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Investidores ignoram o conflito? O mercado parece dizer que sim. Mas até quando?

Publicado 16/06/2025 • 13:07 | Atualizado há 10 horas

Alberto Ajzental

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Alberto Ajzental

Analista Econômico do Jornal Times Brasil e do Money Times, é Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Mestre e Doutor em Administração de Empresas com ênfase em Economia pela FGV. Atuou como Professor de Economia e Estratégia de Negócios na EESP-FGV e atualmente coordena Curso Desenvolvimento de Negócios Imobiliários na EAESP-FGV. Trabalha há mais de 30 anos no mercado imobiliário de São Paulo, em incorporadoras e construtoras de alto padrão, assim como em fundo imobiliário. Atualmente é CEO de importante empresa patrimonialista imobiliária.

Uma coluna de fumaça sobe de um local na cidade de Haifa após uma nova onda de mísseis iranianos em 15 de junho de 2025.

Uma coluna de fumaça sobe de um local na cidade de Haifa após uma nova onda de mísseis iranianos em 15 de junho de 2025.

Ahmad Gharabli/AFP

Investidores globais podem estar subestimando o impacto de um conflito entre Israel e Irã, alertaram analistas nesta segunda-feira, enquanto os mercados acionários se mantinham em alta apesar da intensificação da guerra no Oriente Médio.

As duas potências regionais seguiram trocando ataques pelo quarto dia consecutivo, desde que Israel lançou ofensivas aéreas contra o Irã na semana passada. Mesmo com relatos de centenas de mortos, os principais mercados do mundo mantiveram o fôlego positivo: Europa, Ásia e EUA abriram em alta; até mesmo o índice Tel Aviv 35 subia 2,8%, após ter recuado na semana anterior.

A leitura dos preços fala por si. Os mercados asiáticos, europeus e americanos operam no azul. O Brent recua, assim como seus derivados. Commodities tradicionalmente defensivas, como o ouro, estão em queda. Metais industriais sobem. O comportamento dos ativos indica mais alívio do que tensão. A reação não é de pânico — é de racionalidade.

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Russ Mould, da AJ Bell, sugeriu que o mercado talvez esteja ignorando a possibilidade de uma “grande conflagração no Oriente Médio”. Talvez. Ou talvez apenas enxergue, com clareza, os limites do Irã como potência militar capaz de sustentar um conflito prolongado contra Israel.

Os ataques israelenses parecem ter sido cirúrgicos, dentro de uma estratégia clara e disciplinada. Não se percebe desperdício de recursos nem de capital humano. O Irã, por sua vez, sofreu forte impacto. Seu espaço aéreo foi violado com facilidade. O tom das ameaças soa mais como tentativa de manter relevância regional do que como dissuasão real.

Enquanto alguns analistas alertam para a possibilidade de um conflito mais longo do que o habitual, o comportamento do mercado sugere outra leitura. A guerra, embora real, não parece ter tração para escalar. Os países árabes vizinhos se mantêm em silêncio. A China propõe um plano de paz — movida, evidentemente, por seus interesses no petróleo da região, como destino de 33% do petróleo produzido na área. A Rússia, dependente dos drones que compra do Irã para atacar a Ucrânia, tampouco deseja ver seu fornecedor reduzido a escombros.

A reação nos preços do petróleo também merece atenção. Apesar do salto pontual na sexta-feira, quando o Brent teve seu maior ganho diário desde a invasão russa da Ucrânia em 2022, os preços voltaram a patamares bem mais modestos — abaixo dos US$ 71 por barril. Não é exatamente o comportamento esperado diante de uma escalada incontrolável.

Mesmo as ameaças iranianas — como o eventual fechamento do Estreito de Ormuz — carecem de credibilidade. Caso o Irã tente esse movimento, colocaria contra si não apenas os Estados Unidos e seus aliados, mas também os próprios países produtores da região, que dependem dessa rota para escoar sua produção. Seria um tiro no pé, com consequências desastrosas para a economia iraniana e sua já combalida legitimidade internacional.

Historicamente, choques geopolíticos recentes mostram um padrão conhecido, o que não se vê neste momento: o S&P 500 cresce 1,15%, DJIA 1,01%, NASDAQ 1,65%. Só um evento de proporções muito maiores mudaria esse ciclo. E, até agora, não é o que se vê.

No fundo, pode ser que estejamos testemunhando algo mais estratégico do que bélico. Talvez Israel esteja redesenhando as linhas de influência no Oriente Médio, reduzindo o poder de um regime que financia e opera milícias como Hamas, Hezbollah e Houthis — grupos que há anos atacam Israel, sabotam a estabilidade e o comércio regional.

Um Irã mais fraco pode representar um mundo mais pacifico e forte. Ainda, o futuro da região pode passar por um Irã menos teocrático, menos beligerante, mais voltado à prosperidade de sua própria população, mais integrado ao comércio internacional — e menos obcecado em destruir Israel ou se tornar uma potência nuclear. Um alento para a região do Oriente Médio assim como para o mundo.

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