Publicado 03/12/2024 • 18:48
KEY POINTS
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,9% no terceiro trimestre de 2024 ante o trimestre anterior, mostrando desaceleração ante o 1,4% de crescimento registrado no segundo trimestre. O desempenho veio em linha com as expectativas do mercado, impulsionado pelo consumo das famílias e pelos investimentos.
Segundo Alessandra Ribeiro, diretora de macroeconomia e análise setorial da Tendências Consultoria, o crescimento reflete uma economia resiliente, sustentada por um mercado de trabalho aquecido, aumento real do salário mínimo e políticas de transferência de renda. “Esses elementos foram fundamentais para alavancar o consumo das famílias, que teve um papel expressivo no resultado,” comentou.
O crescimento foi disseminado entre os setores econômicos, com exceção do agropecuário, que enfrentou desafios ao longo do ano.
A taxa de investimento também apresentou avanço no terceiro trimestre, mas ainda está em 16% do PIB, abaixo dos patamares históricos próximos de 21%, considerados ideais para sustentar um crescimento robusto a longo prazo.
Ribeiro destacou que, apesar da recuperação recente, a baixa poupança agregada, impulsionada por déficits do setor público, limita a capacidade de investimento do Brasil. Além disso, fatores como insegurança jurídica, ambiente de negócios e incertezas fiscais continuam restringindo o apetite dos investidores.
Apesar dos resultados positivos, as preocupações fiscais aumentaram nas últimas semanas. O anúncio de medidas de isenção de Imposto de Renda combinadas com cortes de gastos gerou desconfiança no mercado, elevando as expectativas de inflação e pressionando o Banco Central a adotar políticas mais restritivas.
“A percepção de risco piorou, com o mercado vendo dificuldade do governo em equilibrar as contas públicas. Isso custará caro à economia brasileira nos próximos trimestres, levando a um esfriamento que deve se tornar mais evidente em meados de 2025,” afirmou Ribeiro.
A Tendências Consultoria projeta um crescimento de 1,7% para 2025, abaixo dos 3,3% estimados para 2024, indicando uma perda de tração econômica. No entanto, o cenário de recessão não é esperado no momento, segundo Ribeiro.
“Para termos uma recessão, seria necessário um agravamento significativo das políticas fiscais e uma postura mais leniente do Banco Central em relação à inflação, o que não está no nosso cenário-base,” explicou.
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