“O Brasil tem 1,6 bilhão de aves, e intempéries sempre ocorrerão”, diz Kátia Abreu sobre gripe aviária

O primeiro registro de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil, localizado em Montenegro, no Rio Grande do Sul, já provoca reflexos diretos nas exportações de carne de frango. De acordo com informações do Ministério da Agricultura, medidas emergenciais foram adotadas para conter o avanço da doença e tranquilizar os principais parceiros comerciais.

“O Brasil tem 1,6 bilhão de aves. Quem é grande tem muitos problemas. Intempéries sempre ocorrerão”, afirmou a ex-ministra da Agricultura e notável do Times Brasil — Licenciado Exclusivo CNBC, Kátia Abreu, durante entrevista ao jornal Real Time.

Segundo ela, o Brasil é atualmente o maior exportador de carne de frango do mundo e o terceiro maior produtor, aumentando a exposição a situações sanitárias de grande escala. Kátia destacou que, embora o país já tenha enfrentado surtos anteriores em aves de subsistência e silvestres, essa é a primeira vez que o vírus é identificado em uma granja de produção comercial.

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Procedimentos de contenção

O Ministério da Agricultura segue o protocolo sanitário previsto para esse tipo de ocorrência. Segundo Kátia Abreu, a partir do foco identificado, todas as propriedades em um raio de três quilômetros estão sendo vistoriadas. A mesma medida se estende para áreas entre três e dez quilômetros.

“A propriedade com foco confirmado precisa abater os animais, realizar desinfecção total e rastrear para onde foram os frangos e ovos produzidos”, explicou. Segundo a ex-ministra, o Brasil possui um sistema de rastreabilidade considerado eficiente, especialmente para suínos e aves.

Impacto nas exportações

Após a confirmação do caso, países como China e União Europeia suspenderam temporariamente as importações de carne de frango brasileira. Outros mercados, como Japão e Filipinas, optaram por restringir a compra apenas de produtos oriundos do Rio Grande do Sul.

Kátia Abreu avaliou que o impacto financeiro poderá variar entre os cenários analisados. “Esses seis países que suspenderam as compras podem provocar uma queda entre 10% e 20% nas exportações. Só em abril, a redução pode representar US$ 230 milhões”, afirmou. No cenário mais pessimista, as perdas podem chegar a US$ 2 bilhões, enquanto o cenário intermediário projeta US$ 1,5 bilhão e o otimista, US$ 1 bilhão.

Mercados mais afetados

Atualmente, os principais destinos da carne de frango brasileira são a China, Emirados Árabes Unidos, Japão, Arábia Saudita, África do Sul e Filipinas. Somados, esses mercados representam parcela significativa das exportações do setor. A China, responsável por cerca de 10% das compras, foi a primeira a impor a suspensão total das importações.

Segundo Kátia Abreu, a expectativa é de que, com a comprovação das medidas adotadas pelo governo brasileiro, a China e demais países flexibilizem as restrições, regionalizando as proibições apenas para o Rio Grande do Sul.

Histórico internacional e vigilância

A comentarista lembrou que, entre 2021 e 2023, a gripe aviária levou ao abate de 300 milhões de aves no mundo, sendo mais de 100 milhões na China. O episódio elevou os preços do frango e favoreceu as exportações brasileiras naquele período. “Se abateram 300 milhões de aves no mundo, e o Brasil tem 1,6 bilhão, é natural que ocorram problemas”, disse.

Além da gripe aviária, Kátia citou a ocorrência de um surto de gripe suína na China, que resultou no abate de 130 milhões de cabeças e afetou o preço da carne suína globalmente.

Perspectivas e controle sanitário

Kátia Abreu ressaltou a importância da vigilância contínua e da aplicação rigorosa dos protocolos sanitários estabelecidos pelo Ministério da Agricultura e pela Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. “A sanidade animal no Brasil é reconhecida pela eficiência. Os procedimentos estão sendo seguidos e os produtos já rastreados”, afirmou.

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