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Atores da Broadway ameaçam greve e ampliam tensão na indústria do entretenimento
Publicado 04/10/2025 • 13:28 | Atualizado há 7 horas
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Publicado 04/10/2025 • 13:28 | Atualizado há 7 horas
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A ameaça de greve dos atores da Broadway marca mais um capítulo em uma série de tensões trabalhistas que vêm remodelando o mercado do entretenimento nos Estados Unidos desde 2023. O anúncio da votação feito pelo sindicato Actors’ Equity Association vai além da possibilidade de paralisação dos espetáculos teatrais em Nova York.
O movimento sinaliza uma crise estrutural que envolve mudanças profundas no modelo de financiamento da cultura, no valor atribuído ao trabalho artístico e no papel das grandes produtoras em um contexto de reestruturação econômica e tecnológica.
A mobilização dos atores da Broadway ocorre meses após as greves históricas dos roteiristas (WGA) e atores (SAG-AFTRA) de Hollywood. Ambos os sindicatos paralisaram os estúdios em 2023 por mais de 100 dias, exigindo melhores condições diante da crescente adoção de inteligência artificial, mudanças no modelo de remuneração e contratos mais transparentes com as plataformas de streaming.
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O eco da mobilização sindical chegou ao teatro, onde o impacto da pandemia ainda é sentido de forma direta — com salas que não recuperaram plenamente os níveis de público anteriores a 2020.
A diferença, agora, é que o alvo das negociações não são os grandes conglomerados de mídia, como Disney ou Netflix, mas sim os produtores e gestores do teatro americano. A Broadway League, que representa empresários e donos de casas de espetáculos, discute com o sindicato Actors’ Equity Association pautas que envolvem reajustes salariais, jornada de trabalho, benefícios sindicais e segurança para profissionais técnicos e artísticos.
Mais do que um centro de entretenimento, a Broadway é um pilar econômico e cultural de Nova York. Em 2022, segundo dados da Broadway League, os espetáculos movimentaram mais de US$ 1,6 bilhão em bilheteria, atraindo mais de 12 milhões de espectadores.
Esse fluxo alimenta diretamente setores como turismo, transporte, alimentação e hotelaria. Uma paralisação, portanto, não afeta apenas os palcos — atinge em cheio a economia urbana e o planejamento de milhares de postos de trabalho indiretos.
Historicamente, greves na Broadway são raras, mas impactantes. A última grande paralisação ocorreu em 2007, quando funcionários técnicos interromperam as atividades por 19 dias, causando prejuízos estimados em US$ 40 milhões. Em 2003, uma greve de músicos interrompeu a temporada por quase uma semana. Esses episódios expuseram a fragilidade da cadeia produtiva do teatro, que depende da sincronia entre múltiplas categorias.
A mobilização atual reflete uma insatisfação crescente entre trabalhadores da cultura nos Estados Unidos. Apesar da recuperação parcial pós-pandemia, muitos artistas relatam salários defasados, contratos instáveis e pouca previsibilidade. Diferentemente de setores como o audiovisual, o teatro ao vivo oferece pouca margem de redistribuição de lucros via plataformas ou licenciamento — o que torna as negociações sindicais mais sensíveis e urgentes.
Além disso, o custo de vida em Nova York pressiona os artistas, que, mesmo empregados, enfrentam dificuldades para se manter com os salários atuais. A Actors’ Equity afirma que grande parte de seus representados vive com rendimentos abaixo da média nacional, apesar de atuarem em produções milionárias.
A greve, nesse sentido, é também uma disputa simbólica: reivindica que o trabalho artístico seja reconhecido como profissão essencial, e não apenas como vocação.
Embora restrita ao circuito norte-americano, a mobilização da Broadway tem potencial global. O teatro nova-iorquino é exportador de conteúdo e linguagem estética, servindo como referência para produções teatrais em diversos países, inclusive no Brasil.
Turnês internacionais, licenciamentos e adaptações podem ser afetados em caso de paralisação prolongada. Além disso, o movimento fortalece a conscientização trabalhista entre artistas brasileiros, especialmente nos setores de dublagem, audiovisual e teatro musical.
Outro impacto direto ocorre na cobertura da mídia e na programação cultural de grandes veículos e plataformas. Em um cenário de greve, estreias são adiadas, eventos promocionais suspensos e contratos publicitários revistos — afetando também a indústria da comunicação, que depende da constante produção e divulgação de conteúdo de entretenimento.
Até o momento, os produtores da Broadway League não sinalizaram mudanças na proposta original. A votação dos sindicalizados, prevista para encerrar neste domingo (6), poderá autorizar o sindicato a deflagrar a greve caso os impasses persistam. O gesto representa pressão simbólica e legal — e, mesmo que a paralisação não seja imediata, reforça a posição dos trabalhadores nas mesas de negociação.
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