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Lula: taxação de 2% sobre super-ricos pode gerar R$ 1,4 tri; entenda a resistência à proposta

Publicado 18/11/2024 • 22:15

Redação Times Brasil | CNBC, com agências

KEY POINTS

  • Durante a cúpula do G20, no Rio de Janeiro, o presidente Lula defendeu uma taxação global de 2% sobre o patrimônio de super-ricos, que poderia arrecadar US$ 250 bilhões anuais.
  • A proposta enfrenta resistência de economistas e de países como a Argentina, sendo considerada complexa de implementar e limitada em países emergentes.
  • Lula também destacou a importância de reformar a governança global, defendendo maior representatividade em instituições como o Conselho de Segurança da ONU.
Lula e Cyril Ramaphosa, da África do Sul

Lula bate martelo observado por Cyril Ramaphosa, da África do Sul

Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse durante a cúpula do G20, no Rio de Janeiro, que a taxação de super-ricos pode gerar US$ 250 bilhões (R$ 1,4 trilhão) por ano globalmente. Ele deu a declaração nesta segunda-feira, 18.

“Uma taxação de 2% sobre o patrimônio de indivíduos super-ricos poderia gerar recursos da ordem de US$ 250 bilhões por ano para serem investidos no enfrentamento dos desafios sociais e ambientais do nosso tempo”, declarou o presidente brasileiro.

Essa é uma das principais propostas do Brasil no G20, mas ela não é unanimidade –os representantes de pelo menos um país, a Argentina, já deixaram claro que não gostam da ideia. O presidente Javier Milei sempre afirmou em seus discursos que é contra impostos.

Além do mais, o mais comum é cobrar taxa com base na renda, e não no patrimônio.

Economistas divididos

A ideia de um imposto cobrado dos super-ricos causa alguma controvérsia entre os economistas.

Renan Pieri, professor da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), diz ser cético em relação à proposta. Além dos obstáculos citados por Haddad, ele afirma que a medida enfrentaria a oposição de bilionários influentes e, no Brasil, poderia ser mal executada.

O valor arrecadado, afirma Pieri, pode não ser suficiente para resolver problemas sociais, como a desigualdade e a fome. “Acredito que os problemas que os americanos e os europeus têm são diferentes dos problemas que a gente tem aqui no Brasil. A desigualdade de renda no Brasil é histórica e brutal, mas não é porque os mais ricos ficaram mais ricos nos últimos anos, ela simplesmente é brutal desde sempre”, diz ele. 

Guilherme Klein, professor do Departamento de Economia da University of Leeds, na Inglaterra, e pesquisador associado do Made (Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da FEA/USP), afirma que “se a distribuição for feita somente com o que for arrecadado no país, para os países mais pobres e emergentes, não faria  tanta diferença a sanção desta medida, porque são pouquíssimos os tributáveis”.

A coisa muda de figura, diz ele, se for criado um fundo global que vai financiar projetos de transição aos países em desenvolvimento.

O economista Roberto Luis Troster foi na mesma linha durante uma entrevista ao jornal Conexão, do Times Brasil Licenciado Exclusivo CNBC.

O fundo, diz ele, poderia ser usado para bens públicos globais, como o combate às mudanças climáticas ou a criação de um mecanismo de proteção contra instabilidades financeiras.

O problema é que para criar o fundo seria preciso “ter muita cooperação de todos –especialmente os (países e blocos) maiores, como a União Europeia, Estados Unidos, China e Japão”.

Multilateralismo

Lula também disse que a estabilidade mundial depende de instituições mais representativas. O petista se refere a órgãos como o Conselho de Segurança da ONU, no qual o Brasil e países como Índia e Alemanha gostariam de entrar. “A resposta para a crise do multilateralismo é mais multilateralismo”, declarou o petista. De acordo com ele, a reforma da governança global entrou definitivamente na agenda do G20.

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