Polícia Federal entra em investigação de casos de intoxicação por metanol, bar na região nobre de São Paulo é fechado, falsificações geram prejuízo bilionário

O Ministério da Saúde identificou uma mudança significativa no perfil dos casos de intoxicação por metanol em São Paulo, caracterizando um cenário inédito para as autoridades. Até recentemente, episódios desse tipo estavam restritos a pessoas em situação de rua ou extrema vulnerabilidade, geralmente após consumirem álcool adulterado encontrado em postos de combustíveis.

No ano passado, o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) de Campinas alertou para 14 casos de intoxicação por metanol, com 11 mortes registradas entre 2022 e 2023, todos ligados ao consumo de álcool adquirido em bombas de gasolina. Agora, segundo o Ministério da Saúde, as vítimas recentes ingeriram bebidas destiladas em ambientes sociais, como bares, incluindo diferentes tipos de destilados, entre eles gin, whisky e vodka.

Medidas emergenciais e novas orientações

A pasta informou, em nota, que irá desenvolver um protocolo para orientar profissionais de saúde na identificação e manejo de suspeitas de intoxicação. A intenção é que as orientações sejam seguidas por todas as unidades de atendimento, principalmente aquelas de urgência e emergência. A decisão foi tomada em reunião extraordinária do Comitê Técnico do Sistema de Alerta Rápido do Governo Federal realizada na segunda-feira (29), e anunciada em entrevista coletiva realizada pelo Ministério da Justiça e pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira (30).

O ministro Padilha destacou durante o evento: “Normalmente, os casos estavam associados a pessoas em situação de rua ou pessoas que em ação de autoagressão, tentativa de suicídio. Estamos observando uma situação absolutamente diferente”, afirmou Padilha. Além disso, será expedido um alerta para os Procons do país, orientando fornecedores e consumidores sobre medidas de segurança na comercialização e consumo de bebidas alcoólicas.

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O que é o metanol e seus riscos à saúde

O metanol, biocombustível altamente inflamável, é produzido a partir de processos como destilação da madeira, uso da cana-de-açúcar ou de gases fósseis. Utilizado em solventes, tintas e vernizes na indústria química, o metanol pode ser ilegalmente empregado na fabricação de bebidas falsificadas. “O metanol não tem cheiro nem gosto específico. Ou seja, a pessoa não consegue identificar na bebida adulterada. Ela ingere sem se dar conta”, explicou Alvaro Pulchinelli Júnior, médico toxicologista e presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML).

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De acordo com o especialista, os sintomas iniciais da intoxicação surgem logo após a ingestão, semelhantes aos efeitos de embriaguez, como fala arrastada e lentidão nos reflexos. Horas depois, quando o organismo já metabolizou a substância, aparecem manifestações mais graves, incluindo náuseas, vômitos, tontura, fraqueza e dor abdominal. O sistema nervoso central também pode ser afetado, levando a sonolência, visão borrada e, em casos extremos, cegueira. “A pessoa passa a ter visão borrada, brilhante e diminuição da visão. Isso é extremamente importante, pois pode evoluir para um quadro de cegueira”, explicou Pulchinelli. Em situações graves, a intoxicação pode resultar em morte.

Diante de qualquer suspeita de intoxicação, o Ministério da Saúde recomenda buscar imediatamente atendimento médico. O Disque-Intoxicação da Anvisa oferece orientação gratuita pelo número 0800 722 6001. Outra opção é recorrer ao CIATox local, cuja lista de contatos está disponível no site do Ministério da Saúde. Também é possível acionar o Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI) pelos telefones (11) 5012-5311 ou 0800-771-3733, com atendimento disponível em todo o território nacional.

Maria Ferreira Santos

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