Em janeiro, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, fez com que as ações de empresas de computação quântica caíssem quando disse que 15 anos seria um prazo “muito cedo” para se considerar o momento em que a tecnologia se tornaria útil. Na ocasião, ele afirmou que 20 anos seria o prazo que “muita gente acreditaria”.
Em seus comentários de abertura na quinta-feira (20), Huang fez comparações entre as empresas quânticas que ainda não geram receita e os primeiros dias da Nvidia. Ele disse que levou mais de 20 anos para a Nvidia construir seu negócio de software e hardware.
Huang também se surpreendeu com o impacto que suas palavras tiveram no mercado, e brincou dizendo que não sabia que algumas empresas de computação quântica eram listadas na bolsa.
“Como uma empresa de computação quântica pode ser pública?”, perguntou Huang.
O evento contou com painéis de representantes de 12 empresas e startups de computação quântica, representando uma espécie de trégua entre a Nvidia, que fabrica computadores tradicionais, e a indústria da computação quântica. Vários executivos de empresas quânticas rebateram as declarações de Huang.
Um terceiro painel incluiu representantes da Microsoft e da Amazon Web Services, que também estão investindo em tecnologia quântica e são alguns dos clientes mais importantes da Nvidia.
A Nvidia tem outra razão para abraçar a computação quântica. Como os computadores quânticos estão sendo desenvolvidos, grande parte da pesquisa sobre eles é feita por meio de simuladores em computadores poderosos, como os vendidos pela Nvidia.
Também é possível que um computador quântico precise de um computador tradicional para operá-lo. A Nvidia está trabalhando para fornecer tecnologia e software para integrar unidades de processamento gráfico (GPUs) e chips quânticos.
“Claro, a computação quântica tem o potencial e todas as nossas esperanças de que ela trará um impacto extraordinário”, disse Huang na quinta-feira. “Mas a tecnologia é insanamente complicada.”
A Nvidia anunciou esta semana que construirá um centro de pesquisa em Boston para permitir que empresas quânticas colaborem com pesquisadores da Universidade de Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). O centro incluirá vários racks dos servidores Blackwell AI da empresa.
A computação quântica é um sonho de físicos e matemáticos desde a década de 1980, quando o professor Richard Feynman, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, propôs pela primeira vez a ideia de um computador quântico.
Enquanto os computadores clássicos usam bits que são 0 ou 1, os bits dentro de um computador quântico — qubits — podem estar ligados ou desligados com base em probabilidade. Especialistas preveem que a tecnologia conseguirá resolver problemas com enormes quantidades de soluções possíveis, como decifrar códigos, roteirizar entregas ou simular química, ou clima.
Nenhum computador quântico ainda superou um computador tradicional na resolução de um problema real e útil. No entanto, o Google afirmou no final do ano passado ter descoberto uma forma de corrigir erros.
Uma das questões abordadas no painel foi se a computação quântica algum dia poderia ameaçar empresas como a Nvidia, que fabrica computadores baseados em transistores.
“Muito tempo, alguém me perguntou: ‘Então, para que serve a computação acelerada?’”, disse Huang no painel. Computação acelerada é uma expressão que ele usa para se referir aos tipos de computadores com GPU fabricados pela Nvidia.
“Eu disse, muito tempo atrás, porque eu estava errado, que isso ia substituir os computadores”, disse ele. “Isso vai ser como a computação será feita, e tudo, tudo vai ser melhor. E acabou que eu estava errado.”
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
