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Nas discussões do segundo painel, o representante da UNICEF no Brasil, Joaquín González-Alemán, apontou questões de desigualdade social, que afetam todos os aspectos da vida na América Latina.
“Quando pensamos em educação, as crianças da américa latina, cerca de 70% delas quando chegam aos 10 anos, não conseguem ler e compreender um texto, isso é muito preocupante. No Brasil nós estamos vendo uma melhora, temos a busca ativa, que busca crianças em todo lugar para levar para a escola, e reflete em uma evolução, uma criança que não consegue aprender, vai crescer sem muitas outras capacidades”, afirmou.
O gerente-geral do setor de vacinas da Sanofi Brasil, Guilherme Pierart, afirmou que apesar de serem uma empresa farmacêutica, a biodiversidade é vital no negócio. Segundo ele, o Brasil representa o maior laboratório de pesquisas de novas moléculas com sua riqueza natural.
“Faz uns 6 anos que a mudança climática está integrada ao nosso modelo de negócios, e é uma coisa que não se volta atrás. Somos uma empresa de saúde, então das nossas ODSs, nosso primeiro ponto é acesso a saúde, o segundo ponto é redução do impacto e o terceiro é a resiliência do sistema de saúde. Mas um dado que interessa é que 70% do nosso pipeline está voltado a doenças ligadas à mudança climática, por exemplo Asma e outras doenças crônicas”, disse.
Maria Netto, diretora-executiva Instituto Clima e Sociedade (ICS), ressaltou a importância de conversar sobre a importância do clima com todos os setores, especialmente o agro.
“Se a gente olhar a questão climática, olha o que aconteceu no Rio Grande do Sul no ano passado, o clima não vai mudar, mesmo com mudanças geopolíticas, não dá para apagar o sol com o dedo”, ressaltou, dizendo que o clima não é separado da economia.
“Quando a gente fala de clima, falamos de modelos de desenvolvimento. Vamos pegar o setor agrícola, ele pode remover emissões, ser parte da solução e não pode ignorar o impacto do clima, porque isso afeta a produção dele mesmo. O Brasil lançou o programa Caminho Verde, pelo Ministério da Agricultura, para recuperar áreas degradadas, são excelentes oportunidades, assim como a plataforma de investimento EcoInvest, que podem ser usados para modelos blended para trabalhar com o setor privado para ajudar a escalar esses investimentos”, completou.
Primeiro a falar no painel 2, Ricardo Mussa, ex-Raízen e atual chair da SBCOP30, apontou ter visto uma grande perda de interesse das empresas e CEOs a respeito da sustentabilidade, especialmente após a eleição de Donald Trump.
“Desde quando eu fui para Davos, em janeiro, houve uma mudança que não é pequena, a lista de prioridades dos CEOs mudou, a questão da sustentabilidade perdeu importância, o hype diminuiu, no entanto, a tendência continua”, apesar da perda do hype”, disse.
Segundo ele, houve uma filtragem, projetos ruim saíram do radar, mas a tendência não vai mudar.
“Eu nunca encontrei ninguém que fosse realmente contra a agenda climática. O que mais pega hoje é a questão de retorno econômico, pragmática, uma coisa de curto prazo x longo prazo, então não adianta falar de 2050 e não falar aqui do agora. Muitas empresas estão mais pragmáticas com o curto prazo, e o foco no que está funcionando, mas o Norte não mudou, quando você vê as ODS, todas estão nas estratégias das empresas”, completou.
Fim do painel 1, que debateu o papel do setor privado nas conversas sobre ações sustentáveis e a agenda climática.
Logo mais vai começar o painel 2, que vai tratar do foco no papel das empresas em alinhar crescimento e sustentabilidade, inovação tecnológica e parcerias estratégicas.
Em sua fala, o CEO da Farmacias Similares, membro do International Council Member da UNICEF, Víctor González Herrera, compartilhou sua preocupação com as mudanças climáticas, especialmente as que vem observando no México, seu país, ao longo dos últimos anos.
“Os desastres naturais aumentam ano após ano, inclusive no México, todo mundo está preocupado, nós estamos trabalhando para ajudar diferentes escolas a implementar sistemas de coleta de água, por exemplo, que é uma questão que preocupa no México, a falta de chuva está fazendo com que muitas crianças não tenham água para sequer lavar as mãos na escola”, disse.
“O Brasil é um lugar muito interessante, cerca de 88% da matriz elétrica vem de renováveis, e o país busca dia a pós dia descobrir maneiras de ampliar ainda mais essa matriz limpa, encorajando as pessoas a participar do debate, muitos dos meu clientes olham o Brasil com interesse, realmente impressionados com esses dados, e muitos querem fazer parte do desenvolvimento desses sistemas renováveis e também no reflorestamento da Amazônia”, disse Dolph Habeck, head de Soluções Sustentáveis para as Américas da SMBC.
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Para Natália Resende, secretária estadual do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo, é muito importante o setor privado estar presente nessas conversas sobre transição energética, e participando ativamente desse tema.
“Estamos desenvolvendo um plano climático no estado de São Paulo, que será submetido a apreciação pública, na qual todos poderão dar contribuições, com ações e práticas para ajudar as empresas do estado a convergir e participar deste momento e que todas possam caminhar sob o mesmo objetivo”, pontuou.
Segundo ela, o plano de energia em elaboração está absorvendo as potencialidades e oportunidades do estado de São Paulo, como biogás, tratando a transição de combustíveis com responsabilidade, incluindo todo tipo de indústrias e serviços, como transportes, saneamento, que estão buscando melhorar suas práticas.
“Nós descobrimos que temos uma grande chance de desenvolver biometano em São Paulo”, disse. Biometano é um gás natural que pode ser extraído através do lixo, por meio de usinas de compostagem.
“São Paulo produz 44 mil toneladas por dia de compostos que podem extrair esse lixo e destinar para melhorar toda a cadeia, em São Paulo, que particularmente concentra grande parte do setor de transportes, com concessionárias, e assim pode inspirar os planos de Brasília, para integrar grandes soluções de infraestrutura com soluções mais ecológicas”, completou.
Perguntado sobre empresas saindo de pactos de clima e a administração Trump incentivando esse movimento, Dolph Habeck, head de Soluções Sustentáveis, Américas – SMBC, afirmou ser um tema controverso, mas que não sente isso em suas conversas com investidores.
“È talvez controverso, algumas conversas que tenho com investidores do setor privado, assim como boa parte da comunidade de investidores, não concordam com isso, essa agenda moral. Por todos os espectros políticos, eu vejo essa inclinação ao modelo sustentável, incluindo os stakeholders”, completou.
Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável – CEBDS, foi a primeira convidada a falar e ressaltou que a transição energética é tratada no Brasil como uma agenda de Estado, não como uma agenda de direita ou esquerda.
“É um prazer fazer parte dessa discussão, em especial com o setor privado, o Brasil é um dos países que fazem parte dessa solução de mitigar e propor soluções sustentáveis, assim como nossos vizinhos, Colômbia, Peru, também o México e outros países latino-americanos. A COP30 será uma grande oportunidade para expor essas ideias. Temos a legitimidade de sediar a COP30 aqui, o nos dá a oportunidade de endereçar também as nossas demandas e projetos de sustentabilidade”, completou.