O governo dos Estados Unidos citou o Brasil como um país com o qual mantém relação comercial desigual por conta de uma tarifa de 18% sobre o etanol estrangeiro.
Em comunicado, a Casa Branca disse que a taxa dos EUA sobre o etanol é de 2,5%, enquanto no Brasil é imposta uma tarifa de 18% sobre as exportações norte-americanas. Por isso, o governo de Donald Trump questiona os resultados de 2024, apontando que os EUA importaram mais de 200 milhões de dólares no combustível brasileiro, à medida que exportaram apenas US$ 52 ao Brasil.
Haddad reage
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reagiu com cautela à ameaça de tarifas adicionais imposta pelos Estados Unidos, afirmando que, apesar das declarações, a balança comercial entre os dois países é favorável aos EUA, especialmente quando se considera a área de serviços, com superávit de R$ 7 bilhões.
“Os EUA têm superávit com o Brasil, se for levado em conta bens e serviços. Em bens, é equilibrada. Se considerarmos serviços, eles são superavitários em R$ 7 bilhões”, disse Haddad.
Segundo ele, após conversas com o vice-presidente Geraldo Alckmin, chegou-se à conclusão de que o melhor é esperar antes de tomar qualquer atitude. “Diante da maneira como as medidas estão sendo anunciadas e confirmadas, vamos aguardar”, afirmou.
Haddad também disse que, embora o Brasil tenha bons acordos com grandes blocos econômicos como a China e a União Europeia, “não temos por que não ter boa relação comercial com os EUA”.
Haddad também mencionou que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), liderado por Alckmin, está fazendo um balanço das relações comerciais para garantir que “a reciprocidade seja um princípio que possa ser observado pelos dois países”.
EUA vão impor tarifas recíprocas, anuncia Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse, nesta quinta-feira (13), que decidiu impor “tarifas recíprocas” a outros países, abrindo novas frentes em uma guerra comercial global.
“Se nos impuserem uma tarifa ou imposto, nós impomos exatamente o mesmo nível de tarifa ou imposto, é simples assim”, afirmou o republicano no Salão Oval da Casa Branca. Os aliados dos Estados Unidos costumam ser “piores que nossos inimigos” em nível comercial, acrescentou.
Trump diz que EUA vão considerar sistema mais punitivo do que tarifa
Em uma postagem na plataforma Truth Social, Trump afirmou que a medida se baseará no sistema de imposto sobre valor agregado, o qual considera ser mais severo do que uma tarifa convencional.
“Não será aceitável o envio de mercadorias, produtos ou qualquer outro item por meio de outros países com a intenção de prejudicar injustamente os EUA”, escreveu. Ele ainda mencionou que os países que se beneficiarem de subsídios para tirar vantagem econômica dos Estados Unidos também estarão sob o radar da nova política.
Trump ainda ressaltou: “É uma medida justa para todos. Nenhum outro país poderá reclamar, e se algum deles achar que a tarifa dos EUA é excessiva, basta reduzir ou eliminar sua própria tarifa contra nós.”
Memorando ordena estudo sobre impactos fiscais de tarifas recíprocas
O documento assinado por Trump diz que um relatório detalhado deverá ser apresentado ao presidente dentro de 180 dias a partir da data de emissão.
Em uma declaração feita nesta tarde, o presidente Donald Trump afirmou seus planos para implementar uma série de tarifas recíprocas abrangentes, embora sem efeitos imediatos, como parte de sua contínua estratégia de tentar reequilibrar o comércio global.
“Nem mais, nem menos!”, escreveu Trump em sua conta no Truth Social, acrescentando que as novas medidas considerarão o imposto sobre valor agregado, que, segundo ele, é “muito mais punitivo do que uma tarifa”.
Análise
O comentarista Vinícius Torres Freire disse que o presidente dos EUA está tentando “inverter o jogo”, buscando abrir mercados estrangeiros para os produtos americanos e ameaçando aplicar “medidas mais pesadas” caso outros países não adotem políticas semelhantes.
Conforme Freire, Trump ordenou uma investigação sobre práticas comerciais consideradas “injustas”, como subsídios estatais e manipulação cambial, que afetariam a competitividade dos produtos dos EUA.
Ele ainda afirmou que os EUA podem adotar uma série de medidas, como “criar barreiras não tarifárias” ou “vetar exportações”, caso essas práticas injustas persistam.
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