Efeito T: Luzes amarelas no Planalto tornam-se vermelhas
Publicado 14/02/2025 • 19:24 | Atualizado há 2 meses
Tarifas podem impactar preço das roupas: ‘No fim, ninguém ganha’, diz especialista
Influenciadora e empreendedora lucra milhões com óleo capilar
Inflação de tarifas é ‘transitória’, diz dirigente do Fed Christopher Waller
Pfizer abandona pílula diária para emagrecimento após lesão no fígado em paciente
Esta pequena cidade na região de Abruzzo, na Itália, está vendendo casas por 1 euro — sem necessidade de entrada
Publicado 14/02/2025 • 19:24 | Atualizado há 2 meses
Agência Brasil
É inegável: a possibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) perder as eleições de 2026 para o atual governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos) – ou qualquer outro candidato da Direita – deixou de ser uma mera hipótese e se tornou uma ameaça real para o presidente. E essa perspectiva tem provocado um frenesi nos mercados financeiros, que se mostram visivelmente otimistas com os rumos da economia.
Mas o que está, de fato, acontecendo?
Dois anos após seu retorno ao cargo, com promessas de "cerveja e churrasco para todos", o aumento dos custos de alimentos e o crescente pessimismo em relação à economia têm ofuscado até mesmo um PIB superior a 3% e taxas de desemprego historicamente baixas. O cenário, longe de ser positivo, começa a ameaçar a continuidade do mandato de Lula.
Os dados não deixam margem para dúvidas e a situação se tornou ainda mais preocupante com a divulgação de duas pesquisas que são referência entre os agentes econômicos nesta semana: a LatAm Pulse, conduzida pela AtlasIntel para a Bloomberg News, e a tradicional DataFolha. Ambas mostraram um quadro devastador para o PT, com a aprovação de Lula despencando para o nível mais baixo de toda a sua trajetória política.
Na pesquisa LatAm Pulse, mais da metade da população brasileira – cerca de 51% – afirmou desaprovar o governo Lula, um aumento de mais de um ponto percentual em relação a dezembro e oito pontos percentuais em comparação a abril. Sua aprovação caiu para 46%, uma perda de dois pontos em relação ao mês anterior e de cinco pontos em relação ao ano passado.
O impacto é ainda mais forte quando analisamos a erosão da confiança. A parcela de entrevistados que considera o governo ruim subiu para 46,5%, enquanto os que o consideram bom recuaram para cerca de 38%, uma queda de três pontos.
A pesquisa DataFolha também traz números alarmantes. A aprovação de Lula caiu de 35% para 24% em apenas dois meses, atingindo o nível mais baixo de suas três passagens pelo Planalto. Sua reprovação também atingiu recordes, saltando de 34% para 41%. Por outro lado, 32% consideram o governo regular – um aumento de 3 pontos em relação a dezembro.
O impacto é claro, não só nas bases tradicionais de apoio ao petismo, mas em estratos importantes da sociedade brasileira. E é aí que o alerta vermelho começa a se acender no Planalto.
Essa queda vertiginosa reflete os efeitos de uma série de crises sucessivas pelas quais o governo tem passado, sendo a mais visível a do Pix. Em janeiro, o governo anunciou que começaria a fiscalizar transações superiores a R$5.000 por meio da modalidade de transferência instantânea.
A reação da oposição foi imediata, sugerindo que o governo estava extrapolando seus limites no controle das transações. O Ministério da Fazenda, sob Fernando Haddad (PT), viu-se obrigado a recuar e revogar a medida. A resposta do governo? Trocar a chefia da comunicação, promovendo Sidônio Palmeira no lugar de Paulo Pimenta. Mas os problemas persistiram.
A inflação dos alimentos segue como um foco constante de preocupação, e o presidente não contribuiu com declarações infelizes, como a que sugeriu que as pessoas "parassem de comprar comida cara". Se a ideia até poderia soar racional em um contexto teórico, na prática soou como um discurso de total desconexão com a realidade das pessoas, e a oposição se aproveitou disso com a agilidade que já se espera de um adversário bem treinado.
E o que mais assusta o governo nesse cenário são as perspectivas para as eleições presidenciais de 2026. Na LatAm Pulse, Lula ainda lidera Jair Bolsonaro (41% a 44%) em uma possível revanche, mas esse cenário é, no mínimo, improvável, já que o ex-presidente está impedido de disputar. No entanto, o que realmente tem deixado os estrategistas petistas de cabelo em pé é o empate técnico entre Lula e Tarcísio de Freitas, com Lula liderando por apenas 46% a 45%. Tarcísio, visto como o herdeiro natural de Bolsonaro, ainda mantém um silêncio estratégico sobre suas intenções, mas sua candidatura já começa a ser considerada uma ameaça real.
É aí que entra o famoso "Efeito T", que tem se espalhado rapidamente pela Faria Lima e pelos centros financeiros de todo o país. A combinação desses números com a recente alta da bolsa, a queda do dólar e da curva de juros fez com que os mercados começassem a precificar algo até pouco tempo impensável: a eleição de um candidato pragmático, capaz de implementar as reformas estruturais necessárias para o Brasil resolver seu problema fiscal, controlar a inflação e crescer de forma sustentável.
Se os números forem corretos, o "Efeito T" não é apenas uma ficção. É a antecipação de um novo cenário político-econômico que, ao que tudo indica, está prestes a ganhar corpo e profundidade. O que, sem dúvida, pode alterar os rumos do país de maneira irreversível.
Mais lidas
Em meio a tarifas de Trump, Coreia do Sul anuncia R$ 113 bilhões para o setor de chips e semicondutores
Governo Trump congela US$ 2,2 bilhões em bolsas para Harvard após universidade rejeitar suas exigências
Grupo Potencial vai construir a maior fábrica de biodiesel do mundo no Brasil: "Vamos chegar a cerca de 1,7 bilhão de litros por ano”, diz VP
Por tarifaço, Nissan vai reduzir produção no Japão de modelo vendido nos EUA
Strategy investe mais de R$ 600 milhões em bitcoin