Cenário global de conflitos é “faca de dois gumes”, diz economista ex-Banco Mundial e FMI

O conflito entre Israel e Irã traz muitos impactos para a economia global, principalmente para o petróleo Brent que vem sofrendo um aumento nos preços e fechou, nesta quinta-feira (19), em U$ 72.

Em entrevista exclusiva para o Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC, o economista Otaviano Canuto, que foi vice-presidente e diretor executivo no Banco Mundial, diretor executivo no FMI e vice-presidente no BID, explica esses impactos na economia global.

De acordo com Canuto, para entender o aumento nos preços de petróleo é preciso levar em conta a presença do Irã na oferta global e que cerca de 20% da oferta global e boa parte do gás do Oriente Médio passa pelo Estreio de Ormuz, controlado pelo Irã.

Somente no mês passado, o país exportou 1,8 milhão de barris por dia de petróleo bruto, o que representa cerca de 2% da demanda global. Além disso, existem muitos locais de produção de petróleo no Golfo que estão no alcance de mísseis iranianos.

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Para países emergentes, o Brasil em particular, o preço do petróleo mais alto, dada a condição do país de exportador líquido de petróleo, traz um ganho mas por outro lado se os choques de preços de petróleo se transmitirem para políticas monetárias mais restritivas nos nos países avançados, esse ganho no preço do petróleo pode ser compensado negativamente.

Por conta desse cenário Canuto explica que a perspectiva do impacto da guerra depende principalmente de três questões. “Se infraestrutura energética ou estratégica e as rotas de petróleo irão sofrer ataques e serão interrompidos. Se os bancos centrais irão interpretar a volatilidade do petróleo como uma espécie de ruído transitório ou como risco inflacionário. E terceiro, como que os mercados de câmbio de países emergentes e mercados de capitais globais vão responder se o conflito se prolongar.”

Otaviano Canuto também explicou que o cenário mundial de conflitos, não só entre Israel e Irã, mas de países como Ucrânia e Rússia ou China e Taiwan, irá representar um agravamento da situação fiscal dos países. “É uma faca de dois gumes”, diz. “A rivalidade e a fragmentação da economia global é um fato concreto da atualidade”, completa.

Além disso, Canuto comentou sobre a situação atual dos Estados Unidos no conflito atual. O envolvimento de Trump neste conflito ainda não foi concreto porque apesar do conflito ter sido iniciado por Israel, somente a tecnologia e armamento dos EUA podem cumprir os objetivos israelenses, mas ao que tudo indica os EUA não irão atacar o Irã, já que não isso não traria nenhum retorno político para eles.

O economista finaliza afirmando que a possibilidade da parada total dos bombardeios seria a menos desastrosa, mas que ele acredita que o conflito irá continuar.

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