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Economia em foco Artur Horta

O “dia da libertação” chegou, infelizmente

Publicado 04/04/2025 • 12:06 | Atualizado há 2 semanas

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Artur Horta

Artur Horta é jornalista especializado em economia e investidor profissional nos mercados de ações e commodities.

KEY POINTS

  • O "dia da libertação" chegou. Mas, infelizmente, ele ameaça "libertar" os americanos do crescimento salarial, do baixo desemprego e de boa parte de suas economias para a aposentadoria.
  • A história nos mostra que as novas tarifas impostas por Donald Trump nesta semana podem levar os Estados Unidos a um nível tarifário superior ao da lei Smoot-Hawley de 1930, que contribuiu para o agravamento da Grande Depressão.
  • Trata-se do maior aumento de impostos desde a Guerra do Vietnã, com efeitos negativos para o crescimento econômico, o emprego e os investimentos empresariais.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou novas tarifas sobre a importação de automóveis

JACQUELYN MARTIN/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O "dia da libertação" chegou. Mas, infelizmente, ele ameaça "libertar" os americanos do crescimento salarial, do baixo desemprego e de boa parte de suas economias para a aposentadoria.

A história nos mostra que as novas tarifas impostas por Donald Trump nesta semana podem levar os Estados Unidos a um nível tarifário superior ao da lei Smoot-Hawley de 1930, que contribuiu para o agravamento da Grande Depressão. Trata-se do maior aumento de impostos desde a Guerra do Vietnã, com efeitos negativos para o crescimento econômico, o emprego e os investimentos empresariais.

Em vez de fortalecer a economia americana, as tarifas elevarão custos de produção, prejudicarão a competitividade da indústria e desencadearão retaliações por parte de parceiros comerciais, potencializando o risco de uma recessão.

O impacto direto se manifestará profundamente no setor produtivo americano. Atualmente, aproximadamente metade das importações dos EUA consiste em bens intermediários cruciais para a produção de produtos finais. Com o aumento dos custos de importação, as empresas enfrentarão maiores despesas, reduzindo sua competitividade global.

Um exemplo claro é a indústria do aço: para cada emprego preservado na produção de aço nos EUA, 80 outros que dependem do aço como insumo enfrentarão dificuldades.

Para se ter uma ideia, existem estudos demonstram que na primeira guerra comercial travada por Trump, as perdas de empregos na manufatura, devido ao aumento de custos, superaram em cinco vezes os ganhos da proteção tarifária. Além disso, as retaliações comerciais tiveram impactos quase três vezes superiores aos benefícios alardeados.

Empresas já estão reagindo a essa nova realidade econômica. A Cleveland-Cliffs, uma siderúrgica de Ohio, demitiu mais de 1.200 trabalhadores em resposta ao esfriamento da demanda causado pelas tarifas. Em uma semana, suas ações caíram 11%, refletindo o medo dos investidores sobre os efeitos negativos das políticas tarifárias.

Além do impacto industrial e no emprego, o protecionismo de Trump afeta o crescimento econômico global. Tarifas elevadas podem desencadear um ciclo vicioso de retaliações, reduzindo o comércio internacional e pressionando a inflação. Durante o primeiro mandato de Trump, o déficit comercial americano até aumentou 18% entre 2017 e 2020, demonstrando a ineficácia das medidas protecionistas.

A economia dos EUA já mostra sinais de vulnerabilidade diante dessas políticas. A confiança empresarial e do consumidor caiu, com expectativas de inflação de longo prazo no nível mais alto em 30 anos. Os índices S&P 500 e Nasdaq revelam essa incerteza com quedas expressivas, enquanto o preço do ouro — um porto seguro em tempos de crise — continua a bater recordes.

Também em jogo está a posição global dos Estados Unidos. Tradicionalmente vistos como a força motriz do crescimento mundial, os EUA agora enfrentam desafios alimentados por protecionismo, instabilidade regulatória e um crescente orçamento militar. Enquanto isso, a Europa parece estar à beira de uma transformação, investindo em defesa, infraestrutura e inovação.

Apesar dos previsíveis danos econômicos, Trump e aliados persistem em justificar as tarifas com o argumento da "autossuficiência econômica". O vice-presidente JD Vance afirma que Trump vê isso como crucial para fortalecer a economia americana.

No entanto, críticos alertam que tal estratégia lembra mais o isolamento econômico de países como a Coreia do Norte do que um modelo funcional para os complexos EUA.

Politicamente, as tarifas têm forte impacto. Uma pesquisa da CBS News/YouGov revela que apenas 23% dos americanos sentem melhora financeira sob as políticas de Trump, uma queda de 19 pontos desde janeiro. As recentes eleições na Flórida, onde os democratas superaram expectativas em redutos republicanos, mostram crescente descontentamento entre os eleitores.

Até dentro do Partido Republicano há dissidências: senadores votaram contra as tarifas de Trump sobre o Canadá e o senador Rand Paul argumenta que Trump não possui autoridade constitucional para impor tais impostos.

Se Trump deseja garantir o sucesso republicano em 2026 e 2028, ele deve reconsiderar essa estratégia para prevenir danos econômicos irreversíveis. Caso contrário, o proclamado "dia da libertação" pode levar os americanos a verem suas esperanças de crescimento despedaçadas por ilusões mercantilistas de um líder que desconsidera lições históricas e econômicas.

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