“Plano Safra é mais do mesmo com menos”, diz Tereza Cristina sobre alta de juros e crédito rural

A senadora pelo Progressistas de Mato Grosso do Sul e ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina, criticou os termos do Plano Safra 2024/2025, anunciado pelo governo federal nesta semana. Segundo ela, o volume de recursos divulgado é inferior ao do ciclo anterior, enquanto as taxas de juros seguem pressionadas pela elevação da Selic.

“O Plano Safra é mais do mesmo com menos do que o ano passado. Hoje, as projeções que ouvi apontam que ele é 17% menor do que o anterior”, afirmou a parlamentar durante entrevista ao Money Times Brasil, do Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC.

De acordo com a senadora, as taxas de juros estipuladas, variando entre 8,5% e 14% para a agricultura empresarial, não são ideais e dificultam o acesso ao crédito, especialmente para pequenos e médios produtores. Tereza Cristina explicou que a equalização de juros oferecida pelo governo é limitada frente às condições do mercado e que o financiamento deve migrar para linhas de crédito livres.

Para a ex-ministra, o cenário é agravado pela ausência de anúncio para o seguro rural, que teve corte de recursos neste ano e permanece indefinido para a próxima safra. Segundo ela, entidades do setor solicitaram R$ 4 bilhões, mas o Ministério da Agricultura só deve se manifestar em setembro. “O produtor precisa de segurança jurídica quando contrata a safra. Hoje, o setor está preocupado até se o seguro vigente será pago”, disse.

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Mercado internacional e tarifas

Durante a entrevista, Tereza Cristina também comentou a preocupação com a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado externo. A senadora apontou o risco de os Estados Unidos, concorrente direto do Brasil, estabelecerem acordos comerciais com a China, o que poderia afetar as exportações nacionais, especialmente de milho e soja.

Ela relatou que o Brasil já registra queda nas vendas de milho para a China este ano e que as exportações de soja devem ser monitoradas. Outro ponto de atenção, segundo a senadora, é a concorrência do etanol americano no mercado nordestino, em função das janelas de comercialização coincidentes.

IOF e participação política

A senadora também criticou a proposta do governo federal de taxação sobre LCAs e LCIs, destacando que a medida reduziria os recursos disponíveis para o crédito rural e imobiliário. Ela lembrou que o Progressistas mantém posição contrária a qualquer aumento de impostos, manifestada em carta aprovada pela bancada.

Questionada sobre a permanência do partido no governo, Tereza Cristina defendeu o desembarque da sigla. “Se nós somos contra o que o governo vem encaminhando, para que continuar com ministério?”, questionou.

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