Haddad: bloqueio pode ser superior a R$ 5 bi, e meta fiscal vai ser cumprida
Publicado qui, 21 nov 2024 • 9:03 PM GMT-0300 | Atualizado há 84 dias
Musk vai retirar oferta se OpenAI continuar sem fins lucrativos, dizem advogados
Com Trump apostando na criptografia, touros do bitcoin acreditam que trilhões nos balanços corporativos serão os próximos
67% dos americanos endividados com cartão cometem esse ‘grande erro’, diz especialista
AppLovin dispara 33% após queda dos lucros; veja detalhes
Apesar de tarifas de Trump, Coreia do Sul ainda é porto seguro para GM e Hyundai
Publicado qui, 21 nov 2024 • 9:03 PM GMT-0300 | Atualizado há 84 dias
KEY POINTS
Fernando Haddad em setembro de 2024
Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira (21) que o bloqueio orçamentário a ser anunciado será na casa dos R$ 5 bilhões, conforme adiantou mais cedo o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
O governo divulgará o Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas do 5º Bimestre. “Talvez seja um pouquinho mais, um pouquinho mais que isso, mas na casa dos R$ 5 bilhões. É uma pequena variação que pode acontecer dependendo de uma variável que está sendo apurada pelo Planejamento, mas é em linha com o número que foi adiantado”, disse Haddad a jornalistas após voltar de reuniões no Palácio do Planalto.
Uma das agendas foi o encontro dos ministros da Junta de Execução Orçamentária (JEO).
Com a arrecadação vindo em linha com o esperado, o governo não deve anunciar um novo contingenciamento. Haddad disse estar convencido de que o governo cumprirá a meta de resultado primário de 2024, que prevê zerar o déficit com uma banda de tolerância de 0,25 ponto porcentual do PIB. “A receita está correspondendo às expectativas nossas e do ponto de vista do cumprimento de meta conforme a LDO. Nós estamos desde o começo do ano dizendo, reafirmando contra todos os prognósticos, não vai haver alteração de meta do resultado primário. E nós estamos, já no último mês do ano praticamente, convencidos de que nós temos condições de cumprir a meta estabelecida na LDO do ano passado”, afirmou.
O ministro também adiantou que a equipe levará ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na segunda-feira, 25, pela manhã a minuta das medidas de ajuste fiscal que serão tomadas pelo governo, incluindo o acordo que foi feito com o Ministério da Defesa.
Ele espera que ao fim desta reunião com Lula já possa ser definido o horário do anúncio das iniciativas, cujos atos já foram minutados pela Casa Civil. A divulgação poderá ser na segunda ou na terça-feira, 26.
Haddad ainda classificou o arcabouço fiscal como uma regra excelente para mirar o equilíbrio orçamentário e trabalhar a trajetória da dívida, buscando a retomada da queda de juros “em algum momento do futuro próximo”. “Para que nós tenhamos tranquilidade de continuar crescendo com a inflação dentro da meta, mirando o centro, que é isso que nós queremos”, afirmou.
O economista-chefe da Warren Rena, Felipe Salto, analisou o cenário fiscal do governo federal, destacando o impacto das medidas de ajuste em discussão e os desafios para atingir as metas fiscais. Em entrevista exclusiva, ele ressaltou a importância de mexer em gastos obrigatórios e subsídios para gerar cortes estruturais significativos.
Segundo Salto, o atual orçamento público está 93,6% engessado, o que limita ações do governo e exige revisões em áreas como Previdência, abono salarial e regimes especiais, que somam mais de R$ 540 bilhões.
Embora o bloqueio de R$ 5 bilhões anunciado pelo ministro Haddad seja um passo importante, Salto acredita que ajustes mais profundos serão necessários para cumprir a meta fiscal de zerar o déficit em 2024. Ele estima que seriam necessários cortes de pelo menos R$ 43 bilhões no próximo ano para evitar o crescimento contínuo da dívida pública em relação ao PIB. Para isso, o pacote deve incluir medidas como a limitação do aumento real do salário mínimo, mudanças em programas sociais vinculados e revisão de despesas em saúde e educação.
Salto destacou que um pacote fiscal robusto, alinhado às expectativas do mercado, pode trazer reflexos positivos, como a valorização do real e a queda das expectativas de inflação. Atualmente, com o dólar em torno de R$ 5,80, ele vê espaço para uma apreciação da moeda brasileira, desde que as medidas sejam concretas e bem recebidas pelo Congresso.
Apesar disso, ele alerta que a sustentabilidade fiscal só será alcançada com ações consistentes nos próximos anos, envolvendo cortes estruturais e controle do crescimento das despesas obrigatórias. “Precisamos de um plano que equilibre as contas públicas e permita uma redução gradual da dívida em relação ao PIB, criando um ambiente mais favorável para a queda dos juros e para o crescimento econômico sustentável”, concluiu Salto.