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‘Se a gente quiser sobreviver no marketing, vamos precisar criar uma nova mesa’, diz fundadora da primeira agência indígena do Brasil
Publicado 15/04/2025 • 12:09 | Atualizado há 6 meses
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Publicado 15/04/2025 • 12:09 | Atualizado há 6 meses
KEY POINTS
O mercado de marketing tem aberto cada vez mais espaço para projetos com propósito e representatividade. É nesse contexto que nasce a BND, a primeira agência de marketing fundada por mulheres indígenas no Brasil, com o objetivo de ocupar espaços estratégicos e dar visibilidade a vozes historicamente silenciadas.
Em entrevista exclusiva ao Times Brasil — Licenciado Exclusivo CNBC, nesta terça-feira (15), Naiá Tupinambá, fundadora da empresa, falou sobre sua trajetória, os desafios enfrentados no mercado e a importância de valorizar a ancestralidade nos negócios.
“Comecei a empreender com 13 anos de idade, mas foi em 2018 que decidi sair da linha de frente, das exposições, e ir para os bastidores. Observando o mercado, percebi a ausência de representatividade indígena e decidi criar uma agência de marketing liderada por mulheres indígenas, eu e minha mãe”, conta.
O início, segundo ela, foi desafiador. O primeiro cliente da agência era uma operadora de turismo de luxo, distante dos valores e do público que Naiá desejava alcançar.
“Virei para a minha mãe e disse: ‘Se a gente quiser sobreviver no marketing, vamos precisar criar uma mesa e convidar pessoas que nunca foram chamadas para se sentar nela e tomar as decisões’.”
Assim nasceu a BND, em 2018, com a proposta de atuar de forma pedagógica e ampliar a inserção de indígenas no universo do marketing. O nome da agência carrega camadas de significado e memória afetiva.
“BND remete inicialmente a uma loja de bijuterias que criei aos 13 anos, chamada Brijuscksdabru. Nós, povos indígenas, temos o costume de dar continuidade às coisas. A gente não vê o tempo de forma linear, mas cíclica. Então, quis trazer o passado para o presente.”
Além disso, BND também significa “Negócios Digitais”, no plural, um posicionamento consciente de quem nunca quis limitar o próprio alcance.
Naiá pertence ao povo Tupinambá de Olivença, localizado no sul da Bahia.
“Costumo dizer que somos o povo do manto sagrado, porque fomos os primeiros a repatriar um artefato indígena que estava fora do Brasil, o manto sagrado Tupinambá, que estava em um museu na Dinamarca e voltou ao país no ano passado.”
Ela explica que o território Tupinambá abrange os municípios de Ilhéus, Buerarema e Una, e destaca a força feminina do seu povo, que conta com a segunda cacica do Brasil. Apesar da relevância histórica e cultural, o território ainda não foi oficialmente demarcado.
“É uma verdadeira vergonha para o país”, afirma.
A atuação da BND Digital é marcada pela influência direta da ancestralidade, desde a forma de pensar até a construção das estratégias.
“A nossa forma de pensar é cíclica, não linear como no marketing tradicional. Também trazemos a oralidade, que é essencial para a nossa comunicação, e uma sensibilidade maior em pautas urgentes como saúde mental, meio ambiente e diversidade.”
Segundo Naiá, a presença indígena é fundamental em discussões ambientais e sociais.
“Não existe guardião melhor dos biomas brasileiros do que os povos indígenas.”
A caminhada até grandes marcas, como a Magalu, exigiu persistência.
“No começo, nos ofereciam menos porque sabiam que éramos uma agência formada por mulheres indígenas. Isso é racismo e está presente em todos os mercados.”
Com o tempo, a agência conquistou seu espaço e hoje desenvolve projetos de impacto. Um exemplo é o núcleo de mulheres indígenas criado junto à Magalu.
“Um dos principais impasses foi o pedido para cantarmos o hino nacional, o que não fazia sentido para minha avó e para nossa cacica. Com muito diálogo, mostramos a importância do respeito à nossa identidade.”
Para Naiá, o trabalho da BND é também uma missão pedagógica.
“Muita gente ainda vê o indígena como alguém parado no tempo, como se estivéssemos no século 16. Estamos aqui, nos reinventando, com protagonismo e voz.”
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