“Apesar de Trump”, investimento global em energia renovável chegará aos trilhões de dólares em 2025; entenda

Apesar das investidas políticas contrárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação à agenda de energia renovável, o setor deve fechar 2025 com US$ 3,3 trilhões (R$ 18,2 trilhões) em investimentos – quase o dobro do volume aplicado globalmente em energia fóssil. A informação é do especialista em sustentabilidade Carlo Pereira, entrevistado pela Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC nesta terça-feira (24).

“As energias renováveis passaram a ser mais baratas do que a energia fóssil em todo o mundo – e aí é uma regra de mercado. Você não vai gastar mais dinheiro por causa de uma narrativa política. O mercado não vai fazer isso, as empresas não vão fazer isso. E os acionistas dessas empresas não vão deixar”, afirma Pereira.

Ele destaca que 2025 foi um ano particularmente difícil para a agenda global de sustentabilidade, impactando diretamente o setor de energias renováveis, em grande parte devido aos discursos conservadores e antiambientais do governo norte-americano. “A gente se lembra que, há pouco tempo, na pré-COP30 em Belém, ele afirmou que a crise climática era a maior enganação da história. A agenda da sustentabilidade não sofreu apenas um ataque narrativo, mas também impactos concretos, com empresas desinvestindo ou desacelerando fortemente”, explica.

Enquanto os Estados Unidos desmontam legislações de incentivo à sustentabilidade, o contraponto à retórica trumpista é a China, segundo Pereira. “A China entendeu há muito tempo que esse é o futuro e passou a investir pesadamente. Cerca de 70% das tecnologias ligadas à sustentabilidade e às energias limpas estão hoje concentradas no país”, afirma.

Pereira ressalta ainda que o avanço do investimento global em renováveis está cada vez mais ligado à segurança energética, e não apenas à transição energética. “O foco é garantir o suprimento de energia para toda a população. E vale lembrar: a energia mais barata hoje é a renovável. Uma coisa está diretamente ligada à outra”, conclui.

Cauê Rigamonti

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