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Haddad anuncia corte de R$ 70 bi em 2 anos, taxação de salários acima de R$ 50 mil e isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil

Publicado 27/11/2024 • 20:38

Redação Times Brasil

KEY POINTS

  • No começo da tarde foi divulgado que Fernando Haddad faria um pronunciamento na TV às 20h30 no qual anunciaria um aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para pessoas que recebem até R$ 5 mil.
  • Pouco depois do anúncio de que o ministro fará um pronunciamento sobre esse tema, os mercados de ativos financeiros começaram a reagir mal.
  • Às 18h, o ministro Haddad se encontrou com os presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) para apresentar o pacote de medidas fiscais à cúpula do Congresso. As iniciativas também foram apresentadas a líderes da Câmara.

O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, anunciou em um pronunciamento na TV uma série de medidas econômicas que o governo enviou ao Congresso. Segundo ele, a economia gerada será de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos.

Leia a íntegra do pronunciamento no fim deste texto.

Um dos anúncios é uma mudança no Imposto de Renda: quem recebe até R$ 5 mil por mês será isento, e as pessoas com renda acima de R$ 50 mil vão pagar “um pouco mais”.

Ele também disse que o salário mínimo continuará subindo acima da inflação.

Se o governo tiver déficit primário nas contas, “ficará proibida criação, ampliação ou prorrogação de benefícios tributários”. 

As aposentadorias militares serão alteradas: haverá idade mínima para que os militares passem para a reserva (aposentadoria) e um limite para a transferência de pensões.

O ministro também anunciou que o governo vai combater “privilégios incompatíveis com o princípio da igualdade”.

“Vamos corrigir excessos e garantir que todos os agentes públicos estejam sujeitos ao teto constitucional”, disse ele.

Também vão ser alteradas algumas regras das emendas parlamentares. O montante global das emendas parlamentares crescerá abaixo do limite das regras fiscais. 

As emendas das comissões do Congresso serão obrigatoriamente direcionadas ao SUS.

Expectativa durante o dia

Os anúncios foram feitos em um pronunciamento em rede nacional nesta quarta-feira (27).

No começo da tarde foi divulgado que Fernando Haddad faria um pronunciamento na TV às 20h30 no qual anunciaria um aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para pessoas que recebem até R$ 5 mil.

Durante semanas, o mercado esperava um detalhamento de quais seriam as medidas do pacote de corte de gastos, e não o anúncio de uma alteração na tabela do Imposto de Renda.

Hoje, a isenção de Imposto de Renda é para pessoas que recebem até 2 salários mínimos, ou seja, R$ 2.824.

Dólar e Bolsa

Pouco depois do anúncio de que o ministro fará um pronunciamento sobre esse tema, os mercados de ativos financeiros começaram a reagir mal.

  • O dólar começou a subir. A cotação do dólar à vista fechou em R$ 5,91, o valor nominal mais alto da história. Foi uma alta de 1,84%
  • O Ibovespa B3 fechou com baixa de 1,74%, na casa dos 127 mil pontos.
  • Os juros futuros dispararam: a taxa do DI para janeiro de 2026 encerrou em 13,50%, de 13,28% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 saltou de 13,32% para 13,62%.

Encontro com Lira e Pacheco

Às 18h, o ministro Haddad se encontrou com os presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) para apresentar o pacote de medidas fiscais à cúpula do Congresso. As iniciativas também foram apresentadas a líderes da Câmara.

Pouco depois, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que vai dar uma entrevista coletiva na quinta-feira (28) pela manhã.

Pronunciamento de Haddad

Leia abaixo a íntegra do pronunciamento do ministro.

Queridos brasileiros, queridas brasileiras, boa noite. (0:16) Nos últimos meses, trabalhamos intensamente para elaborar um conjunto de propostas que reafirma o nosso compromisso com um Brasil mais justo e eficiente. 

Este não é um esforço isolado do governo do presidente Lula, mas uma construção conjunta que busca garantir avanços econômicos e sociais duradouros. Hoje, temos sinais claros de que estamos no caminho certo. O Brasil não apenas recuperou o tempo e o espaço perdidos, mas voltou a ocupar seu lugar de destaque no mundo, entre as dez maiores economias. 

Agora, crescemos de forma consistente, com um PIB superior a 3% ao ano. O desemprego, que castigava nossa gente no período anterior, colocando milhões de famílias abaixo da linha de pobreza, hoje está entre os mais baixos da nossa história. Mais famílias estão voltando a ter renda e trabalho dignos. 

Garantimos reajustes reais para o salário mínimo e aumentamos a faixa de isenção do imposto de renda para quem ganha até dois salários. Programas como Minha Casa Minha Vida e Farmácia Popular ganharam um novo impulso. E novos programas como Pé de Meia, o Desenrola e o Acredita chegaram para combater a evasão escolar, ajudar as pessoas a recuperarem o crédito e apoiar quem quer empreender. 

