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Análise Exclusiva Marcelo Favalli

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Publicado 25/04/2025 • 21:36 | Atualizado há 20 horas

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Marcelo Favalli

Marcelo Favalli além de jornalista é Mestre em Relações Internacionais pela PUC e professor nos cursos de pós-graduação de Política Contemporânea, da FAAP e do MBA em Comunicação e Política da USP. Dos 27 anos de profissão, na imprensa, dedicou 18 deles à cobertura estrangeira. Foi correspondente na América Latina e no Estados Unidos.

Voltamos a falar de um novo choque de gigantes, Estados Unidos e China. Agora, saindo um pouco desse universo do tarifaço e indo para as profundezas do oceano, literalmente, porque há pelo menos uns 50 anos isso já é discutido, explorado, desenhado. O que parece ficção científica: tirar metais pesados do fundo do assoalho oceânico.

Para todo mundo entender, para que essa história faça um pouco mais de sentido, preciso voltar no tempo: 4.5 bilhões de anos, na formação do planeta, porque as propriedades da física são as mesmas desde sempre.

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Vamos pensar na formação do planeta depois da explosão ali do universo. Tudo o que é denso, mais pesado, tende a ir pro fundo. Se você colocar uma placa de chumbo numa banheira, ela vai afundar se ela não for oca. Se a gente pensar em metais pesados, como ferro, cobre, lítio, a tendência é que eles tenham se concentrado mais para o centro da Terra do que na superfície, obedecendo as leis da física.

Seguindo este princípio da física e olhando a formação do nosso planeta, muito foi para o centro da Terra. Então, as milhões, senão bilhões de toneladas de minério que a gente já tirou, majoritariamente, a esmagadora maioria são das partes secas do planeta, dos continentes. A questão é que esses metais não são renováveis. Conforme nós vamos consumindo, eles vão acabando.

A alternativa para uma evolução, sendo que nós estamos num passo em que a tecnologia avança a passos mais largos, a necessidade da gente buscar outras fontes desses recursos é cada vez mais urgente. A China, de novo, nesse confronto aí de hegemonia contra os Estados Unidos no século 21, já começou a ampliar esse tipo de técnica.

Não é ficção científica, já acontece. Navios construídos especialmente para esse tipo de técnica puxam sedimentos, fazem um tipo de filtragem, jogam o resto dessa água filtrada para que dispositivos ainda ligados a esses navios tenham dois duas funções.

Primeiro, varrer o assoalho oceânico buscando esses minérios que estão nessa superfície. Depois eles são filtrados e o resto dos sedimentos voltam para um segundo processo. E claro que quando vai se aprofundando essas fossas oceânicas, vamos encontrando outros tipos de minério. E aí este mesmo equipamento, além de varrer a superfície, vai fazendo perfurações, procurando minérios mais profundos.

A gente tem cobalto, níquel e as chamadas terras raras, minérios muito difíceis da gente encontrar e que são fundamentais pra tecnologia do século 21 porque são fundamentais para as construções dos microchips. Alguns desses metais chegam a estar até 6.500 metros de profundidade, 6,5 km. E já temos tecnologia que chega a esse ponto de profundidade para procurar minérios.

Afinal, onde fica isso? A gente pode explorar esses metais em qualquer parte do oceano? Não, porque há mais de meio século existem associações, organizações, encontros anuais para delimitar áreas para esse tipo de exploração. Os ambientalistas têm um critério muito claro. Esse tipo de exploração pode ser uma nova fonte de extração de metais fundamentais, mas também pode causar impacto na vida marinha. Existe um risco desse tipo de mineração destruir ecossistemas, tipos de vida marinha que sequer a ciência ainda catalogou.

O que está estabelecido é esta enorme área chamada de Planície Abissal de Clarion-Clipperton, que fica entre a costa pacífica do México e o Havaí. E as profundidades para se encontrar esses minérios, entre 3600 até 5.500 m de profundidade, quase 5,5 km.

Vale a pena esse esforço? Muito. Manganês, o que tem de tonelagem na Terra? 5,2 bilhões de toneladas. E debaixo dos oceanos? 227 bilhões de toneladas. É 4.369% a mais debaixo do mar do que na terra. Aí a gente tem nessas mesmas proporções gigantescas de diferença: titânio, cobalto, níquel. Terras raras, fundamentais pro desenvolvimento de semicondutores. Esses superchips tem 481% a mais dessas terras raras nesses solos suboceânicos do que na superfície terrestre. Vale muito a pena a gente buscar. Existe o risco ambiental, existe agora essa dificuldade por causa da tecnologia.

1.400.000 km² de toda a superfície do oceano do planeta já foram autorizados para serem buscados esses minérios. A China disparadamente tem 225 mil km de autorização. Outros países, a exemplo do Brasil ainda estão muito atrás. Os Estados Unidos estão de novo tentando correr para esse que parece, ao que tudo indica, ser grande o grande "hegemon" do século 21.

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