CNBC Médica descobre “nutriente da longevidade” e revela o alimento que consome todos os dias para manter a saúde em dia

No RADAR Alberto Ajzental

O que é a zona do euro e qual é o papel do BCE diante dos desafios futuros?

Publicado 23/05/2025 • 13:52 | Atualizado há 1 dia

Foto de Alberto Ajzental

Alberto Ajzental

Analista Econômico do Jornal Times Brasil e do Money Times, é Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Mestre e Doutor em Administração de Empresas com ênfase em Economia pela FGV. Atuou como Professor de Economia e Estratégia de Negócios na EESP-FGV e atualmente coordena Curso Desenvolvimento de Negócios Imobiliários na EAESP-FGV. Trabalha há mais de 30 anos no mercado imobiliário de São Paulo, em incorporadoras e construtoras de alto padrão, assim como em fundo imobiliário. Atualmente é CEO de importante empresa patrimonialista imobiliária.

Zona do Euro.

Zona do Euro.

Pixabay.

A Zona do Euro representa um bloco econômico e monetário fundamental dentro da União Europeia, composto por países que adotaram o euro como moeda oficial. A política monetária comum é conduzida pelo Banco Central Europeu (BCE), que atua com o objetivo principal de manter a estabilidade de preços, especialmente por meio do controle da inflação.

Nos últimos anos, a região enfrentou desafios relevantes relacionados à inflação e à definição de uma política de juros adequada. A seguir, apresentamos um panorama atual da situação da inflação e das taxas de juros na Zona do Euro, com base em dados recentes e declarações do BCE.

Leia também:
Atividade empresarial na zona do euro recua em maio

Zona do Euro — Panorama atual

A Zona do Euro é composta por 20 Estados-Membros da União Europeia que adotaram o euro como moeda oficial. São eles: Áustria, Bélgica, Croácia, Chipre, Estônia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Portugal, Eslováquia, Eslovênia e Espanha.

O Banco Central Europeu (BCE), sob a liderança de Christine Lagarde, vem adotando uma postura firme no combate à inflação. Em 1º de junho de 2023, Lagarde declarou:

“Hoje, a inflação está elevada e deve permanecer assim por tempo demais. Estamos determinados a trazê-la de volta à nossa meta de 2% no médio prazo, de forma oportuna. Por isso, elevamos as taxas de juros no ritmo mais rápido da nossa história — e deixamos claro que ainda temos caminho a percorrer para alcançar níveis suficientemente restritivos.”

Naquela ocasião, a taxa de juros estava em 3,8%, enquanto a inflação era de 3,1%.

Mais recentemente, os dados indicam que a taxa básica de juros, referente às principais operações de refinanciamento, é de 2,40%, com uma inflação anual de 2,2%. Isso implica uma taxa de juros real ligeiramente positiva, de aproximadamente 0,2%.

Banco Central Europeu — Cortes de juros e perspectivas

O Banco Central Europeu reduziu sua taxa básica de juros pela sétima vez consecutiva desde junho de 2024, quando a taxa passou de 4,5% para 4,3%. O corte mais recente foi anunciado no mês passado, refletindo a percepção de que a inflação na Zona do Euro está próxima de ser controlada.

No entanto, o BCE também alertou que o crescimento econômico pode sofrer pressões significativas devido ao impacto das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos. Segundo a ata da reunião de política monetária realizada em 16 e 17 de abril, os membros do BCE reconheceram que, no curto prazo, as tensões comerciais podem exercer pressão baixista sobre os preços — ainda que, a longo prazo, os efeitos possam ser inflacionários.

O gráfico abaixo ilustra a atuação do BCE no que tange às taxas de juros.

Expectativas para o futuro

A próxima reunião do BCE está marcada para os dias 5 e 6 de junho de 2025, com a decisão sobre a taxa de juros sendo divulgada no dia 6. O mercado financeiro projeta com alta probabilidade (cerca de 90%) que o BCE promoverá um novo corte nos juros nessa ocasião. A expectativa é de pelo menos mais um corte adicional até o final do ano, com a taxa de depósito podendo atingir 1,75%.

