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Coraccini: Como juros recordes atingem de forma diferente Itaú e Banco do Brasil

Publicado 03/09/2025 • 07:00 | Atualizado há 3 horas

Raphael Coracini, do Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC

KEY POINTS

  • Mais de uma vez, o diretor financeiro (CFO) do Banco do Brasil, Marco Geovanne Tobias, disse que o Banco do Brasil era “muito melhor” que o Itaú.
  • Mas a realidade se mostrou muito mais dura para o banco estatal e bastante vantajosa para a instituição dos Moreira Salles e Setúbal.
  • Isso tem a ver com vários fatores, mas vale destacar um aspecto em específico, os juros a 15%, um dos maiores do mundo, que podem produzir vencedores e perdedores mesmo entre os bancos.

Itaú e Banco do Brasil

Colagem

Mais de uma vez, o diretor financeiro (CFO) do Banco do Brasil, Marco Geovanne Tobias, disse que o banco estatal era “muito melhor” que o Itaú. Mas a realidade se mostrou mais dura para o Banco do Brasil e bastante vantajosa para a instituição dos Moreira Salles e Setúbal.

Isso tem a ver com vários fatores, mas vale destacar um aspecto em específico: os juros a 15%, entre os maiores do mundo, que podem produzir vencedores e perdedores mesmo entre os bancos.

Juros elevados costumam favorecer bancos privados, especialmente o Itaú, pois eles ganham mais com o spread, ou seja, a diferença entre o que pagam pelos recursos (como depósitos) e o que cobram nos empréstimos”, explica Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos.

Mas é preciso esclarecer que a relação dos bancos com os juros é delicada, porque as instituições também precisam pagar por eles ao captar dinheiro no mercado. “O Itaú está lucrando mais com juros porque está bem posicionado e sua carteira está rendendo melhor do que antes se projetava”, acrescenta o especialista.

Nesse sentido, o Itaú tem diversas cartas na manga, como a confiança do mercado, carteiras de crédito de qualidade e percepção de risco mais controlada. Ele sustenta sua captação com custos reduzidos, e até revisões otimistas dos lucros e dividendos ajudam a atrair capital.

Além disso, sua eficiência e controle de custos, com uma boa margem financeira e ativos sob controle, garantem que não precise recorrer ao funding caro. “A credibilidade e solidez dele no mercado fazem a diferença na hora de atrair recursos a bom preço”, acrescenta Patzlaff.

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Fernando Gonçalves, especialista em investimentos e sócio da The Hill Capital, diz que o Itaú se beneficia mais porque consegue ajustar spreads com rapidez, manter margens robustas e explorar linhas de crédito mais rentáveis.

E há um outro fator importante: o Itaú é um banco privado, visto como mais seguro pelo mercado. Por outro lado, ser um banco com o governo como controlador tem levado o Banco do Brasil (BB) a ter suas ações negociadas na bolsa de valores abaixo da média do setor.

O problema não para só na renda variável. Também no crédito privado o BB enfrenta mais dificuldades. “O fato de ser um banco estatal faz com que o custo de capital (para o BB) seja maior”, disse Eduardo Nishio, analista da área de Equity Research da Genial, durante podcast da corretora de investimentos.

Além disso, o Banco do Brasil vem sendo alvo de críticas em torno do seu balanço, classificado como “sujo” por analistas, o que reforça a percepção de fragilidade. Isso está relacionado à Resolução 4.966/2021, do Banco Central, que passou a focar mais na provisão de perdas de crédito esperadas em vez de perdas incorridas. A mudança afetou severamente o resultado do banco e respondeu praticamente sozinha pela redução de 20% do lucro do BB no primeiro trimestre de 2025.

Outro ponto de pressão é a necessidade de reter provisões maiores por conta da forte exposição ao agronegócio. Por ser uma atividade econômica instável, dependente de clima e fatores de difícil previsão, o Banco do Brasil precisa aumentar o colchão de recursos para cobrir eventuais perdas, como as recentes, ligadas a intempéries que prejudicaram safras, em especial no Sul do país.

O banco estatal também enfrenta mais dificuldade para acessar dinheiro no mercado — e a custo mais alto. O funding do BB vem basicamente de poupança, conta corrente e CDBs de clientes comuns. “Como os juros estão altos, esses clientes acabam indo atrás de outros produtos”, observa Gonçalves.

Assim, o Itaú acaba saindo na frente por conta do perfil de clientes, por ter mais opções para captação de recursos, inclusive até no mercado internacional”, acrescenta o sócio da The Hill.

Controle da inadimplência no Itaú

Daniele Lopes, sócia e analista da Nord Investimentos, afirma que os juros altos favorecem o Itaú, desde que haja controle da inadimplência. “Juros altos favorecem bancos que possuem bom controle de sua base de funding. E o Itaú é historicamente um bom captador de recursos, e mesmo com uma volatilidade em resultados de crédito diante de mudanças bruscas de taxa de juros no país, o ROE (retorno sobre o capital) consolidado tem sido expressivo”, reforça a analista.

Ela atribui os bons resultados do banco privado também a um mix mais rentável no varejo, à expansão em hipotecas e ao crédito a pequenos e médios negócios, além de um bom reposicionamento de preço. Diante de tudo isso, o Itaú encontra espaço para controlar custos e melhorar margens de lucro.

O Banco do Brasil (BB), por sua vez, tem perdido espaço “na cabeça e nos corações” dos clientes, o que afeta diretamente a capacidade de a instituição se financiar a custos mais baixos. É como avalia Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos: “O Banco do Brasil está deixando de ser o principal banco de relacionamento dos seus clientes.

Ao ser o principal banco de relacionamento de uma pessoa física ou jurídica, a instituição passa a ter à disposição o dinheiro parado em conta para transações correntes do dia a dia, a juro zero contra si, uma das melhores formas de financiamento”.

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