CNBC
Bandeira da Índia

CNBC Governo da Índia ordena bloqueio de mais de 2 mil contas, diz rede social X

No RADAR Alberto Ajzental

A conta (quase) fecha — mas quem está bancando a indústria automotiva brasileira?

Publicado 08/07/2025 • 19:26 | Atualizado há 15 horas

Foto de Alberto Ajzental

Alberto Ajzental

Analista Econômico do Jornal Times Brasil e do Money Times, é Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Mestre e Doutor em Administração de Empresas com ênfase em Economia pela FGV. Atuou como Professor de Economia e Estratégia de Negócios na EESP-FGV e atualmente coordena Curso Desenvolvimento de Negócios Imobiliários na EAESP-FGV. Trabalha há mais de 30 anos no mercado imobiliário de São Paulo, em incorporadoras e construtoras de alto padrão, assim como em fundo imobiliário. Atualmente é CEO de importante empresa patrimonialista imobiliária.

Pexels

O balanço de junho da indústria automotiva brasileira expõe um paradoxo desconfortável: mesmo com queda acentuada na produção e avanço agressivo das exportações, o mercado interno não colapsou. Pelo contrário, recuou pouco. Mas como a equação fecha? E, mais importante, até quando ela se sustenta?

Comecemos pelos dados. Em relação a junho de 2024, a produção caiu 9,4%, com 144 mil unidades fabricadas. Já os licenciamentos — vendas no mercado interno — recuaram apenas 3,0%, atingindo 159 mil unidades. A exportação, por sua vez, explodiu: 39 mil veículos embarcados, um salto de 85,7% frente ao mesmo mês do ano anterior.

Indicadorjun/24jun/25Variação (%)
Produção159 mil144 mil-9,4%
Licenciamento164 mil159 mil-3,0%
Exportação21mil39 mil+85,7%
Estoque Total270 mil259 mil-4,1%
Importações26 mil28 mil+7,8%
Mercado de Automóveis - Fonte: Anfavea

A questão central é: de onde vieram os veículos que sustentaram o mercado doméstico se a produção caiu e a exportação quase dobrou? A resposta é estatisticamente clara — e economicamente preocupante.

Leia mais
Fiat Strada lidera e Peugeot cai; quem sobe e quem desce entre os carros no 1º semestre

Estoques em queda: o colchão esvaziado

O primeiro elemento de compensação foi o estoque. Segundo a ANFAVEA, os veículos parados em fábricas e concessionárias caíram de 270 mil para 259 mil unidades entre junho de 2024 e junho de 2025. Em dias de venda, esse colchão recuou de 41 para 38 dias. Em outras palavras, as montadoras recorreram ao inventário acumulado para atender a demanda interna sem depender da produção corrente.

Importações em alta: o carro que o consumidor quer

A segunda válvula foi o aumento das importações, que cresceram 7,8% no comparativo anual. Com isso, passaram a responder por 17,4% dos licenciamentos totais. Um dado relevante: o pico recente havia sido 22,3% em janeiro, o que mostra uma estabilização em torno de um patamar elevado. Isso revela que parte relevante da demanda doméstica está sendo atendida por produtos estrangeiros — e não por falta de oferta local, mas por mudança nas preferências do consumidor.

Licenciamento de Automóveis - Fonte: Anfavea

Eletrificados: a nova fronteira (importada)

O terceiro vetor dessa transformação é a eletrificação da frota. Em junho de 2025, os veículos elétricos, híbridos e híbridos plug-in (EV/EVH/EVHP) responderam por 13,4% dos licenciamentos — um salto significativo frente aos 8,7% de junho do ano anterior. Em números absolutos, foram 21,3 mil unidades eletrificadas, ante 14,3 mil um ano antes: crescimento de 49%.

Licenciamento detalhado – jun/2025m/m-1m/m-12
Veículos Nacionais-5,7%-4,9%
Veículos Importados-1,8%+7,8%
Veículos Eletrificados (EV/EVH/EVHP)-4,1%+49,0%

Quase todo esse crescimento veio de fora — em especial, de montadoras asiáticas com escala global. Ou seja: o consumidor está mudando de perfil, e quem entrega esse novo perfil não é a indústria brasileira.

Exportações fortes, mas concentradas

A alta nas exportações é positiva, mas não livre de riscos. A Argentina responde por cerca de 60% dos embarques brasileiros — um destino útil, porém frágil, dado o histórico de volatilidade cambial e política do país vizinho. O ganho externo, portanto, é real, mas instável.

O que os dados revelam?

Um realinhamento estrutural da indústria automotiva nacional. A produção interna caiu, as vendas domésticas também, mas em menor intensidade. O espaço foi preenchido por estoques, importações e pela mudança qualitativa do consumo — que passa a preferir eletrificados e modelos mais modernos, muitas vezes indisponíveis na produção nacional.

Do ponto de vista do volume, a equação ainda fecha. Mas é uma conta que se apoia em fatores insustentáveis no médio prazo: estoques são finitos, importações crescentes pressionam a balança comercial e a indústria local ainda não encontrou um modelo competitivo para enfrentar esse novo cenário.

E agora, Brasil?

“É cada vez mais evidente que estamos recebendo um fluxo perigoso de veículos chineses para o nosso mercado, com um Imposto de Importação abaixo da média global. Não ficaremos passivos com a interrupção de um projeto de neoindustrialização do país e com o avanço de propostas, como essa de redução da alíquota para montagem de veículos semi-desmontados, que não geram valor agregado nacional e geram pouquíssimos empregos”, concluiu o Presidente da Anfavea.

Se a indústria produz menos, exporta mais, e vê seu próprio mercado ser ocupado por importados — o que exatamente resta? A resposta não está apenas nos números, mas no projeto industrial: é preciso decidir se o Brasil seguirá como fabricante relevante ou como plataforma logística de carros estrangeiros.

A conta de junho fechou — por enquanto. Mas a conta da competitividade industrial brasileira está aberta. E, se nada mudar, o vencimento pode chegar antes do que se imagina.

--

📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:

🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais

🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562

🔷 ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube

🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings

Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no

MAIS EM Alberto Ajzental