A imposição da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já provoca apreensão entre produtores de frutas. A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) fez um alerta nesta terça-feira (22) sobre os impactos no escoamento de mangas, uvas e açaí – três itens que responderam por 90% das exportações do setor aos EUA em 2024, totalizando cerca de US$ 134,9 milhões.
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Segundo o presidente da entidade, Guilherme Coelho, a medida pode inviabilizar completamente a safra brasileira de manga, cuja colheita está prevista para começar na primeira semana de agosto. “A manga é o nosso maior pesadelo agora. Temos cerca de 2.500 contêineres programados para os EUA em um período curto, de 90 dias. Com essa tarifa, fica inviável exportar”, afirmou em entrevista.
Safra comprometida e risco de desperdício
Coelho destacou que a manga exportada ao mercado norte-americano é da variedade Tomi Atkins, muito consumida nos Estados Unidos, mas pouco demandada na Europa. “Não tem como redirecionar esse volume para outro destino. Se colocarmos no mercado interno, o preço despenca. A conta é simples: mandar para os EUA é prejuízo, vender aqui também não compensa. O produtor vai acabar deixando a fruta estragar no pé”, explicou.
Ainda segundo o presidente da Abrafrutas, a imposição da tarifa tem efeito imediato na operação logística e nas finanças das empresas. “Sem colheita, vem a demissão. Não tem como manter trabalhadores se não há o que embalar ou embarcar. É uma situação muito grave”, alertou.
Aumento nos preços e apelo ao diálogo
A entidade também estima que, com a nova tarifa, o preço de uma caixa de manga de 4,2 kg vendida nos Estados Unidos poderá subir de uma faixa entre US$ 5 e US$ 7 para até US$ 11 – o que comprometeria a comercialização no varejo norte-americano.
“A decisão veio de forma brusca, sem qualquer tipo de conversa prévia. Isso deveria ter sido negociado, organizado. Estamos falando de alimento que vai se perder, em um mundo com insegurança alimentar”, disse Coelho, que fez um apelo por sensatez entre os governos. “É uma taxação inadequada e sem diálogo. Esperamos que haja bom senso.”
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