Economista diz que aproximação com China ajuda Brasil a ocupar “vácuo” no comércio global
Publicado 14/05/2025 • 12:27 | Atualizado há 3 semanas
6 economistas ganhadores do Prêmio Nobel escrevem carta contra projeto de orçamento de Trump: ‘Temos sérias preocupações’
Meta assina acordo de energia nuclear com a Constellation Energy
Tarifas derrubam a atividade industrial da China em maio — pior queda desde 2022
Na China, tarifas fazem pratos tradicionais americanos serem feitos com carne australiana
Ford registra aumento de 16% nas vendas em maio em meio a preços para funcionários e tarifas
Publicado 14/05/2025 • 12:27 | Atualizado há 3 semanas
KEY POINTS
Em entrevista ao Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC, nesta quarta-feira (14), a economista-chefe da Lifetime Gestora de Recursos, Marcela Kawauti, comentou sobre o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em defesa de uma alternativa ao dólar nas transações comerciais internacionais, feito durante sua viagem à China.
O presidente voltou a propor a criação de uma alternativa ao dólar nas trocas comerciais, um movimento que representa uma aproximação inédita do Brasil com o país asiático em um momento de reconfiguração da ordem geopolítica global.
Segundo Kawauti, a proposta do presidente não se refere à criação de uma moeda comum nos moldes do euro, mas sim a um instrumento mais próximo de um meio de pagamento digital internacional.
“Quando o Lula fala de uma nova moeda, é importante entender o que ele quer dizer. Não se trata de uma moeda como o euro, que de fato circula entre todos os países da União Europeia”, afirmou. “Essa nova moeda se assemelha mais a um meio de pagamento que reduziria a burocracia entre os países. Com os avanços nos meios de pagamento digitais, a convertibilidade ficaria mais simples, acelerando as transações e facilitando o comércio.”
Para a economista, a aproximação com a China ocorre em um momento estratégico para o Brasil.
Leia também: Nova rota direta entre China e Brasil deve facilitar a importação de insumos industriais e tecnológicos
“Estamos vivendo um cenário de fragmentação geopolítica. Os Estados Unidos estão cada vez mais voltados para dentro, adotando tarifas e barreiras a produtos importados. Isso acaba criando um vácuo no comércio internacional que pode ser ocupado pelo Brasil”, explicou.
Ela acrescenta que parcerias como a firmada com a China ajudam o país a preencher esse espaço.
“Por exemplo, se a China reduzir a compra de soja dos Estados Unidos, vai precisar encontrar outro fornecedor. E o Brasil é um excelente candidato.”
O saldo da viagem é considerado positivo, especialmente diante do anúncio de R$ 27 bilhões (cerca de US$ 5 bilhões) em investimentos. Kawauti pondera, no entanto, que o impacto na economia brasileira tende a ser gradual.
“O Brasil é um país com grande relevância no comércio global e tem um potencial exportador que ainda não foi totalmente explorado. Essas parcerias podem elevar o país a um novo patamar”, afirmou. “É importante lembrar que o efeito econômico de acordos como esses tende a ser suavizado ao longo dos anos. São montantes significativos, mas os investimentos entram aos poucos no país.”
Ainda assim, Kawauti destaca o simbolismo da visita.
“É como se estivéssemos construindo uma ponte entre Brasil e China, e essa ponte está ficando cada vez mais sólida.”
Mais lidas
70% dos Millennials e Geração Z no Brasil já utilizam IA no trabalho, revela pesquisa da Deloitte
Maior canal de negócios do Brasil contrata Thomaz Naves, um dos maiores nomes do mercado de mídia do país
Galípolo: 'Não devemos usar o IOF para arrecadar, e ciclo de alta de juros ainda está em discussão'
Temos avançado com Senado nas tratativas sobre autonomia financeira do BC, avalia Galípolo
JP Morgan Chase: CEO alerta sobre riscos da dívida para o mercado de títulos