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Turbulência, tarifas e turismo: crise política ameaça frágil recuperação da Tailândia
Publicado 04/07/2025 • 07:37 | Atualizado há 9 horas
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Publicado 04/07/2025 • 07:37 | Atualizado há 9 horas
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Foto por CHANAKARN LAOSARAKHAM / AFP
Manifestantes se reúnem para exigir a remoção da primeira-ministra tailandesa, Paetongtarn Shinawatra, do cargo no Monumento da Vitória, em Bangkok, em 28 de junho de 2025.
Após a suspensão da primeira-ministra da Tailândia, Paetongtarn Shinawatra, na terça-feira, por decisão do Tribunal Constitucional do país, analistas projetam um futuro conturbado para a nação do Sudeste Asiático.
Paetongtarn foi afastada após o tribunal aceitar uma petição assinada por 36 senadores que a acusam de desonestidade e violação de padrões éticos.
A decisão foi motivada por um vazamento de uma ligação telefônica entre Paetongtarn e o ex-primeiro-ministro do Camboja, Hun Sen. Na gravação, ela teria criticado um comandante militar tailandês responsável por uma disputa de fronteira com o país vizinho, enquanto, segundo críticos, tentava agradar o líder cambojano.
A premiê suspensa tem agora 15 dias para responder às acusações. O atual primeiro-ministro interino, Phumtham Wechayachai, é o sexto a ocupar o cargo em apenas dois anos.
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“Não vejo chance de ela voltar ao cargo, pois agora há um esforço coordenado entre os militares e seus aliados para acabar de vez com os Shinawatra, especialmente Thaksin”, afirmou Joshua Kurlantzick, pesquisador sênior para o Sudeste e Sul da Ásia no Council on Foreign Relations, à CNBC.
Kurlantzick se referia a Thaksin Shinawatra, pai de Paetongtarn e primeiro-ministro da Tailândia entre 2001 e 2006. A irmã mais nova de Thaksin, Yingluck Shinawatra, também foi primeira-ministra do país, de 2011 a 2014.
As consequências do telefonema vazado levaram o Bhumjaithai, segundo maior partido da coalizão governista, a abandonar a aliança, deixando Paetongtarn com maioria mínima na câmara baixa do Parlamento.
Embora ainda seja possível que o partido Pheu Thai de Shinawatra continue no poder por ora, Kurlantzick avalia que o governo está “extremamente instável” e pode ruir “em um ou dois meses”. Segundo ele, o Pheu Thai “está extremamente impopular”.
Sreeparna Banerjee, pesquisadora associada da Observer Research Foundation, disse à CNBC que, mesmo que Paetongtarn retorne ao cargo, “sua autoridade e sua coalizão permanecerão frágeis”.
A instabilidade política pode atrapalhar os esforços da Tailândia para reaquecer a economia, que enfrenta fraco desempenho do turismo e tarifas iminentes da administração Trump.
Banerjee apontou que, sem uma liderança estável, “a capacidade da Tailândia de responder com firmeza a pressões econômicas externas, como as possíveis tarifas dos EUA, será limitada”.
Sob as tarifas “recíprocas” anunciadas pelo presidente Donald Trump em abril, a Tailândia poderá ser alvo de uma alíquota de 36% caso não haja acordo com os Estados Unidos até 9 de julho, quando expira a suspensão de 90 dias imposta por Trump.
A pesquisadora também observou que, embora o país deva manter as políticas do governo de Paetongtarn, com foco em estímulos e competitividade nas exportações, a ausência de uma liderança forte pode dificultar a implementação dessas medidas e complicar negociações comerciais.
“A confiança dos investidores pode enfraquecer, e a lentidão da burocracia pode atrasar respostas cruciais justamente quando a Tailândia precisa de direção clara e coordenação para reanimar sua economia estagnada.”
Na quinta-feira, o Banco Mundial revisou fortemente para baixo a projeção de crescimento da Tailândia em 2025, de 2,9% para 1,8%. A previsão para 2026 também caiu, de 2,7% para 1,7%.
A economia tailandesa cresceu 3,1% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior, e 2,5% em todo o ano de 2024.
O pessimismo também é visível nos mercados: o índice SET do país acumula queda de cerca de 20% no ano.
Paul Gambles, cofundador do grupo de consultoria financeira MBMG Group, disse ao programa Squawk Box Asia, da CNBC, que as tarifas talvez não sejam o maior problema do país. Para ele, as questões domésticas prevalecem.
“Vários problemas estruturais de longo prazo estão vindo à tona no pior momento possível para a Tailândia.”
Embora a dívida das famílias esteja no menor nível em cinco anos, a relação entre dívida e PIB continua mais alta do que em outros países do Sudeste Asiático, o que levanta preocupações sobre consumo e crescimento econômico.
O setor de turismo, essencial para a economia, também sofre pressão. Nos seis primeiros meses de 2025, o número total de visitantes caiu 12% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados do governo. O número de turistas vindos da China, principal mercado para a Tailândia, recuou 34% no mesmo intervalo.
A imprensa local informou que o país deve ficar abaixo da meta de 39 milhões de turistas em 2025, segundo a Associação de Agentes de Viagens da Tailândia.
A paralisia política deve continuar por algum tempo, afirmou Kurlantzick, do CFR.
Em 2023, o partido Move Forward, liderado pelo carismático Pita Limjaroenrat, surpreendeu a elite militar e monarquista com uma vitória eleitoral.
No entanto, o partido não conseguiu formar governo devido à oposição no Senado, nomeado pelos militares, à sua campanha para reformar a lei de lesa-majestade da Tailândia. Um ano depois, o Move Forward foi dissolvido pelo Tribunal Constitucional, levando à formação do Partido do Povo, hoje principal força de oposição.
“Talvez, com o tempo, surja algum tipo de coalizão mais palatável para os militares no Parlamento. Talvez haja uma nova eleição, e os militares tentem impedir que a oposição alcance maioria”, disse Kurlantzick.
Gambles, do MBMG, comentou: “Turbulência política interna na Tailândia dificilmente é novidade. Para ser honesto, isso já virou o padrão por aqui.”
“Podemos ter uma troca de primeiro-ministro. Podemos ver mudanças significativas no Parlamento, no gabinete. Mas acho que tudo continuará do mesmo jeito de sempre: o mesmo jogo de sempre.”
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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