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Preços populares escancaram que o brasileiro ainda gosta de ir ao cinema

Publicado 07/09/2025 • 10:00 | Atualizado há 17 horas

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Fábrica de Mídia

Semanalmente, Michaele Gasparini destrincha um dos principais temas da indústria de mídia na semana. Nada passa despercebido ao olhar da colunista: tudo o que movimenta o mercado e rende milhões de dólares em publicidade nas emissoras de televisão e nas plataformas de streaming estará aqui.

Sala de cinema

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Os resultados preliminares da segunda Semana no Cinema não deixam margem para dúvidas: o brasileiro ainda gosta das telonas — mas não gosta de pagar caro por isso. Com a diminuição dos preços dos ingressos para R$ 10 nas principais redes exibidoras do país, a bilheteria praticamente triplicou em apenas uma semana. Enquanto 766 mil pessoas foram ao cinema entre os dias 21 e 24 de agosto, com a precificação normal, 2,26 milhões saíram de casa entre os dias 28 e 31, durante a vigência da promoção, de acordo com dados da Comscore.

Filmes para todos os gostos se destacaram durante o final de semana promocional. Quarteto Fantástico – Primeiros Passos, em cartaz até então há 6 semanas, levou 420 mil pessoas ao cinema, arrecadando R$ 4,31 milhões em ingressos. Em seguida vieram a animação Os Caras Malvados 2, com 273.960 espectadores e R$ 2,84 milhões de bilheteria, e o terror A Hora do Mal (217.690 pessoas, que representam R$ 2,24 milhões em bilheteria).

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O impacto da iniciativa é indiscutível. Indicadores do IBGE apontam que mais de 60% da população vive com apenas até um salário-mínimo. Se considerarmos que as famílias brasileiras têm, em média, três pessoas, e que uma sessão simples, sem grandes luxos e em 2D, custa em torno de R$ 40 por ingresso inteiro, qual é a possibilidade de que essas pessoas consigam frequentar as salas com regularidade? Nessa conta, vale dizer, sequer estão incluídos os valores gastos em bombonieres, que representam a maior parte dos lucros das exibidoras não só no Brasil, mas em todo o mundo.

Criada em setembro de 2022, a Semana do Cinema tem alcançado bons resultados desde a sua primeira edição. Os 2,2 milhões de brasileiros que foram ao cinema entre os dias 28 e 31 de agosto representam, em comparação simples, praticamente a mesma média anual de visitas ao Cristo Redentor, um dos maiores cartões-postais do país. A campanha acabou se tornando uma espécie de programa social, aproximando uma parcela significativa da população de uma mídia que, por questões financeiras, é praticamente infrequente em situações normais.

Os números também abrem margem para uma discussão que tem preocupado executivos da indústria cinematográfica em todo o mundo: a dificuldade em recuperar os patamares pré-pandêmicos nas bilheterias globais. Por mais que o setor siga investindo em blockbusters e sequências de produções arrasa-quarteirão, o público já não corresponde como antes. Entramos no último trimestre do ano e, até aqui, apenas dois filmes superaram a barreira de US$ 1 bilhão em arrecadação. Em 2019, último ano antes da crise mundial da Covid-19, 9 das 10 maiores bilheterias ultrapassaram essa marca.

O boom de público justamente em uma semana de ingressos populares levanta uma questão: será que o problema não está nos roteiros e nas ideias dos grandes estúdios hollywoodianos, mas sim nos preços cada vez mais proibitivos praticados pelos exibidores? A iniciativa da Semana do Cinema não acontece apenas no Brasil — em Portugal, por exemplo, a campanha, batizada de Cinema em Festa, também registrou números recordes de bilheteria no país.

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