Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no
Turismo na Europa: sonho econômico ou pesadelo urbano?
Publicado 26/06/2025 • 12:13 | Atualizado há 2 meses
Executivos do setor solar alertam que ataque de Trump às renováveis pode causar crise energética e disparar preço da luz
Secretário de Comércio confirma que governo dos EUA é dono de 10% das ações da Intel
Meta fecha acordo com Google Cloud de mais de US$ 10 bilhões
Texas Instruments anuncia Megaprojeto de US$ 60 bilhões onde a Apple fará chips para iPhone
Agentes do FBI realizam busca na casa de John Bolton, ex-conselheiro de segurança nacional de Trump
Publicado 26/06/2025 • 12:13 | Atualizado há 2 meses
Fonte: autor com imagem gerada pelo ChatGPT
Talvez o episódio mais emblemático dessa crise tenha ocorrido na semana passada, com o fechamento inesperado do Museu do Louvre.
O turismo sempre foi celebrado como motor de desenvolvimento. Gera divisas, empregos, promove o intercâmbio cultural e dinamiza regiões antes esquecidas no mapa.
Em excesso, transforma cidades em vitrines, moradores em figurantes e a qualidade de vida em slogan publicitário.
A Europa vive essa tensão: entre a euforia econômica do turismo e seus efeitos colaterais urbanos, sociais e ambientais.
Talvez o episódio mais emblemático dessa crise tenha ocorrido na semana passada, com o fechamento inesperado do Museu do Louvre. Milhares de turistas foram surpreendidos por uma paralisação de funcionários que denunciaram a superlotação, a sobrecarga de trabalho e a precariedade da infraestrutura.
O Louvre, que recebeu 8,7 milhões de visitantes em 2024, enfrenta problemas como vazamentos, variações de temperatura e salas abarrotadas, especialmente em torno da Mona Lisa. O fenômeno do turismo em massa compromete não apenas a experiência do visitante, mas a própria preservação do acervo.
Segundo dados da WTCC, o setor de viagens e turismo contribuiu com US$ 10,9 trilhoes para a economia global em 2024, o equivalente e cerca de 10% do PIB global com a Europa liderando o movimento. França, Espanha, Itália e Grécia são os principais destinos, com dezenas de milhões de visitantes ao ano e receitas bilionárias:
A título de comparação, o Brasil recebeu 6,6 milhões de turistas em 2024, com 6,3 bilhões de euros em receitas. (0,3% do PIB).
Barcelona, por exemplo, virou atração de si mesma: com 26 milhões de turistas em 2023 — mais de 15 vezes sua população — viu manifestantes com pistolas d’água gritando “turistas, voltem para casa”.
Apartamentos viram Airbnbs, padarias viram lojas de souvenir — e a vida real é empurrada para longe. Em festas populares, vizinhos atiram água e ovos em turistas. Lojas de bairro fecham para dar lugar a comércios voltados à demanda estrangeira. Moradores relatam a impossibilidade de circular por suas próprias cidades. O ruído, os congestionamentos, a sujeira e a especulação imobiliária tomaram os bairros tradicionais. A cidade proibiu aluguéis para turistas a partir de 2028.
O sentimento se espalha: 48% dos catalães dizem que há turistas demais; protestos não se limitam à Barcelona, se multiplicam em Veneza, Lisboa, Palma, Milão e Atenas.
Aspecto | Benefícios | Efeitos adversos |
Emprego e salários | Milhões de empregos em hotelaria e serviços como transporte, refeições e entretenimentos | Empregos sazonais e precários |
Receita local | PIB, investimentos, infraestrutura | Alta de aluguéis, imóveis e custo de vida |
Comunidade | Conserva patrimônio, atrai recursos culturais | Deslocamento de moradores, gentrificação, descaracterização urbana, disruptura do tecido urbano, cultural e social |
Em 2025, cidades como Amsterdã e Veneza reforçaram políticas contra o turismo excessivo. Amsterdã elevou impostos, restringiu ônibus pesados e proibiu veículos poluentes no centro.
Veneza aplicará taxas para excursionistas em mais datas e limitou aluguéis de curto prazo, tentando frear a superlotação e preservar a moradia local.
Pompeia impôs limites diários de visitantes para proteger seu sítio arqueológico. Medidas similares foram adotadas por museus como o Louvre e o Museu da Acrópole. O controle de fluxo e a venda antecipada de ingressos visam equilibrar conservação patrimonial e turismo em massa.
A Grécia criou impostos sazonais sobre hotéis e cruzeiros, congelou licenças de aluguel em partes de Atenas e estendeu a temporada em Mykonos para redistribuir turistas.
Portugal aumentou as taxas em Lisboa, Porto e regiões insulares, alinhando-se à tendência de financiamento sustentável do turismo.
O Reino Unido lançou a ETA, autorização digital de entrada, que atua como taxa turística. Escócia e País de Gales discutem medidas semelhantes.
Essas ações sinalizam um esforço europeu coordenado para proteger o tecido urbano e cultural das cidades, promovendo um turismo mais equilibrado e responsável.
Cidades não são palcos. Patrimônio não é mercadoria. Organizar o turismo é essencial para que ele siga sendo um ativo econômico — e não um passivo civilizacional. Quando um museu fecha por excesso de visitantes, não é apenas o turismo que colapsa: é o próprio sentido da cidade que se esvai.
—
📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:
🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais
🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562
🔷 ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube
🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings
Mais lidas
Alckmin sobre tarifaço de Trump: ‘Se depender de nós, acaba amanhã’
Dois navios cruzeiros vão ter 6 mil leitos para participantes da COP30; governo criou força-tarefa para ajudar delegações com hospedagem
Programa Conecta gov.br alcança economia estimada de R$ 3 bilhões no primeiro semestre de 2025 com integração entre sistemas
CCJ do Senado pauta PEC da autonomia financeira do Banco Central para 20 de agosto
Semana começa tensa para agronegócio com expectativa de recursos contra suspensão da Moratória da Soja