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Tarifas do Trump

Tarifas de Trump abalam a indústria de diamantes

Publicado 16/04/2025 • 10:23 | Atualizado há 3 dias

Redação Times Brasil

KEY POINTS

  • Tarifas de 10% impostas pelos EUA sobre diamantes importados paralisaram as remessas em centros como Antuérpia e afetaram toda a cadeia global do setor.
  • Índia, principal país de polimento, pode sofrer com tarifa de até 27% se não houver acordo comercial com os EUA, comprometendo uma fatia significativa do comércio global.
  • O impacto também é sentido pelas grandes empresas do setor, como a Anglo American, dona da De Beers, e a Signet Jewelers, maior rede de joias com diamantes do mundo e listada na Bolsa de Nova York.
Diamante

As tarifas impostas pelos EUA sobre diamantes estão colapsando a cadeia global do setor, com remessas reduzidas a um sétimo em hubs como Antuérpia

Imagem de azerbaijan_stockers no Freepik

A indústria global de diamantes, avaliada em US$ 82 bilhões (cerca de R$ 483,1 bilhões), está enfrentando um de seus momentos mais difíceis. Comerciantes e especialistas alertam que o setor está virtualmente paralisado após a imposição de tarifas pelos Estados Unidos, sob a administração do presidente Donald Trump, e a intensificação da guerra comercial com diversos países.

As remessas que partem de Antuérpia, na Bélgica — um dos maiores centros de comércio de gemas do mundo, ao lado de Dubai — foram reduzidas a apenas um sétimo do volume normal, segundo Karen Rentmeesters, diretora-executiva do Centro de Diamantes de Antuérpia. Ela afirma que a situação é comparável ao choque causado pela pandemia da Covid-19.

Embora a Casa Branca tenha pausado as chamadas tarifas recíprocas por 90 dias, a tarifa básica de 10% já está em vigor e permanece valendo, inclusive para os diamantes. A medida, segundo especialistas do setor, tem efeitos colaterais profundos em uma cadeia de suprimentos complexa e globalizada. O ambiente de incerteza está afetando desde mineradoras na África, passando pelos centros de polimento na Índia, até o processo de certificação nos Estados Unidos.

“A indústria de diamantes não está em um bom momento”, disse ao Financial Times Richard Chetwode, veterano do setor e presidente da empresa de mineração Trustco Resources. “Se você de repente coloca tarifas sobre isso, está crucificando-a.” Segundo ele, não há perspectiva de que a fabricação ou beneficiamento de diamantes seja transferido para os EUA em razão das novas tarifas — portanto, o efeito é somente destrutivo para o comércio.

Um diamante típico percorre um trajeto internacional antes de chegar às mãos do consumidor. Ele pode, por exemplo, ser extraído em Botsuana, na África, comercializado em Dubai, polido na Índia e, por fim, certificado nos Estados Unidos — sendo este o único ponto da cadeia presente em território americano.

A certificação geralmente é feita pelo GIA (Instituto Gemológico da América), a maior agência do tipo no mundo, sediada na Califórnia, com 3.200 funcionários. Agora, o processo de enviar diamantes para certificação e devolvê-los para revenda está sob ameaça direta das tarifas.

Pritesh Patel, diretor de operações do GIA, afirmou que a instituição está ampliando sua atuação internacional para contornar o problema. “Estamos fortalecendo os serviços nos escritórios internacionais, especialmente em Dubai e Hong Kong, para acomodar parte do impacto”, afirmou. Segundo ele, a tarifa gera um alto nível de incerteza em toda a cadeia de valor.

O GIA também estuda se diamantes importados somente para certificação — sem comercialização interna — poderiam ser isentos por meio de instrumentos como títulos de importação temporária ou zonas de livre comércio.

A Índia, responsável por polir mais de 90% dos diamantes vendidos no mundo, pode ser uma das maiores prejudicadas pelas tarifas americanas. Como os diamantes acabados são considerados originários do país onde são polidos, a indústria indiana pode enfrentar uma tarifa de até 27% para exportar aos EUA — a menos que ambos os países entrem em um acordo.

Analistas apontam que a guerra comercial pode afetar de forma duradoura a demanda global, que vinha mostrando sinais de recuperação após anos difíceis com a pandemia e a crescente concorrência dos diamantes cultivados em laboratório. Segundo Paul Zimnisky, analista independente, “quando há incerteza, as pessoas hesitam em comprar ou investir. Isso afeta especialmente itens de luxo como diamantes.”

O impacto também é sentido pelas grandes empresas do setor. A Anglo American, dona da De Beers, desvalorizou o ativo em US$ 4,5 bilhões (R$ 26,5 bilhões) nos últimos dois anos devido às condições de mercado desfavoráveis. A companhia está se preparando para abrir o capital da De Beers ainda em 2025, como parte de uma estratégia de reestruturação.

Do lado do varejo, a Signet Jewelers, maior rede de joias com diamantes do mundo e listada na Bolsa de Nova York, informou aos seus fornecedores que não irá arcar com os custos extras das tarifas nos pedidos já feitos. Em uma carta obtida pelo Financial Times, a empresa afirma que os fornecedores deverão absorver os impactos e orienta que os envios sejam acelerados, com foco nos meses de abril e maio.

* Com informações do Financial Times

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