jovem podem impulsionar o país como líder em tecnologias disruptivas. No entanto, se não investir tempo, recursos e talentos para definir seu papel no cenário da IA, pode acabar sendo apenas um espectador.
“A Índia está muito atrás no desenvolvimento de um DeepSeek próprio, mas o que posso dizer, conversando com executivos, é que o país despertou para o desafio e está inspirado pelo sucesso da China”, concluiu Gupta.
Aguardaremos para ver os próximos capítulos.
As ações indianas caíram na quinta-feira após o anúncio do ex-presidente Donald Trump sobre tarifas de 26% sobre exportações da Índia para os EUA.
📉 Nifty 50: -0,17%
📉 BSE Sensex: -0,32%
📈 Títulos do governo (10 anos): 6,49%
Apesar do impacto das tarifas, as exportações da Índia para os EUA representam apenas 2%-3% do PIB do país, limitando os efeitos na economia.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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