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É possível ser um “Value Investor” sem copiar Warren Buffett?
Publicado 23/06/2025 • 13:14 | Atualizado há 17 horas
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CNBC
O value investing tradicional vem passando por momentos bastante difíceis - e não é de hoje. Desde antes da pandemia, executar a receita idealizada por Benjamin Graham e David Dodd tem produzido resultados bastante inferiores à média do mercado. Após a pandemia, o foco e a concentração de investimentos nas grandes empresas de tecnologia aprofundaram ainda mais essa situação.
A fórmula Graham-Dodd, que é seguida, com algumas variações, por Buffett e pelos value investors consagrados, é simples: após selecionar os ativos que podem ser alvo da estratégia, o investidor estima o seu valor fundamental (ou intrínseco), o que envolve uma análise minuciosa e detalhada de cada linha do balanço e do demonstrativo de resultados. Em geral, o value investor deve conhecer a empresa tanto quanto a própria liderança da companhia - se possível, até melhor.
Depois de determinar o valor intrínseco, a regra determina que o investidor somente invista caso a margem de segurança seja adequada, ou seja, se o preço de mercado do ativo for suficientemente inferior ao valor intrínseco estimado.
Simples e efetiva, esta receita funcionou por muito tempo. Hoje em dia, executá-la da mesma maneira é uma tarefa inglória. Em 2021, Charles de Vaulx, um value investor conhecido e renomado em Wall Street, se jogou do 10o. andar de seu escritório na Quinta Avenida após a liquidação de seu fundo. David Einhorn, da Greenlight Capital, uma das grandes vozes do value investing, declarou no ano passado que “os mercados estão estruturalmente disfuncionais, quebrados, e vejo a erosão perpétua de value como uma estratégia”.
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O mercado tem recompensado a busca por crescimento em detrimento da análise fundamentalista de valor. A dinâmica, que Einhorn crê estar quebrada, tem privilegiado o investidor passivo e os ETFs: quanto mais dinheiro se coloca nas empresas mais atrativas, mais seu preço de mercado se aprecia e mais capital é atraído em direção a elas, aumentando ainda mais seu preço. Qualquer análise fundamentalista de valor perde sentido, e qualquer múltiplo de lucro acaba sendo justificado pelo crescimento potencial que essas empresas apresentam.
O que torna essa dinâmica ainda mais forte é que o valor de mercado das companhias não sobe apenas no vácuo: as grandes empresas de tecnologia vêm entregando resultados cada vez melhores, e o investidor passa a ser bastante bem remunerado por seguir essa tendência.
Nesse contexto, o value investing tradicional está, de fato, em risco de extinção. Seguir Buffett literalmente, nos dias de hoje, é pedir para sofrer. Algumas vezes, nem a Berkshire Hathaway segue Buffett literalmente: em 2021, causou surpresa quando a empresa investiu US$ 500 milhões no Nubank. Há quatro anos o banco digital estava longe de ser o que é hoje e, apesar de apresentar características atraentes do ponto de vista de value investing, estava longe de se enquadrar no perfil tradicional. É muito estranho quando um ativo está, ao mesmo tempo, na carteira de Buffett e no portfólio de empresas disruptivas de Cathy Wood - a famosa gestora dos fundos ARK, conhecida por privilegiar investimentos inovadores e, muitas vezes, pouco lucrativos.
Os value investors dos tempos de hoje adaptaram a receita de bolo de Graham e Dodd. Os ativos intangíveis, que na avaliação tradicional não têm valor, são importantes. Os gastos com pesquisa e desenvolvimento, antigamente considerados despesas, precisam ser avaliados como investimentos e, de certa maneira, capitalizados no ativo das companhias. Afinal, todo esse gasto em IA é despesa ou CAPEX?
Certos ativos, que não pagam dividendos e em que há enorme dificuldade de se calcular valor intrínseco, como as criptomoedas, compõem atualmente a carteira de uma série de value investors.
Apesar de haver abordagens diferentes e variações sobre o tema, qualquer estratégia que se qualifique como value investing não pode perder de vista dois pontos centrais: a busca do valor fundamental dos ativos e o foco no longo prazo. Estes dois fatores precisam andar juntos, dado que o valor intrínseco não é reconhecido pelo mercado de um dia para o outro, mas com o tempo.
Muitas vezes o value investor vai parecer estar errado no curto prazo - e é bastante difícil estar e se manter “errado” na gestão ativa de value investing, especialmente quando é tão fácil estar “certo” comprando, passivamente, um ETF que segue as grandes empresas de tecnologia.
Buffett é reverenciado, e merece ser. O próximo Buffett, no entanto, não vai surgir se decidir somente copiá-lo.
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