O combate a privilégios e sonegação nos permitiu melhorar as contas públicas. Se no passado recente, a falta de justiça tributária manteve privilégios para os mais ricos, sem avanços na redistribuição de renda, agora arrecadamos de forma mais justa e eficiente. Cumprimos a lei e corrigimos distorções. 

Foi assim com a tributação de fundos em paraísos fiscais e fundos exclusivos dos super-ricos. Mas sabemos que persistem grandes desafios. Diante do cenário externo, com conflitos armados e guerras comerciais, precisamos cuidar ainda mais da nossa casa. 

É por isso que estamos adotando as medidas necessárias para proteger a nossa economia. Com isso, garantiremos estabilidade e eficiência. E asseguraremos que os avanços conquistados sejam protegidos e ampliados. 

 Já devolvemos ao trabalhador e à trabalhadora o ganho real no salário mínimo. Esse direito, esquecido pelo governo anterior, retornou com o presidente Lula. E com as novas regras propostas, o salário mínimo continuará subindo acima da inflação, de forma sustentável e dentro da nova regra fiscal. 

Para garantir que as políticas públicas cheguem a quem realmente necessita, nós vamos aperfeiçoar os mecanismos de controle que foram desmontados no período anterior. Fraudes e distorções atrasam o atendimento a quem mais precisa.

Para as aposentadorias militares, nós vamos promover mais igualdade, com a instituição de uma idade mínima para a reserva e a limitação de transferência de pensões, além de outros ajustes. 

São mudanças justas e necessárias. para atender as famílias que mais precisam, o abono salarial será assegurado a quem ganha até R$ 2.640. Esse valor será corrigido pela inflação nos próximos anos e se tornará permanente  quando corresponder a um salário mínimo e meio.

As medidas também combatem privilégios incompatíveis com o princípio da igualdade. Vamos corrigir excessos e garantir que todos os agentes públicos estejam sujeitos ao teto constitucional. Juntos com o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional, aprimoramos as regras do orçamento.

O montante global das emendas parlamentares crescerá abaixo do limite das regras fiscais. Além disso, 50% das emendas das comissões do Congresso passarão a ir obrigatoriamente para a saúde pública, reforçando o SUS.

Essas medidas que mencionei vão gerar uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois  anos e consolidam o compromisso deste governo com a sustentabilidade fiscal do país.

Para garantir os resultados que esperamos, em caso de déficit primário, ficará proibida criação, ampliação ou prorrogação de benefícios tributários. 

Combater a inflação, reduzir o custo da dívida pública e ter juros mais baixos é parte central do nosso olhar humanista sobre a economia. O Brasil de hoje não é mais o Brasil que fechava os olhos para as desigualdades e para as dificuldades da nossa gente. Quem ganha mais deve contribuir mais, permitindo que possamos investir em áreas que transformam a vida das pessoas. 

Reafirmamos, portanto, nosso compromisso com as famílias brasileiras, proteger o emprego,  aumentar o poder de compra e assegurar o crescimento sustentável da economia.

Exatamente por isso, anunciamos hoje também a maior reforma da renda de nossa história. Honrando os compromissos assumidos pelo presidente Lula com a aprovação da reforma da renda, uma parte importante da classe média, que ganha até R$ 5 mil por mês, não pagará mais imposto de renda. 

É o Brasil justo, com menos imposto e mais dinheiro no bolso para investir no seu pequeno negócio, impulsionar o comércio do seu bairro e ajudar a sua cidade a crescer. A nova medida não trará impacto fiscal, ou seja, não aumentará os gastos do governo. Porque quem tem renda superior a R$ 50 mil por mês pagará um pouco mais. 

Tudo sem excessos e respeitando padrões internacionais consagrados. Você sabe, essa medida, combinada à histórica reforma tributária, fará com que grande parte  do povo brasileiro não pague nem imposto de renda, nem imposto sobre produtos da cesta básica, inclusive a carne. Corrigindo grande parte da inaceitável injustiça tributária que aprofundava a desigualdade social em nosso país. 

Queridos brasileiros e brasileiras, as decisões que tomamos a partir de hoje exigem coragem,  mas sabemos que são as escolhas certas, porque garantirão um Brasil mais forte, mais justo e equilibrado amanhã. Tenho fé de que seguiremos construindo um país onde todos possam prosperar pela força de seu empenho e trabalho. Saibam que o governo do presidente Lula é parceiro de cada família brasileira nessa  caminhada. 

Com um governo eficiente, estamos construindo um Brasil mais forte e mais justo. Muito obrigado e muito boa noite.

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