O gráfico abaixo ilustra a atuação do BCE no que tange às taxas de juros, juntamente com a queda da inflação.

Calendário das reuniões do BCE em 2025

  • 30 de janeiro
  • 6 de março
  • 17 de abril
  • 5 de junho
  • 24 de julho
  • 11 de setembro
  • 30 de outubro
  • 18 de dezembro

Este cronograma será fundamental para o acompanhamento da estratégia de política monetária do BCE, especialmente em um cenário de reacomodação das pressões inflacionárias e incertezas externas.

Mas nem tudo é o que parece, vozes dissonantes

Resta saber se a atuação do BCE na gestão da taxa de juros foi preponderante para a queda da inflação e se trouxe efeitos negativos, dado que a condução da política monetária pelo Banco Central Europeu (BCE) entre 2022 e 2024 vem sendo alvo de críticas fundamentadas. 

Embora a autoridade monetária tenha promovido sucessivos aumentos nas taxas de juros com o objetivo declarado de conter a inflação, estudos recentes indicam que tais medidas tiveram efeitos limitados sobre os preços, ao mesmo tempo, em que geraram custos financeiros expressivos para os bancos centrais do Eurosistema — e, por consequência, para os contribuintes. 

O diagnóstico aponta uma má calibragem dos instrumentos de política monetária, favorecendo de forma desproporcional o setor bancário. A seguir, analisamos os principais achados deste estudo e suas implicações.

A política de juros do BCE: ineficiente e dispendiosa

De acordo com estudo publicado pelo Centre for Economic Policy Research (CEPR), as políticas de aumento das taxas de juros implementadas pelo BCE entre 2022 e 2024 pouco contribuíram para a contenção da inflação, cujas raízes estavam majoritariamente associadas ao choque de custos — especialmente o aumento dos preços da energia e dos combustíveis — e não ao excesso de demanda que poderia ser combatido com aperto monetário.

Apesar de sua ineficácia para controlar os preços, a elevação dos juros teve consequências fiscais relevantes. Isso se deve ao atual modelo operacional do BCE, que prevê a remuneração do elevado volume de reservas bancárias em circulação. A cada aumento de juros, os bancos centrais nacionais do Eurosistema foram obrigados a transferir bilhões de euros aos bancos comerciais sob a forma de pagamento de juros sobre essas reservas.

O estudo estima que, no total, entre 2022 e 2024, cerca de € 270 bilhões foram transferidos dos bancos centrais para os bancos, gerando lucros extraordinários para o sistema financeiro privado e perdas substanciais para os próprios bancos centrais. Como consequência, os bancos centrais deixaram de repassar lucros (a chamada senhoriagem) aos respectivos Tesouros nacionais e precisarão de anos para recompor seus balanços.

Alternativas negadas

Os autores argumentam que esse desfecho não era inevitável. O BCE poderia ter adotado um sistema escalonado de remuneração das reservas — como já é feito em alguns países — limitando os pagamentos de juros apenas ao excedente de reservas ou dentro de uma faixa remunerada. Essa abordagem manteria a eficácia operacional do banco central e evitaria transferências tão elevadas de recursos para os bancos. No entanto, o BCE optou por não adotar tal mecanismo, assumindo, assim, a responsabilidade por uma política de juros com impacto limitado sobre a inflação, mas com efeitos fiscais significativos e concentradores de renda.

Conclusão

Esse episódio evidencia a necessidade de uma revisão crítica das ferramentas e dos objetivos da política monetária em tempos de choques de oferta. O caso do BCE mostra como escolhas técnicas podem ter implicações distributivas profundas e suscitar questionamentos quanto à legitimidade e à eficiência das instituições que as promovem.

---

📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:

🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais

🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562

🔷 ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube

🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings

MAIS EM Alberto Ajzental