Publicado 09/12/2024 • 21:02
KEY POINTS
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central inicia nesta terça-feira (10) sua última reunião de 2024, com a expectativa de aumentar a taxa Selic.
Projeções do mercado refletidas no Boletim Focus indicam que deve haver um aumento de 0,75 ponto percentual, o que levaria a taxa básica de juros a 12% ao ano.
O encontro acontece em meio à escalada do dólar, preocupações com a inflação e incertezas fiscais, que têm pressionado o mercado financeiro.
Após dois meses de estabilidade na Selic, as expectativas de alta se intensificaram com a deterioração das expectativas inflacionárias e a percepção de que a economia está aquecida. Dados apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu mais do que o esperado, enquanto a taxa de desemprego atingiu mínimas históricas.
Esses fatores, somados à fragilidade percebida na política fiscal, criaram um cenário em que o Banco Central deve agir para ancorar expectativas.
O economista Gesner Oliveira, da FGV e sócio da GO Associados, reforçou, em entrevista ao Times Brasil, que a combinação de inflação em alta, crescimento econômico e descontrole fiscal pressiona o Banco Central a uma postura mais rígida. Para ele, a elevação de 0,75 ponto é razoável, mas o avanço para 13% dependerá de medidas concretas do governo para conter gastos públicos e reequilibrar as contas.
O câmbio também segue no centro das preocupações. O dólar atingiu R$ 6,08 nesta segunda-feira (9), maior valor nominal já registrado. Essa desvalorização do real amplia os custos de importação e pressiona os preços domésticos, impactando diretamente o IPCA. A inflação oficial deve fechar o ano em 4,84%, segundo o Boletim Focus.
O professor Aldamir Marquetti, da PUC-RS, afirma que “a volatilidade cambial adiciona um componente crítico ao cenário inflacionário, especialmente em um período de alta demanda sazonal, como o fim do ano”. Ele sugere que o Banco Central pode ter que recorrer a medidas adicionais para conter as pressões sobre os preços.
Apesar da urgência no Congresso para a tramitação de medidas fiscais, como a revisão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), o mercado ainda questiona a eficácia do pacote apresentado pelo Executivo.
Os gastos com o BPC somaram R$ 110 bilhões nos últimos 12 meses, um crescimento de 16,8% em relação ao ano anterior, reforçando as preocupações sobre a trajetória da dívida pública.
Wilson Barcellos, CEO da Azimut Brasil Wealth Management, avaliou que o Banco Central foi forçado a endurecer a política monetária diante da percepção de expansão fiscal contínua. “O mercado espera que o Congresso ofereça um mínimo de previsibilidade, mas, sem cortes efetivos, o cenário fiscal continuará pressionando as expectativas econômicas”, afirmou.
Instituições financeiras revisaram suas projeções para a Selic, prevendo um aperto monetário prolongado. O Deutsche Bank projeta uma elevação de 100 pontos-base nesta reunião, enquanto o C6 Bank estima uma taxa terminal de 13,75% em 2025. Outras instituições, como o Itaú Asset, projetam a Selic em 15% ao ano, caso a inflação não seja controlada.
Para Gesner Oliveira, uma reforma administrativa poderia melhorar significativamente as expectativas de longo prazo. “Sem cortes estruturais nos gastos, o país terá dificuldade em reverter o quadro fiscal, o que prolongará o ciclo de juros altos”, afirmou.
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