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Banco Central intervém, mas dólar fecha a R$ 6,09, um recorde nominal

Publicado 16/12/2024 • 17:26

Redação Times Brasil, com agências

KEY POINTS

  • A moeda oscilou entre R$ 6,02 e R$ 6,10 ao longo do dia, mesmo após duas intervenções do Banco Central (BC), que injetou mais de US$ 4,6 bilhões no mercado cambial.
  • O BC realizou leilões pela manhã, com US$ 1,6 bilhão à vista e US$ 3 bilhões em operações de linha (com recompra futura), buscando segurar a valorização da moeda norte-americana.
  • Apesar dos esforços, o dólar seguiu pressionado pela alta demanda no mercado financeiro.

Nesta segunda-feira (16), o dólar fechou cotado a R$ 6,0934, alta de 1,03%, alcançando um novo recorde nominal.

A moeda oscilou entre R$ 6,02 e R$ 6,10 ao longo do dia, mesmo após duas intervenções do Banco Central (BC), que injetou mais de US$ 4,6 bilhões no mercado cambial.

O BC realizou leilões pela manhã, com US$ 1,6 bilhão à vista e US$ 3 bilhões em operações de linha (com recompra futura), buscando segurar a valorização da moeda norte-americana. Apesar dos esforços, o dólar seguiu pressionado pela alta demanda no mercado financeiro.

A cotação reflete preocupações com o cenário fiscal brasileiro, a pressão sobre o pacote de cortes de gastos no Congresso e os impactos de decisões globais, como a expectativa sobre a reunião do Fed nos próximos dias.

Essa alta renova os desafios para a política cambial e eleva os custos para setores que dependem de importações.

Ibovespa B3 cai

O Ibovespa B3 se firmou em baixa e emendou a terceira perda diária nesta abertura de semana, cedendo a linha dos 124 mil na reta final. Na maior parte do dia, o índice da B3 operava colado à estabilidade, mostrando variação de apenas 675 pontos entre a mínima e a máxima, quando veio a piora em direção ao fechamento. Ao fim, marcava 123.560,06 pontos, em queda de 0,84%, no menor nível desde 26 de junho, então abaixo dos 123 mil. Na mínima de hoje, tocou os 123.495,17 pontos (-0,90%), saindo de máxima a 124.955,95 e de abertura a 124.609,81. O giro ficou em R$ 22,8 bilhões. No mês, o Ibovespa B3 cai 1,68% e, no ano, cede 7,92%.

A segunda-feira foi de continuidade na pressão sobre o câmbio e, também, de avanço da curva de juros doméstica. Na máxima de hoje, o dólar à vista foi negociado perto de R$ 6,10, mesmo com a oferta da moeda americana em leilões realizados pelo Banco Central. Ao fim, o dólar à vista marcava alta de 1,03%, a R$ 6,0934.

Até a piora na reta final, a principal ação do Ibovespa B3, Vale ON, era a fiadora da estabilidade do índice na sessão, negativa para os grandes bancos, com perdas até 1,90% (Bradesco ON, mínima do dia no fechamento), e também para Petrobras (ON -0,97%, PN -0,42%). Vale ON perdeu força em direção ao fim da tarde e mostrava leve baixa de 0,05% no fim, alinhando-se os demais pesos-pesados do índice.

Na ponta ganhadora do Ibovespa B3, destaque absoluto para a estreante do dia, Automob, que mostrava nada menos de 180,09% de apreciação no fechamento, bem positivo também para Pão de Açúcar (+15,61%) e, em menor medida, para Minerva (+5,58%). No lado oposto, Vamos (-8,45%), Assai (-6,09%) e Magazine Luiza (-5,37%).

“Mais um dia difícil, com muita incerteza fiscal ainda no radar. O recesso parlamentar começa na próxima semana e o calendário é muito apertado para que se aprove o pacote de cortes de gastos, que envolve até PEC. Tem o Orçamento para 2025 e regulamentação da reforma tributária, também, em momento em que o presidente Lula ainda está em recuperação da cirurgia. Dominância fiscal é possível: o governo está se colocando nessa situação, de beco sem saída”, diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Ele acrescenta o efeito da “péssima” entrevista de ontem à noite do presidente Lula ao Fantástico, da TV Globo, na qual Lula teria reiterado, nas palavras do analista, a perspectiva do “la garantia soy yo” na condução do fiscal. Cenários de dominância fiscal envolvem a falta de efetividade de juros altos, ante o descontrole fiscal e a desancoragem que tal descontrole produz nas expectativas.

“A disparada do dólar, que já supera R$ 6,08 e caminha para R$ 6,10, evidencia um cenário de fragilidade no Brasil. Internamente, a ausência de medidas fiscais concretas por parte do governo alimenta a desconfiança, mesmo com a taxa de juros elevada em 12,25% ao ano”, aponta Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike.

“A alta contínua do dólar segue refletindo o aumento das incertezas fiscais e a desconfiança na condução da política monetária no Brasil, mesmo que estejamos, hoje, na véspera da divulgação da ata da mais recente reunião do Copom”, da semana passada, observa Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos. Na semana, destaque também para a decisão de política monetária do Federal Reserve, na quarta-feira, 18, quando o BC americano deve voltar a cortar os juros.

Aqui, “apesar das intervenções do Banco Central hoje, a percepção de que as medidas fiscais são insuficientes para estabilizar a dívida pública mantém a pressão no câmbio”, acrescenta o analista da Ouro Preto, observando que mudança de composição na diretoria do BC, a partir de 2025, contribui para reforçar dúvidas quanto ao compromisso com o controle inflacionário, ao longo do tempo.

Em entrevista ao programa Fantástico da TV Globo na noite de ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o nível de juros em relação à inflação que se tem no País, e disse esperar uma perspectiva diferente, sem citar os nomes de Roberto Campos Neto, de saída do BC, ou de Gabriel Galípolo, que está para assumir a presidência da instituição em janeiro – em 2025, também assumirão novos diretores, inclusive para a estratégica diretoria de Política Monetária.

“Com investidores buscando ativos mais seguros, a pressão sobre o câmbio se intensifica e o Ibovespa B3 recua para baixo de 124 mil pontos, em um movimento que reforça a volatilidade do mercado brasileiro”, resume Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital.

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