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Venda da Eletronuclear: Eletrobras busca economia; J&F aposta em demanda por IA

Publicado 15/10/2025 • 11:51 | Atualizado há 5 horas

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Rodrigo Loureiro

Rodrigo Loureiro é jornalista especializado em economia e negócios, com experiência nos principais veículos do Brasil e MBA pela FIA em parceria com a B3. Além de comandar esta coluna, é comentarista nos programas Agora e Real Time, nos quais analisa as principais movimentações do mercado.

De um lado, a economia. Do outro, a perspectiva de ganhos futuros.

Em fato relevante divulgado nesta quarta-feira (15), a Eletrobras anunciou a venda da totalidade de sua participação na Eletronuclear para a Âmbar Energia, subsidiária nuclear da J&F, controlada pelos irmãos Joesley e Wesley Batista.

O acordo prevê o pagamento de R$ 535 milhões, além da transferência das garantias de empréstimos e da integralização das debêntures da Eletronuclear, no total de R$ 2,4 bilhões.

Para contextualizar, debêntures são títulos de dívida emitidos por empresas para captar recursos no mercado. Assim, a Eletronuclear, sob administração da Eletrobras, captou recursos de investidores. Agora, o pagamento passa a ser responsabilidade da Âmbar Energia.

Para a Eletrobras, a operação representa uma oportunidade estratégica de desalavancagem, permitindo à companhia se livrar de um fardo financeiro futuro ligado a ativos de alto custo de manutenção e operação.

A venda também ajuda a otimizar a estrutura de capital, redirecionando recursos para investimentos estratégicos e fortalecendo a liquidez, abrindo espaço para novos projetos de crescimento.

Segundo o último balanço da companhia, divulgado ao fim do segundo trimestre, a Eletrobras reportou dívida líquida de R$ 40,1 bilhões, com alavancagem de 1,8x o Ebitda. Em 2024, a Eletronuclear gerou lucro de R$ 544,8 milhões, representando apenas uma fração dos R$ 10,4 bilhões do grupo no ano.

As ações da Eletrobras (ELET3 e ELET6) reagiram positivamente, abrindo o pregão com altas acima de 3%. A companhia, avaliada em R$ 123 bilhões, acumula valorização de quase 50% no ano e mais de 30% nos últimos 12 meses.

A J&F vê na aquisição da Eletronuclear uma forma de diversificar sua matriz energética. Embora já invista em outros tipos de energia, a operação marca a estreia da holding no mercado nuclear, envolvendo as usinas Angra 1, Angra 2 e o projeto Angra 3.

O setor de energia nuclear tem ganhado impulso com avanços em inteligência artificial e aumento da demanda energética. A Agência Internacional de Energia (AIE) projeta que os data centers dos EUA consumirã 130% mais energia até 2030, enquanto o Goldman Sachs estima crescimento de 165%.

Big techs como Meta, Amazon, Microsoft e Google já anunciaram investimentos ligados à energia nuclear. No Brasil, o potencial também é grande: hoje, o País concentra menos de 2% dos data centers globais, enquanto os EUA possuem mais de 40%. A J&F pretende aproveitar essa lacuna estratégica.


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