Conheça a startup de moda sustentável apoiada por H&M e Amazon
Publicado 19/05/2025 • 08:45 | Atualizado há 8 horas
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Publicado 19/05/2025 • 08:45 | Atualizado há 8 horas
KEY POINTS
Fachada da loja H&M em Nova York
Divulgação/H&M
Quando Gilberto Loureiro passava os verões trabalhando em uma fábrica têxtil, ainda adolescente em Portugal, descobriu que sentia uma relação de “amor e ódio” com a forma como as roupas eram produzidas.
O trabalho era duro: Loureiro passava longas jornadas em pé, observando defeitos no tecido enquanto passava por máquinas a uma velocidade de cerca de 15 a 20 metros por minuto.
“Eu realmente amo a indústria têxtil e de resolver problemas, mas odeio esse… trabalho de inspeção, as ineficiências e o desperdício. É realmente um dos trabalhos mais difíceis do mundo”, disse Loureiro à CNBC, por videochamada.
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Na década que se passou desde seu primeiro turno no chão de fábrica, a mentalidade de Loureiro mudou. Após concluir um mestrado em física, ele cofundou a Smartex, uma empresa de tecnologia que utiliza câmeras, softwares de visão computacional e inteligência artificial para detectar defeitos em tecidos durante a produção — reduzindo, assim, a quantidade de material descartado. Segundo Loureiro, a tecnologia evitou o desperdício de 1 milhão de quilos de tecido nos últimos três anos.
A indústria da moda enfrenta um sério problema com o desperdício: segundo a Fundação Ellen MacArthur, uma organização sem fins lucrativos, a cada segundo um caminhão carregado de roupas é descartado, seja em aterros ou incinerado.
A Smartex afirma que sua tecnologia de detecção de defeitos permite que 0,37% mais peças de roupa sejam produzidas por quilo de tecido finalizado, um número relevante se considerarmos, por exemplo, que a gigante do setor, Inditex (dona da Zara), utilizou 678.596 toneladas de matérias-primas em seus produtos em 2024, segundo seu relatório anual.
Além disso, segundo Loureiro, a moda ainda não abraçou totalmente a digitalização, em parte porque isso é considerado difícil de implementar.
Produzir roupas é um processo complexo: as cadeias de suprimento são longas e fragmentadas, indo desde o cultivo e o processamento de matérias-primas, como o algodão, até a tecelagem, tingimento, criação de estampas e costura. Ao mesmo tempo, trata-se de uma indústria veloz e imprevisível.
“Se essa é a maior indústria que ainda não foi tocada pela internet e é uma das que mais poluem no mundo, e ninguém está trabalhando nisso do ponto de vista tecnológico, então existe aqui uma enorme lacuna”, afirmou Loureiro. Cerca de 20% da poluição hídrica global é causada pelo tingimento e acabamento têxtil, segundo a União Europeia.
Esse déficit tecnológico na produção de vestuário (e o potencial de tornar a indústria mais eficiente) tornou a Smartex atrativa para investidores, segundo Loureiro. O Grupo H&M investiu na Smartex em 2022, e Tony Fadell — inventor do iPod e do termostato inteligente Nest — liderou uma rodada de investimentos de US$ 24,7 milhões com a Lightspeed Venture Partners no mesmo ano. Até hoje, a Smartex já arrecadou mais de US$ 40 milhões, segundo Loureiro.
Mas, diante da complexidade do setor e das operações espalhadas por diversos países, ele diz que os investidores são “corajosos” por apoiarem a empresa. “Existe um valor enorme a ser capturado. Então, esse é um grande risco que traz uma grande recompensa”, afirmou, destacando que o setor da moda deve movimentar mais de US$ 1,8 trilhão em 2025.
A Smartex e seus investidores de peso chamaram a atenção da Amazon, que também injetou recursos na empresa por meio do programa AWS Compute for Climate Fellowship, uma iniciativa que apoia startups de tecnologia em áreas como segurança alimentar, preservação ambiental e resiliência climática. Lisbeth Kaufman, responsável pelo desenvolvimento de negócios em tecnologia climática, startups e capital de risco na AWS, lançou a iniciativa em 2023. Quatro empresas foram selecionadas na primeira edição do programa.
“Startups de tecnologia climática precisam investir muito em P&D [pesquisa e desenvolvimento]… talvez até mais do que empresas de tecnologia tradicionais. Elas precisam inventar novas ciências ou novas tecnologias, além de modelos de negócio inovadores”, disse Kaufman à CNBC por videochamada.
As empresas selecionadas para o programa têm acesso a especialistas da AWS e a serviços avançados de computação. Em 2025, vinte startups serão escolhidas, com um investimento total de US$ 4 milhões. A Smartex utiliza tecnologia da AWS para treinar seus modelos de aprendizado de máquina, capazes de identificar defeitos em tecidos, que podem variar bastante.
Loureiro passa grande parte do tempo visitando fábricas têxteis, principalmente em países asiáticos como Bangladesh e Vietnã, onde percebe que os donos das fábricas querem saber, com rapidez, em quanto tempo o investimento na Smartex se pagará.
“Se em 30 segundos ele não estiver convencido de que o retorno virá em menos de um ano, por exemplo, você está fora do jogo… Precisamos provar que eles vão economizar em materiais, fios ou energia elétrica”, explicou Loureiro.
A maioria dos donos que adota a tecnologia investe “algumas centenas de milhares de dólares” na Smartex. “Precisamos garantir que a economia seja muito, muito maior que o custo”, afirmou. Segundo o Apparel Impact Institute, o tempo médio de retorno do investimento na Smartex é de nove a 18 meses.
O objetivo da empresa é se tornar um “sistema operacional” para as fábricas ao longo de toda a cadeia de suprimento da moda, permitindo que as marcas acompanhem informações como a origem das peças, em que etapa da produção elas estão e quanto de água foi utilizada para fabricá-las. “Essas são perguntas básicas que a maioria das marcas de moda não consegue responder”, disse Loureiro.
Tony Fadell comparou o potencial da Smartex ao ecossistema de software da Apple, segundo Loureiro. “Não se trata apenas do computador, do Mac, do iPhone ou do AirPods, mas do que eles conseguem fazer juntos. Isso cria um ecossistema, uma camada adicional que se torna muito mais valiosa”, concluiu.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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