Corredor Bioceânico: essencial para o Brasil, fundamental para a China
Publicado 24/04/2025 • 21:30 | Atualizado há 18 horas
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Publicado 24/04/2025 • 21:30 | Atualizado há 18 horas
O Brasil espera inaugurar já no ano que vem um trecho da rodovia que liga os oceanos Atlântico e Pacífico. A estrada facilitaria muito o acesso entre as duas costas. O projeto representa uma grande vantagem pro comércio sul-americano e um benefício maior ainda pra China, que busca fortalecer laços comerciais com outros países além dos Estados Unidos. E isso ocorre justamente em meio a uma guerra comercial, onde a China tem a oportunidade de ultrapassar os adversários americanos como maior potência econômica do mundo.
A gente não consegue olhar o mundo em partes isoladas. Temos que olhar o todo. Isso tem nome, globalização, e não é de hoje. Essa obra parece faraônica, e hoje houve uma sinalização do governo brasileiro de que um trecho já pode começar a funcionar em 2026. E olha que o Brasil não é muito bom de colocar essas grandes obras aí em marcha num curto espaço de tempo. Mas eu não vou tirar presunção de inocência do Ministério do Planejamento que fez esse pronunciamento nesta quinta-feira (24). Vamos esperar.
A obra ligaria Santos até Antofagasta. Isso é um trecho que tem mais de 4.000 km. O projeto quando der certo, e estamos torcendo para que dê, sai de Santos, atravessa o Brasil, corta o Paraguai, atravessa o norte da Argentina e o estreito país do Chile. E bifurca em Antofagasta, que tem um porto muito importante, na parte norte do Chile.
Tem até aeroporto em Antofagasta, uma enorme concentração de minas de extração de importantes minerais, entre eles o cobre. Só lembrando que o Chile tem a maior reserva de cobre do mundo e é um metal essencial pra indústria. E tem também uma conexão em Iquique, já perto da fronteira com o Peru.
Estamos falando de uma estrada que de ponta a ponta tem cerca de 4.400 km. É fato que parte dessas conexões já existem, principalmente entre o Centro-Oeste brasileiro e até a Argentina. A Argentina, que faz fronteira com o Brasil, é a maior relação comercial que nós temos aqui na América do Sul. Mas esta grande obra vai ligar um dos países que nós não temos fronteira, o Chile.
Pelo menos parte do problema a gente tá resolvendo com essa enorme estrutura de infraestrutura. Nõs temos uma relação muito íntima com a Argentina, falando da indústria automobilística. Então, o Brasil vende pra Argentina US$ 17 bilhões anuais. Essa é a nossa barreira, é nossa balança comercial. A gente recebe da Argentina US$ 12 bilhões em produtos, principalmente veículos, caminhões, carros, petróleo bruto que a gente passa pra Argentina soja, veículos autopeças, a indústria automotiva. Somando, dá pouco perto de US$ 30 bilhões.
Já a nossa relação comercial com o Chile. a gente não faz fronteira, então essa balança não é tão grande. Mas o Chile tem um enorme potencial, tem a maior reserva de cobre do mundo, tem um enorme litoral virado pro Pacífico e além de um ponto estratégico, tem pescados, frutos do mar que nós não temos aqui no Atlântico.
A gente recebe do Chile mais do que paga. Exportamos na casa de US$ 8.7 bilhões, importamos US$ 4.4 bilhões, somando da metade do que é a balança comercial que nós temos com a Argentina. Isso mostra a enorme desvantagem ou esse "gap", essa diferença que a gente pode alcançar com essa nova e estrada quando ela tiver funcionando plenamente.
O que o Chile pode nos passar, já passa ou pode passar mais? Cobre refinado, como eu falei, peixe e filés destes pescados do Pacífico e molibdênio, que também é um metal importante para alguns setores da indústria. E nós poderíamos vender mais pro Chile, que precisa de petróleo, carne bovina, que nós temos de ótima qualidade, e caminhões de entrega e veículos pesados.
Mas a gente não consegue olhar para a o comércio internacional contemporâneo sem a gente olhar para o todo. E aí estamos acompanhando as semanas essa briga de gigantes entre Estados Unidos, China, assim como outras partes do mundo, procurando outros parceiros para depender menos dos Estados Unidos, respondendo a esse tarifaço de Donald Trump e achando outras alternativas para que esse comércio não seja assim tão super tarifado.
Aí temos a chamada rota da seda, uma grande aliança de infraestrutura, de logística de entrega capitaneada pra China, para que a China possa pegar recursos, depois distribuir os seus produtos e fazer a conexão desses entrepostos. Nós estamos entre América Latina e Caribe, 21 países, é bastante, mas muito menos do que tem a África, por exemplo. A África sub-saariana, a África Negra, a parte mais pobre do continente africano, já tem 44 países associados.
Essa chamada nova rota da seda, cujo coração tá na parte sudeste da China e que nesse grande projeto, o maior projeto de infraestrutura e de conexão logística da história da humanidade, põe todo mundo junto. Então essa estrada que sai de Santos e chega até o litoral do Chile coloca mais três ou quatro players importantes: Brasil, Paraguai, Argentina e Chile.
O Peru já saiu na frente dessa corrida. Como a nossa conexão com a Ásia é muito melhor pelo Pacífico, e essa estrada chamada de Bioceânica, dos dois oceanos, vai ser um ponto de conexão fundamental. Nós que somos a maior economia do Cone Sul e temos como nosso maior parceiro comercial na história recente a China. Está faltando muito pouco para essa conexão nos amarrar ainda mais com aquele que promete ser o grande país hegemônico do século.
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