Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no
Soberania: queremos exclusividade em nos causar dano
Publicado 20/08/2025 • 17:12 | Atualizado há 1 mês
Jeff Bezos vê “bolha industrial” na IA, mas aposta em benefícios “gigantescos” para a sociedade
Tesouro dos EUA avalia moeda de US$ 1 com o rosto de Donald Trump
Berkshire Hathaway vota pela separação dos cargos de chairman e CEO; saiba o que isso significa
CEO da Perplexity: Navegador Comet AI pode aumentar produtividade e evitar novas contratações
Elon Musk pede que seguidores cancelem assinatura da Netflix; entenda o que está acontecendo
Publicado 20/08/2025 • 17:12 | Atualizado há 1 mês
A Magnitsky Act foi aprovada pelo Congresso americano em 2012 após a morte de Sergei Magnitsky, advogado russo que denunciou corrupção estatal e morreu em uma prisão em Moscou. Em 2016, ela foi expandida para ter alcance global. Hoje, é um dos instrumentos mais poderosos de política externa dos Estados Unidos: congela ativos, proíbe entrada em território americano e, sobretudo, corta acesso ao sistema financeiro em dólar de indivíduos e instituições acusados de corrupção ou violações de direitos humanos.
O detalhe crucial é este: não é preciso ter conta nos EUA para ser afetado. Se a transação em dólar passar pelo sistema financeiro americano — como inevitavelmente acontece — ela pode ser bloqueada. Na prática, quem opera em dólar está dentro da jurisdição de Washington.
Foi com essa ferramenta que Donald Trump sancionou Alexandre de Moraes, acusado de abuso de poder nos processos contra Jair Bolsonaro. Moraes pode não ter ativos nos EUA, mas os bancos brasileiros têm — e é isso que arrasta o sistema financeiro nacional para o olho da tempestade.
Na segunda-feira (18), o ministro Flávio Dino, em decisão relacionada ao desastre de Mariana, reafirmou um princípio clássico: nenhuma lei estrangeira tem efeito automático no Brasil sem homologação judicial. Até aí, nada de novo. O problema foi o “rabicho”: a interpretação se estendeu a qualquer sanção externa, inclusive a Lei Magnitsky. Na tentativa de blindar um colega de Corte, o efeito colateral foi expor todo o sistema financeiro.
Leia mais:
IPCA cai, mas o mérito é do Copom ou do câmbio?
O retrato geral – desocupação, renda e desalento por Estados
O detalhe político-jurídico é que Cristiano Zanin já era relator de uma ação sobre esse mesmo tema: se bancos poderiam aplicar sanções da Magnitsky contra ministros do STF. Zanin avançava devagar, ouvindo partes e aguardando parecer da PGR. Dino, ao decidir sozinho e notificar Banco Central e Febraban, atropelou o processo. O resultado foi um desconforto institucional: Zanin foi esvaziado, e a disputa interna no STF ficou evidente.
O episódio ressuscita a crítica à “ministrocracia”: decisões individuais que produzem efeitos gigantescos sem passar pelo colegiado. Desde 2022, o regimento do STF exige que medidas monocráticas de alto impacto sejam levadas ao plenário rapidamente. Mas Dino — como Moraes em outros momentos — preferiu agir sozinho. Ao emparedar mercado e diplomacia, transformou um princípio jurídico em problema econômico imediato.
Os bancos brasileiros ficaram diante de uma escolha impossível. Se cumprirem a Magnitsky nos EUA, arriscam punição do STF no Brasil. Se obedecerem ao STF, podem sofrer sanções pesadas no exterior. José Alfaix, da Rio Bravo, resumiu: o setor está “entre a cruz e a espada”. Só no pregão de terça-feira (19), os cinco maiores bancos perderam R$ 41,9 bilhões em valor de mercado.
A queda não ficou restrita ao setor financeiro. O Ibovespa caiu 2,1%, o dólar disparou para R$ 5,51. Consultorias falaram em “ruído de insegurança jurídica” (Nomad) e em decisão “inoportuna e imprecisa” (Ativa). A leitura dos investidores estrangeiros é clara: se o próprio país cria armadilhas para suas instituições, por que arriscar capital aqui?
O impasse só se resolve em quatro frentes:
Enquanto nada disso acontece, os bancos continuam presos a uma escolha impossível: obedecer ao Brasil ou aos EUA. E seguimos reafirmando a soberania à nossa maneira peculiar: reservando para nós mesmos o direito exclusivo de causar dano à nossa própria economia.
--
📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:
🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais
🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562
🔷 ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube
🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings
Mais lidas
Burger King deixará a Argentina em meio à crise econômica; Alsea vende operação e mantém apenas a Starbucks
Mercado Livre registra receita de US$ 6,8 bilhões no 2º trimestre e amplia alcance na América Latina
Estudo da FGV: pequenas e médias empresas que recebem apoio consultivo têm mais chances de sobreviver no Brasil
Segredos Corporativos: a trajetória de super-heróis que transformou a Marvel em potência global
Sabesp anuncia controle da Emae por R$ 1,1 bi e assume gestão das represas Guarapiranga e Billings