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Montadoras chinesas inundam o Brasil com carros elétricos e gera reação de players estabelecidos
Publicado 19/06/2025 • 11:50 | Atualizado há 1 mês
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Publicado 19/06/2025 • 11:50 | Atualizado há 1 mês
KEY POINTS
Divulgação/GWM
A linha Haval foi desenvolvida exclusivamente para o Brasil
O maior navio transportador de carros do mundo – com o equivalente a 20 campos de futebol de veículos – completou sua primeira viagem no final do mês passado, atracando no porto de Itajaí, no Brasil. Mas nem todos estão comemorando sua chegada.
A BYD, principal produtora chinesa de veículos elétricos e híbridos plug-in, está oferecendo aos consumidores brasileiros opções relativamente baratas em um mercado onde o movimento de carros ecológicos ainda está no início. Autoridades e líderes sindicais da indústria automotiva brasileira estão preocupados que a grande quantidade de carros da BYD e de outras montadoras chinesas possa prejudicar a produção automotiva doméstica e afetar empregos.
A BYD tem implantado uma frota crescente de navios cargueiros para acelerar sua expansão internacional, com o Brasil se tornando seu principal alvo, segundo análise da Reuters sobre dados de transporte e declarações da empresa. O carregamento do final de maio foi o quarto navio da montadora chinesa a atracar no Brasil este ano, totalizando cerca de 22 mil veículos, de acordo com cálculos da Reuters.
O Brasil emergiu como um ponto crucial na rápida expansão global da indústria automotiva chinesa. Um crescente excedente de novos carros produzidos nas fábricas chinesas levou a um boom de exportação nos últimos cinco anos, ajudando a China a superar o Japão em 2023 para se tornar o maior exportador de veículos do mundo. Grande parte desse excesso está sendo enviado para o exterior, para mercados como Europa, Sudeste Asiático e América Latina.
O Brasil é um destino atraente devido ao seu grande mercado – é o sexto maior mercado automotivo em volume – onde players estabelecidos como Volkswagen, General Motors e Stellantis, fabricante do Jeep, têm construído carros localmente há décadas.
O governo brasileiro estabeleceu políticas para aumentar as vendas de carros elétricos e híbridos plug-in, especialidade da BYD. Enquanto isso, o caminho para o crescimento da BYD em outros lugares se estreitou, tanto nacionalmente quanto no exterior. Em casa, a empresa está envolvida em uma acirrada guerra de preços que a levou a reduzir o preço do seu modelo de entrada, o Seagull, para menos de US$ 10 mil (aproximadamente R$ 48 mil), pressionando as margens de lucro. No exterior, governos erigiram barreiras comerciais rígidas para os carros chineses, incluindo uma tarifa de 45,3% na Europa e uma tarifa de mais de 100% nos Estados Unidos, além de uma proibição de softwares chineses em carros.
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Por anos, autoridades brasileiras tomaram medidas para proteger o mercado do acesso irrestrito por parte das montadoras chinesas. Mas foi mais lenta para reagir e menos agressiva que outras nações. Em 2015, o Brasil eliminou tarifas para fabricantes como a BYD para incentivar a adoção de veículos elétricos, mas no ano passado reintroduziu uma tarifa de 10% sobre carros elétricos para estimular o investimento na indústria automotiva doméstica. A tarifa está programada para aumentar a cada seis meses até atingir 35% em 2026.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil disse à Reuters que um pedido da associação automotiva brasileira, ANFAVEA, e de outros, para antecipar a tarifa mais alta está em revisão.
“O cronograma para a retomada gradual das tarifas, com cotas decrescentes, foi estabelecido para permitir que as empresas continuem com seus planos de desenvolvimento e respeitem a maturidade da manufatura no país”, acrescentou um porta-voz do ministério.
A BYD e outras empresas chinesas também estão aproveitando uma política no Brasil que permite importar sem taxas até US$ 169 milhões (aproximadamente R$ 812 milhões) para híbridos plug-in importados até julho de 2025 e US$ 226 milhões (aproximadamente R$ 1,08 bilhão) para carros totalmente elétricos. Isso incentiva o envio antecipado de veículos para tirar proveito total das cotas isentas de taxas antes que expirem, disseram analistas.
A estratégia de exportação da BYD depende de a montadora conseguir continuar aumentando os embarques sem provocar resistência das autoridades locais. Mas representantes da indústria no Brasil estão cada vez mais preocupados que os planos da BYD de iniciar a produção de veículos locais estejam sendo adiados.
Em 2023, autoridades do governo aplaudiram o plano da BYD de comprar uma antiga fábrica da Ford no estado da Bahia, vendo isso como uma forma de criar empregos na manufatura e impulsionar a transição verde do país. Mas uma investigação sobre abusos trabalhistas no canteiro de obras atrasou o cronograma para produção “totalmente funcional” para dezembro de 2026, disseram autoridades locais em maio.
Outra montadora chinesa, a GWM, também adiou por mais de um ano seu plano de começar a fabricar carros em uma antiga fábrica da Mercedes-Benz. O governo brasileiro espera que a planta comece a operar este ano.
“Apoiamos a chegada de novas marcas ao Brasil para produzir, promover o setor de componentes, criar empregos e trazer novas tecnologias”, disse Igor Calvet, presidente da ANFAVEA, à Reuters. “Mas a partir do momento em que um excesso de importações causa menor investimento na produção no Brasil, isso nos preocupa.”
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Da Silva, da IndustriALL, disse que sua confederação de sindicatos não ouviu falar de nenhum relacionamento com fornecedores locais sendo desenvolvido ou contratos sendo assinados para a fábrica da BYD, como normalmente se esperaria 18 meses antes do início da produção.
“Mesmo que a fábrica esteja aqui – qual é realmente o valor que ela está agregando se os componentes, desenvolvimento e tecnologia vêm todos de fora?” disse da Silva.
A BYD não respondeu a um pedido de comentário sobre sua rede de fornecedores.
O governo do Partido dos Trabalhadores, de esquerda, do presidente Lula da Silva está se esforçando para proteger empregos e o meio ambiente, enquanto busca reviver a economia industrial do Brasil e restaurar suas credenciais verdes antes de sediar a cúpula global do clima COP30 em novembro deste ano.
Ainda assim, o incipiente movimento de carros verdes do país depende de importações chinesas, que representam mais de 80% das vendas de carros elétricos no Brasil, de acordo com a associação de veículos elétricos do Brasil, ABVE.
O país possui abundantes recursos minerais, incluindo lítio e outros ingredientes-chave para fabricar baterias para veículos elétricos. Mas a infraestrutura para produzir todos os componentes necessários para carros elétricos ainda não existe, disse Ricardo Bastos, diretor de relações governamentais da GWM Brasil e presidente da ABVE.
A GWM, que comprou uma fábrica no Brasil em 2021 com capacidade para 50 mil carros por ano e deve começar a produzir seu SUV Haval H6 lá em julho deste ano, está em negociações com cerca de 100 fornecedores baseados no Brasil para firmar contratos, disse Bastos à Reuters.
“Este ano, carros importados coexistirão ao lado de carros produzidos no Brasil”, disse Bastos.
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