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Grace Wales Bonner assume a moda masculina da Hermès

Publicado 26/10/2025 • 13:06 | Atualizado há 10 horas

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Dani Rudz

Dani Rudz é comunicadora, criadora de conteúdo, consultora de diversidade corporal e vivências raciais, palestrante, educadora e especialista em moda inclusiva.  Comentarista especialista no Times Brasil - Licenciado CNBC falando ao vivo de Mercado de Luxo e Lifestyle, todas as 6ª feiras. Membro Forbes BLK.

A Hermès entra em uma nova era. A maison francesa anunciou Grace Wales Bonner como sua nova diretora criativa da coleção masculina, sucedendo Véronique Nichanian, que deixa o cargo após 37 anos de liderança discreta e refinada.

A designer britânica de 35 anos — conhecida por seu olhar poético sobre masculinidade, identidade e herança cultural — apresentará sua primeira coleção para a Hermès em janeiro de 2027.

Wales Bonner, que fundou sua marca homônima em 2014 e mantém uma parceria de sucesso com a Adidas, é considerada uma das mentes mais sofisticadas de sua geração. Sua moda combina rigor alfaiate e espiritualidade cultural, e já foi celebrada por veículos como Vogue Runway e The New York Times pela forma como traduz a herança afro-diaspórica em elegância universal.

“A visão de Grace sobre a moda contemporânea e o artesanato contribuirá para moldar o estilo masculino da Hermès, combinando herança com um olhar confiante sobre o presente”, afirmou Pierre-Alexis Dumas, diretor artístico geral da maison.

Para a própria designer, o convite é um gesto de continuidade e respeito.

“Sinto-me profundamente honrada por seguir os passos de uma linhagem de artesãos e designers consagrados. É um sonho tornar-me parte desta casa mágica”, disse Grace Wales Bonner em comunicado.

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O legado da moda masculina na Hermès

A Hermès iniciou suas coleções masculinas ainda na primeira metade do século XX, mas foi com Véronique Nichanian, em 1988, que o homem Hermès ganhou um rosto definido: o da elegância silenciosa.

Enquanto outras maisons buscavam impacto e visibilidade, Nichanian construiu um luxo sem logotipos, sem pressa e sem ruído, em que o corte, o toque do couro e o som do tecido diziam mais do que qualquer tendência.

Sob sua direção, a linha masculina tornou-se uma das colunas de crescimento da marca: só no primeiro semestre de 2025, o ready-to-wear e os acessórios masculinos cresceram 5,5%, somando 2,26 bilhões de euros.

A Hermès transformou a ideia de moda masculina em algo mais profundo — um estado de espírito que alia discrição, conforto e precisão.

A reação do mercado: surpresa, admiração e expectatvia

O anúncio foi recebido com surpresa respeitosa dentro do setor.

Muitos insiders esperavam uma nomeação interna, fiel ao perfil tradicional da maison. No entanto, a aposta em Grace Wales Bonner foi interpretada como um gesto de inteligência e renovação silenciosa — um movimento que preserva o DNA da Hermès, mas abre espaço para novas narrativas culturais e artísticas.

No mercado financeiro, a decisão foi vista como estratégica: com o crescimento contínuo do segmento masculino de luxo e a valorização de marcas com authentic storytelling, a chegada de Wales Bonner deve ampliar a penetração da Hermès junto às novas gerações de consumidores sofisticados, especialmente na Ásia e nos Estados Unidos.

Simbologia histórica

A ascensão de Grace Wales Bonner ao cargo de diretora criativa da linha masculina da Hermès é um dos movimentos mais significativos e simbólicos da história recente do luxo. Aos 35 anos, ela se torna a primeira mulher negra a liderar o design de uma das mais tradicionais maisons europeias, quebrando um histórico teto de vidro.

Sua nomeação sinaliza uma busca por um luxo com profundidade: Bonner é aclamada por fundir a alfaiataria clássica europeia com as ricas narrativas da diáspora africana, conferindo à roupa um sentido de história, intelecto e significado cultural.

Estrategicamente, a escolha de Wales Bonner reflete a visão da Hermès de evoluir sem sucumbir a tendências passageiras. Ao suceder Véronique Nichanian, Bonner tem a missão de injetar uma elegância mais fluida, inclusiva e culturalmente engajada no menswear, mantendo o foco inegociável da Casa no artesanato e na qualidade dos materiais.

Essa aposta ousada valida a tese de que autenticidade e representatividade são, hoje, os pilares essenciais para que o luxo permaneça atemporal, relevante e desejável para as novas gerações de consumidores globais.

A nomeação de Grace Wales Bonner não é apenas uma mudança criativa — é um sinal do espírito do tempo.

O luxo, que durante décadas falou com exclusividade, agora dialoga com sensibilidade.

A Hermès entende que o verdadeiro poder está em preservar a herança e, ao mesmo tempo, permitir que ela respire novos mundos.

Grace não vem para reinventar a Hermès — vem para refinar o silêncio que a marca sempre soube vestir.

Um luxo que não se exibe: se revela.

E é nesse ponto exato que o luxo se torna arte.

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