CNBC Compre agora, abasteça ou adie: o que os americanos estão aproveitando ou evitando devido às tarifas?

VISÃO EMPREENDEDORA Colunas

O novo manual para startups no Brasil

Publicado 23/04/2025 • 12:32 | Atualizado há 2 dias

Camila Farani

Foto de Camila Farani

Camila Farani

Camila Farani é uma investidora, empreendedora e referência no ecossistema de inovação e startups no Brasil. Reconhecida como uma das principais "sharks" do programa Shark Tank Brasil, ela construiu sua trajetória no mundo dos negócios a partir do varejo, tornando-se especialista em investimentos-anjo e mentorando empresas com alto potencial de crescimento. Fundadora da G2 Capital e com mais de 20 prêmios na America Latina, Camila também é uma palestrante requisitada e voz influente em temas como empreendedorismo, inovação e liderança feminina. Seu trabalho tem impacto direto no desenvolvimento de novos negócios, ajudando empreendedores a escalarem suas startups e acessarem capital de maneira estratégica.

KEY POINTS

  • A cada ciclo econômico, o ecossistema de inovação brasileiro se vê diante de uma bifurcação: continuar seguindo padrões importados ou escrever suas próprias regras. Como investidora e mentora de centenas de fundadores, posso afirmar — a hora de ressignificar o que é “vencer” no Brasil chegou.
  • Saídas na faixa de R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão ainda são vistas como sucesso absoluto. E, para o fundador, muitas vezes são. Mas se a startup captou R$ 300 milhões em diversas rodadas, a diluição, as preferências e as cascatas tornam o retorno marginal para o investidor e frustrante para o ecossistema como um todo.
Startups.

Startups.

Pixabay.

A cada ciclo econômico, o ecossistema de inovação brasileiro se vê diante de uma bifurcação: continuar seguindo padrões importados ou escrever suas próprias regras. Como investidora e mentora de centenas de fundadores, posso afirmar — a hora de ressignificar o que é “vencer” no Brasil chegou.

As conversas com empreendedores nos últimos meses apontam para um conjunto claro de verdades desconfortáveis que precisamos encarar:

  • Uma saída de R$ 1 bilhão pode ser racional, mas não sustenta o ecossistema de VC a longo prazo;
  • O WhatsApp deixou de ser canal — é a camada operacional básica dos negócios no Brasil;
  • IPOs não são mitos: são números, e começam com mais de R$ 1,5 bilhão de receita;
  • O que funcionou até 2021 não serve mais em 2025.

Vamos destrinchar esses pontos com a lupa da realidade brasileira.

O teto de M&A é brasileiro — e limitado

Saídas na faixa de R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão ainda são vistas como sucesso absoluto. E, para o fundador, muitas vezes são. Mas, se a startup captou R$ 300 milhões em diversas rodadas, a diluição, as preferências e as cascatas tornam o retorno marginal para o investidor e frustrante para o ecossistema como um todo.

É matemática de portfólio: um fundo de R$ 1 bilhão precisa que ao menos uma startup gere de R$ 3 bilhões a R$ 5 bilhões em retorno. E isso só acontece com casos fora da curva — que não vendem cedo, que escalam irracionalmente e que resistem à tentação de liquidez precoce.

IPOs no Brasil: pragmatismo e preparo

Entre 2017 e 2021, vivemos um boom de listagens na B3. Em 2025, esse ciclo mudou. IPOs no Brasil e no exterior só devem ganhar tração a partir de 2027 — e apenas para empresas com tração real, margem bruta saudável e narrativa que encaixe em teses institucionais globais.

Quer atrair os maiores fundos de pensão, soberanos e hedge funds do mundo? Prepare-se para operar com mais de R$ 2 bilhões de receita anual, crescer com CAC positivo, apresentar margens Ebitda de dois dígitos e ter liderança clara de mercado.

Foi esse o playbook que levou o Nubank a abrir capital valendo mais de R$ 200 bilhões. E não se trata de sorte: é disciplina, timing e capacidade de navegar a volatilidade com visão de longo prazo.

Saindo da caverna do “modo sobrevivência”

A maioria das startups brasileiras reagiu bem à ressaca pós-2022. Cortes, breakeven, foco em unit economics. Mas 2025 não é mais sobre sobreviver. É sobre voltar a crescer com clareza.

Hoje, o custo de capital está menor do que nos últimos dois anos, mas ainda exige consistência. E há capital disponível — fundos como Monashees, Kaszek, MAYA, Upload Ventures e global players como General Atlantic e SoftBank continuam ativos, mas seletivos.

Segundo a ABVCAP, em 2024 o volume investido em venture capital no Brasil foi de R$ 11,2 bilhões, com expectativa de chegar a R$ 15 bilhões até o fim de 2025. No entanto, o número de rodadas caiu 22%, o que reforça: qualidade vs quantidade.

O WhatsApp é o sistema operacional do Brasil

Mais de 95% das PMEs no Brasil utilizam o WhatsApp como canal primário de relacionamento com o cliente. Plataformas que não se integram nativamente a ele simplesmente perdem espaço. Startups que tratam o WhatsApp como “mais um canal” estão jogando fora uma vantagem estrutural local.

Quer escalar no Brasil? Pense mobile-first, WhatsApp-centric e low-friction.

De 2025 a 2030: o ciclo da excelência disciplinada

O próximo ciclo do ecossistema brasileiro não será movido por hype. Ele será construído com:

  • Crescimento com propósito e eficiência;
  • Lideranças fundadoras que saibam captar, operar e comunicar;
  • Governança séria desde o dia 1;
  • Produtos com fit real e capacidade de escalar regionalmente.

Entre 2025 e 2030, veremos menos unicórnios anunciados e mais negócios sustentáveis construídos. Não será um ciclo de glamour. Será um ciclo de maturidade. E é nesse ambiente que as grandes histórias — as que atravessam gerações — são escritas.

---

📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:

🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais

🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562

🔷 ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube

🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, TCL Channels, Pluto TV, Soul TV, Zapping | Novos Streamings

MAIS EM Colunas